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A falta de chuva, que se tem sentido ainda mais em Espanha, está a reduzir os caudais do Tejo para níveis que quem conhece bem o rio nunca viu serem tão baixos.
Os dados oficiais confirmam que a água a chegar à primeira barragem do lado português diminuiu para menos de metade desde janeiro, em comparação com idêntico período de 2018 e 2017.
Francisco Pinto tem 52 anos e nasceu "praticamente no rio". É pescador e dono de um restaurante em Ortiga, mesmo ao lado do rio e da Barragem de Belver, em Mação. Conta à TSF que, em mais de 40 anos de rio, não se lembra de um mês como o último, em que o rio mais extenso da Península Ibérica tivesse um volume de água tão baixo.
"Se pegar numa canoa, a seguir à barragem vai remar, no máximo, 200 metros", explica Francisco que acrescenta: "A partir daí vai ter de puxar a canoa à mão enquanto anda pelas pedras".
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Idêntico cenário é descrito por Ricardo Vermelho, "nascido e criado no Tejo", pescador há mais de 30 anos, que não se lembra de ter visto o Tejo entre os concelhos de Mação e Gavião, até Abrantes e mais à frente Constância, com tão pouca água - nem no inverno, nem no outono, nem na primavera, nem no verão.
"Se isto continuar assim, com a pouca água e o calor, os poucos peixes que restam vão todos morrer", alerta Ricardo, que devido à poluição, já tinha estado parado, sem pescar, mais de dois anos. "Agora não há poluição, mas também não há água...", lamenta.
Francisco Pinto diz que a água, que já era pouca, desapareceu, ainda mais, no último mês e fala num rio que hoje parece uma ribeira, com troços "onde a água não chega aos calcanhares - é irrelevante... ".
Nos últimos meses Francisco Pinto já perdeu umas 15 noites à pesca e apanhou, ao todo, cinco lampreias, o petisco mais procurado em Ortiga: "Mesmo no ano passado, com a seca, não era a miséria que está a ser agora, pois são dias e dias, semanas e semanas com muito pouca água a passar na barragem de Belver".
O que se passa com o Tejo?
As contas feitas pela TSF com base nos dados no site da Agência Portuguesa do Ambiente confirmam que a água que chegou desde janeiro à Barragem do Fratel, a primeira do lado português, é menos de metade do que aconteceu nos mesmos meses de 2017 e 2018, anos que já tinham sido de pouca água.
Em resposta à TSF, o Ministério do Ambiente garante que os caudais mínimos assinados com Espanha estão a ser cumpridos. No entanto, confirma que, em 2019, o Tejo está a receber menos água que nos últimos anos, numa queda que se agravou imenso neste mês de março.
No país vizinho, as barragens do Tejo estão com menos água o que acaba por ajudar a explicar que Espanha esteja a libertar menos água.
Na resposta enviada pelo Governo, este indica que a albufeira de Alcântara, em Espanha, estava, em março de 2017 e 2018, com volumes de armazenamento muito superiores ao que atualmente se verifica (58%).
Um problema para os peixes, para os pescadores, mas também para a gastronomia e até o turismo na região, como sublinha Paulo Constantino que fala numa "situação bastante preocupante - o Tejo deixa de ser um rio e aquilo que é a fauna e a flora do rio acabam por sofrer com grandes prejuízos para toda a atividade associada".
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O Movimento pelo Tejo alerta que o rio está a ser explorado em Espanha apenas para explorações agrícolas e produção de energia elétrica, sendo que este ano as barragens espanholas têm tão pouca água que a estratégia tem sido reter o máximo possível, algo que se nota, ainda mais, do lado português.
Arlindo Marques, conhecido como o "guardião do Tejo" pela sua luta em defesa do rio, distinguido no ano passado com o Prémio Nacional do Ambiente, confessa que está muito preocupado.
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"Antes, de vez em quando, o Tejo também ia assim, mas agora é semanas com caudais muito reduzidos, diminutos... Não sei o que vai dar, mas está muito pouca água e, se não chover mais, tenho mesmo medo que seque... É terrível o que se está a passar", conclui.
Os dados oficiais confirmam que a água a chegar à primeira barragem do lado português diminuiu para menos de metade desde janeiro, em comparação com idêntico período de 2018 e 2017.
Francisco Pinto tem 52 anos e nasceu "praticamente no rio". É pescador e dono de um restaurante em Ortiga, mesmo ao lado do rio e da Barragem de Belver, em Mação. Conta à TSF que, em mais de 40 anos de rio, não se lembra de um mês como o último, em que o rio mais extenso da Península Ibérica tivesse um volume de água tão baixo.
"Se pegar numa canoa, a seguir à barragem vai remar, no máximo, 200 metros", explica Francisco que acrescenta: "A partir daí vai ter de puxar a canoa à mão enquanto anda pelas pedras".
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Idêntico cenário é descrito por Ricardo Vermelho, "nascido e criado no Tejo", pescador há mais de 30 anos, que não se lembra de ter visto o Tejo entre os concelhos de Mação e Gavião, até Abrantes e mais à frente Constância, com tão pouca água - nem no inverno, nem no outono, nem na primavera, nem no verão.
"Se isto continuar assim, com a pouca água e o calor, os poucos peixes que restam vão todos morrer", alerta Ricardo, que devido à poluição, já tinha estado parado, sem pescar, mais de dois anos. "Agora não há poluição, mas também não há água...", lamenta.
Francisco Pinto diz que a água, que já era pouca, desapareceu, ainda mais, no último mês e fala num rio que hoje parece uma ribeira, com troços "onde a água não chega aos calcanhares - é irrelevante... ".
Nos últimos meses Francisco Pinto já perdeu umas 15 noites à pesca e apanhou, ao todo, cinco lampreias, o petisco mais procurado em Ortiga: "Mesmo no ano passado, com a seca, não era a miséria que está a ser agora, pois são dias e dias, semanas e semanas com muito pouca água a passar na barragem de Belver".
O que se passa com o Tejo?
As contas feitas pela TSF com base nos dados no site da Agência Portuguesa do Ambiente confirmam que a água que chegou desde janeiro à Barragem do Fratel, a primeira do lado português, é menos de metade do que aconteceu nos mesmos meses de 2017 e 2018, anos que já tinham sido de pouca água.
Em resposta à TSF, o Ministério do Ambiente garante que os caudais mínimos assinados com Espanha estão a ser cumpridos. No entanto, confirma que, em 2019, o Tejo está a receber menos água que nos últimos anos, numa queda que se agravou imenso neste mês de março.
No país vizinho, as barragens do Tejo estão com menos água o que acaba por ajudar a explicar que Espanha esteja a libertar menos água.
Na resposta enviada pelo Governo, este indica que a albufeira de Alcântara, em Espanha, estava, em março de 2017 e 2018, com volumes de armazenamento muito superiores ao que atualmente se verifica (58%).
Em resumo, confirma o Ministério do Ambiente:
"Este ano os valores de precipitação na bacia portuguesa correspondem a menos de 50% do valor normal e na bacia espanhola a situação é mais gravosa do que aquela que se verificou em 2017 e 2018", pelo que "efetivamente os caudais lançados estas últimas semanas comparativamente aos anos de 2018 e 2019 são inferiores".
O Tejo arrisca-se a secar
O Movimento pelo Tejo (ProTEJO), que junta cidadãos e organizações da bacia do rio em Portugal, está preocupado e confirma que "há zonas onde o Tejo se atravessa com água pelo tornozelo".
"Este ano os valores de precipitação na bacia portuguesa correspondem a menos de 50% do valor normal e na bacia espanhola a situação é mais gravosa do que aquela que se verificou em 2017 e 2018", pelo que "efetivamente os caudais lançados estas últimas semanas comparativamente aos anos de 2018 e 2019 são inferiores".
O Tejo arrisca-se a secar
O Movimento pelo Tejo (ProTEJO), que junta cidadãos e organizações da bacia do rio em Portugal, está preocupado e confirma que "há zonas onde o Tejo se atravessa com água pelo tornozelo".
Um problema para os peixes, para os pescadores, mas também para a gastronomia e até o turismo na região, como sublinha Paulo Constantino que fala numa "situação bastante preocupante - o Tejo deixa de ser um rio e aquilo que é a fauna e a flora do rio acabam por sofrer com grandes prejuízos para toda a atividade associada".
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O Movimento pelo Tejo alerta que o rio está a ser explorado em Espanha apenas para explorações agrícolas e produção de energia elétrica, sendo que este ano as barragens espanholas têm tão pouca água que a estratégia tem sido reter o máximo possível, algo que se nota, ainda mais, do lado português.
Arlindo Marques, conhecido como o "guardião do Tejo" pela sua luta em defesa do rio, distinguido no ano passado com o Prémio Nacional do Ambiente, confessa que está muito preocupado.
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"Antes, de vez em quando, o Tejo também ia assim, mas agora é semanas com caudais muito reduzidos, diminutos... Não sei o que vai dar, mas está muito pouca água e, se não chover mais, tenho mesmo medo que seque... É terrível o que se está a passar", conclui.
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