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sexta-feira, 29 de março de 2019

É PRECISO ACABAR COM ESTES BOATES, ANALISAR A QUE SERVEM - Carrinha branca: o boato que levou a ataques contra ciganos em França




Carrinha branca: o boato que levou a ataques contra ciganos em França

Uma carrinha branca circula pela região parisiense. Dizem que rapta mulheres e crianças e que é conduzida por ciganos. Este é o boato que circula pelas redes sociais francesas. Desmentido inúmeras vezes pela polícia, levou já a várias agressões

Apesar do boato da carrinha que rapta mulheres e crianças, para prostituição forçada ou para tráfico de órgãos, ter sido desmentido por todas as entidades responsáveis pela segurança, ele continua a circular. Nem as advertências policiais de que há multas pesadas para quem partilhe boatos parecem conseguir fazer parar o fenómeno.
E este boato teve já consequências graves: houve vários ataques e ameaças a ciganos. Na madrugada da passada terça-feira, a polícia francesa deteve cerca de vinte pessoas em Seine-Saint-Denis por agressões relacionadas com este caso. Também em Clichy-sous-Bois registaram-se vários episódios de violência causados por pessoas armadas com bastões, tacos de basebol e lançando pedras e desencadeando incêndios. Em Aulnay et Sevran, há três dias, houve outra tentativa de agressão a um casal que foi impedida por intervenção policial. A 16 de março um grupo atacou uma carrinha estacionada em Colombes e feriu os seus dois ocupantes.
Estes são apenas alguns dos exemplos destas agressões que têm vindo a ser filmadas e, também elas, partilhadas nas redes sociais. Contam com milhares de visualizações e juntam-se-lhes apelos à violência e racismo declarado. Tentando parar a divulgação do boato, a polícia de Paris comunicou oficialmente que “os rumores sobre o rapto de crianças numa carrinha são completamente infundados. Não há registo de nenhum rapto. Não partilhem esta informação falsa, não incitem à violência.” E a de Versailles decidiu recordar o valor das multas para partilhar boatos: entre 45 mil e 135 mil euros.
O coletivo “A voz dos Rroms” fala de “fake news racistas” e lembra que “estes estereótipos dos ciganos raptores de crianças em França remontam à Idade Média”. O SOS Racismo francês exige uma “reação vigorosa” por parte dos poderes públicos, empresas de redes sociais e meios de comunicação social considerando que há “verdadeiras caças ao homem” em curso.
O boato da carrinha não é novo. As cores dela variam. Apesar da carrinha branca ser a versão favorita. E algumas das fotos das novas “ocorrências” são até recicladas. Nas redes sociais podem-se encontrar referências a este boato desde, pelo menos, 2012. São cíclicos e sempre casos nunca confirmados. Bélgica, Alemanha e França foram alguns dos países visitados pelo boato durante este tempo. Mas a escala do que se está a passar neste momento em França é inédita, alertam as autoridades.
A carrinha branca em Portugal
O boato da carrinha branca sequestradora também tem circulado em Portugal. A imprensa local apresenta-nos casos que remontam a 2013 mas que existem de uma forma mais insistente nos últimos dois anos. Nesse ano teriam sido dois homens e uma mulher que andariam na carrinha a raptar crianças na zona de Torres Novas e Entroncamento para depois venderem os seus órgãos a uma clínica da região. A PSP desmentiu.
O jornal regional, Semanário V, de Braga, referia, em Novembro do ano passado, a divulgação na zona do "mito urbano" da carrinha branca que tinha raptado, nesta versão, quatro crianças em Vila Verde. Fazia também referência a outros casos como o de Tomar, onde, no início de 2017, uma carrinha branca, desta vez conduzida por marroquinos, teria tentado raptar uma jovem. A PSP local também desmentiu o caso.
E o jornal Mirante, em outubro de 2018, noticiava iigualmente a divulgação de uma notícia falsa na região de Santarém por parte de um perfil no twitter com o nome Joana que se queixava de ter sido perseguida, desta vez por uma carrinha cinzenta, “cheia de marroquinos”. O que era afinal um embuste, como o comando distrital da PSP deixou claro.
Até ao momento, não se conhecem casos de agressões motivados pelo boato como aqueles que estão a acontecer em França.

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