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segunda-feira, 25 de março de 2019

TAILÂNDIA - A TERRA DO SORRISO SOL, SEDA E SEXO – Os três “s” que resumem os encantos da Tailândia nos catálogos de turismo são insuficientes para traduzir o caldeirão que é Bangcoc, ou a água verde-esmeralda da baía Maya.

SOL, SEDA E SEXO – Os três “s” que resumem os encantos da Tailândia nos catálogos de turismo são insuficientes para traduzir o caldeirão que é Bangcoc, ou a água verde-esmeralda da baía Maya.

A Tailândia é céu e inferno. Nos templos e palácios com budas de jade e ouro, a fé se impõe sobre a curiosidade. Até os turistas ateus silenciam. Nas ruas e nos mercados, é alucinante a profusão de cores, cheiros e temperos. Frutas vermelhas “do dragão” e “da cobra”, melancias de polpa amarela, e muitas outras desconhecidas de nós brasileiros, são cortadas com minúcia decorativa. E são vendidas como orquídeas raras por camelôs em ruas poluídas, ou nos salões impecáveis dos hotéis cinco estrelas.

As moças são de uma morenice provocante e amendoada, todas pequenas e delicadas. Quando são bem altas, é porque são homens. Assim é a Tailândia: o olho precisa estar atento constantemente para distinguir o falso do verdadeiro.

Negocia-se tudo, o tempo todo, e jamais se sabe o preço justo. No mercado noturno de Patpong, em Bangcoc, compram-se réplicas minúsculas de Buda em frente a clubes com o nome sugestivo de Pussy Collection. O clube oferece de portas abertas, moças de biquíni numerado em troca de pouco mais de 10 dólares. As garotas, seminuas, se contorcem em acrobacias sobre o palco e, por trás das cortinas, fazem a célebre “Thai massage”, uma espécie de shiatsu bem pouco inocente. Cabelos pretos escorridos, pele de porcelana, elas se desdobram para satisfazer as fantasias dos turistas alemães e ingleses. O gerente mostra documentos para provar que são todas maiores de 18 anos. E proíbe fotos.

A chegada a Bangcoc já é um sopro incendiário na alma: os 35 graus em março parecem mais de 40. O ar é húmido, como se entrássemos numa estufa tropical. Pode-se trocar parte do dinheiro no aeroporto mesmo (1 dólar é igual a cerca de 42 bahts). O trajeto até o centro da cidade denuncia alguns dos sérios problemas da capital tailandesa: a poluição, o crescimento desordenado e o trânsito caótico . Quem quiser alugar carro, desista, porque, além dos engarrafamentos, a mão é inglesa e os veículos têm volante do lado direito.

Difícil conversar com o motorista de táxi. Ele finge que entende inglês e chega mesmo a disfarçar bem. Até que você faz uma pergunta tipo “nos últimos dias tem chovido ou feito solʔ”, e a resposta é: “Yes”, seguida como sempre de muitos risos, o trejeito oriental que pontua qualquer conversa. Quase não se fala inglês, só a língua deles mesmo, que é suave e musical, e que foi criada em 1283 com base nos alfabetos indianos do sânscrito e pali. Quando eles arriscam o inglês, o “r” é substituído pelo “I”, right vira light, e várias sílabas são engolidas. Pedir orientação na rua é um risco, mesmo com mímica. Portanto, mapas detalhados à mão, um razoável senso de direção e um planejamento prévio ajudam o turista a não se perder nas brumas de Bangcoc.

Faz tempo que a Tailândia é sinônimo de magia. No idioma talandês, Bangcoc é uma palavra de 152 letras:

Krungthepmahanakhonamornratanakosinmahintarayutthayamahadilo
kpopnoparatanarajthaniburriromudomrajniwesmahasatarnamornpi
marnavatarsatitsakattiyavisanukamprasit.

Que significa “Cidade dos anjos, grande cidade dos imortais, magnífica cidade do deus Indra, sede do rei de Ayutthaya, cidade dos templos brilhantes, cidade dos esplêndidos palácios e domínios do rei, casa do Vishnu e de todos os deuses”.

Em 1923, o escritor inglês Somerset Maugham delirou duplamente em Bangcoc: primeiro, com o esplendor dos templos e, no dia seguinte, com a febre da malária, que havia contraído na selva. Curou-se e escreveu seu único livro de viagens, The Gentleman in the parlour, cuja primeira impressão de Bangcoc continua atual: “poeira e calor e ar esbranquiçado e mais poeira”. Diante dos templos tailandeses a sensação que relatou também foi a mesma que me invadiu. O ouro, o brilho, as cores fortes, contra um céu absurdamente azul, aquilo tudo não é arte nos padrões que aprendemos no Ocidente. São detalhes mil vezes superpostos que brincam com a fantasia, desafiam a estética. Os artistas, os escultores desses templos que abrigam Budas de oro, esmeralda e jade, “não conheciam reticências nem se preocupavam com o bom gosto”.

Para ir a Tailândia, há quem escolha o turismo seguro das excursões em grupo com guias poliglotas e horários marcados. É uma opção menos apaixonante. Milhares de estrangeiros preferem descobrir o país por si mesmo, e não é tão difícil, porque a população é amável. O principal é saber que, chegando à Tailândia, 12 horas à frente do Brasil, é um desperdício limitar-se a conhecer Bangcoc ou então passar batido pela capital em direção às ilhas ao sul, como fazem tantos alemães. Deve-se evitar a temporada das chuvas, de junho a outubro. Mas o calor é constante. A temperatura média em Bangcoc jamais cai abaixo de 31 graus! Vestidos de algodão fino ou calças de tecido mole, camisetas, sandálias baixas, ténis, chapéu, filtros solares, uma garrafa de água mineral sempre à mão, prudência ao comer, diante de tantas pimentas e iguarias, e muita paciência e sabedoria para negociar preços são requisitos essenciais para que uma viagem deixe apenas lembranças agradáveis.

Uma dica importante: pegue o Skytrain, o metro aéreo de Bangcoc, para evitar o caos dos engarrafamentos e as extorsões de alguns motoristas de táxi, que simplesmente desligam o taxímetro e pedem o dobro, o triplo do que custa uma viagem normal. Cuidado também quando eles cobram previamente barato demais – é porque vão querer mudar o trajeto e fazer uma parada em lojas de seda ou joias, onde ganham como comissão um tanque de gasolina. Alguns turistas ficam com medo de usar o transporte público, mas o Skytrain é nota 10. Limpíssimo, moderno, com ar-condicionado, eficiente, barato, fácil de usar. Quem está na bilheteira entende inglês, troca suas notas por moedas, e rapidamente você aprende a usar as máquinas e a dominar a cidade.

O preço da passagem depende da distância, varia de 10 bahts a 40 bahts normalmente. O Skytrain funciona até meia – noite. Cobre só uma parte de Bangcoc, mas o melhor é associar o Skytrain ao transporte de barcos pelo rio Chao Phraya, onde ficam os templos e vários hotéis. Um tipo de transporte urbano típico e irresistível é o tuk-tuk, um carrinho aberto, com três rodas, e que faz maluquices no trânsito. É engraçado especialmente à noite, quando não há engarrafamentos e o calor é menor. O vento bate no rosto, o passageiro tem que se segurar para não voar, e a sensação é, de estar num parque de diversões. Quando o tuk-tuk freia, luzes de várias cores acendem na cara da gente, por trás da poltrona do motorista, um arco-íris kitsch.



































Experiências inesquecíveis em Bangcoc são: as visitas aos templos, um jantar em barco típico no rio Chao Phraya, a massagem tailandesa nos pés (com uma hora de duração), um show de dança tradicional com moças e travestis e os mercados. Desses, dois são paradas obrigatórias. Patpong, à noite, onde as barraquinhas de suvenires na rua lotada se misturam às discotecas e clubes de sexo ao vivo com variações muito criativas; e aos sábados, Chatuchak, o mercado popular dos tailandeses, uma festa familiar de rua, coloridíssima, onde se compra tudo muito mais barato do que em qualquer loja. Ele fica aberto das 7hs às 18 horas. Vá de Skytrain.






O apelo ao consumo na Tailândia é tão forte que se deve fazer um esforço para resistir. Fuja dos shoppings do centro de Bangcoc, moderníssimos e sofisticados, onde os preços são altos e os produtos, menos autênticos.

Para as mulheres, é melhor comprar as sedas e não os vestidos prontos. As echarpes são maravilhosas e os preços variam muito de acordo com a qualidade da seda. Dois tipos de artesanato, Celadon (cor de jade e trabalhado em pátina) e Bencharong (cinco cores), são os mais populares entre os turistas.

Ao passar pela Tailândia não deixe de conhecer as cerimónias e os rituais religiosos. Espalhados pelas ruas, em esquinas sujas, toda hora a gente se depara com altares elaboradíssimos, com oferendas, figuras sagradas, flores... Há mais de 50 festivais por ano, que tratam de tudo; orquídeas, rosas, culinária, e até de kites (pipas) coloridíssima (conta a lenda que algumas delas, feitas de bambu e chamadas ngao kites, vibram para aguentar mais espíritos). O Ano Novo (Songkran) cai no dia 13 ou 14 de abril. Leva-se areia aos templos. Acredita-se que traga saúde e prosperidade. As mudanças de estação também são pretexto para cerimónias. São comuns as boas ações em dias de festa.











Os tailandeses oferecem comida aos monges em casa, libertam pássaros engaiolados, homenageiam os ancestrais. Salpica-se água em todo mundo. Velas, flores e orações acompanham as festas. O wai é a mais típica saudação tailandesa, as mãos se unem como numa prece e curva-se o corpo, mas tudo levemente, sem movimentos bruscos nem exagerados. É uma reverência coloquial, em sinal de respeito – no avião da Thai Airlines, as aeromoças já nos cumprimentam assim.

Dentro da Tailândia, que se estende por 1.600 quilómetros de norte a sul, há férias para todos os estilos. Pode-se escolher um roteiro de aventura, indo para o interior, ou o norte, se quiser conhecer os mestres dos elefantes, caminhar em trilhas, ir a aldeias perdidas no tempo e na névoa. Ou então rumar para o sul, para as ilhas, das quais a mais concorrida é Phuket.
















A fama mudou muito sua paisagem: a praia principal, Patong foi totalmente tomada por barracas e bares, e encheu-se de fachadas com néon. Os safáris no interior da ilha devem ser ignorados: dá até pena ver o estado dos velhos elefantes. A quantidade de turistas e os letreiros em alemão e inglês fazem você esquecer que está na Ásia. Ao há grandes novidades para um brasileiro acostumado a nosso litoral, a não ser as excursões às ilhas. Não caia em armadilhas de excursões em barcos enormes, que servem refeições sofríveis e não permitem mergulhos nos pontos mais desejados, como a praia de Leonardo di Caprio, que fica nas ilhas Phi Phi, perto de Phuket. É imprescindível informar-se antes onde será possível mergulhar.

As melhores excursões são com lanchas para grupos minúsculos ou só para você e sua família. Há voos diretos de Bangcoc. Tudo em Krabi é mais selecionado: hotéis, praias, passeios e restaurantes. Ah, além de sol, seda e sexo, há um quarto “s” que também sintetiza muito bem a Tailândia. O país é conhecido como Terra dos Sorrisos. Muita gente sofre um choque cultural na chegada, mas acaba enfeitiçado. Uma semana depois, começa a sorrir igual aos orientais. De tudo e por nada. 
















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