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sexta-feira, 22 de março de 2019

Estava o Reino Unido a pagar aos Capacetes Brancos para produzirem a “Arma Química” Síria como cobertura para Jaish Al Islam?



Estava o Reino Unido a pagar aos Capacetes Brancos para produzirem a “Arma Química” Síria como cobertura para Jaish Al Islam?



Ainda a questão do uso de armas químicas na Síria. A Organização para a Proibição de Armas Químicas produziu 2 relatórios sobre o “incidente” em Douma. Não são conclusivos e suscitam muitas dúvidas. Mas os media ocidentais agarram-se a eles com a mesma obstinação com que falsificaram e continuam a falsificar razões que justifiquem o prosseguimento da agressão. Para conhecer a verdade, basta ouvir a voz do martirizado povo sírio.




Enquanto ferve a controvérsia sobre os alegados “ataques com armas químicas” de Abril de 2018 em Douma, que assinalaram o fim da ocupação do Jaish Al Islam, a vida na cidade síria regressa gradualmente à paz e à estabilidade.


O relatório provisório e o relatório final da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPCW) lançou a confusão na comunidade dos media ocidentais. Já a terem que se esforçar para salvar a face depois de a OPCW ter em Julho de 2018 concluído pelo “não sarin”, estão agora a tentar converter um relatório inconclusivo da OPCW numa afirmação definitiva sobre o uso de cloro, a fim de reafirmar sua decadente supremacia narrativa.

Uma narrativa sobre “armas químicas” que tem efectivamente sustentado a criminalização do governo sírio e portanto a continuada agressão ilegal, directa ou por intermédio de interpostos Takfiri, da coligação dos EUA contra a Síria.
“Razoável fundamento ​​de que aconteceu o uso de um produto químico tóxico como arma” é transformado em “a OPCW confirma o uso de gás cloro usado no ataque a Douma pelo governo sírio” pelos revisionistas dos rançosos media estatais através das suas câmaras de eco mediáticas.

Uma retratação pela garantia anterior por parte dos media ocidentais de que fora usado Sarin está, presumivelmente acima das suas capacidades. Um pedido de desculpas ao povo sírio por facilitar o bombardeamento ilegal do território sírio por uma voraz aliança FUKUS não está claramente dentro das suas competências morais.

Deixando de lado as evidências quase inatacáveis ​​de que os Capacetes Brancos financiados por Estados membros da NATO encenaram as agora notórias cenas hospitalares que foram distribuídas universalmente pelos meios de comunicação alinhados da NATO e a inacreditável ideia de que um cilindro amarelo podia ser lançado de um helicóptero através do tecto de um apartamento e, em seguida, saltar do chão e cair em cima de uma cama não danificada, o que está a ser amplamente ignorado pelo Ocidente e pela OPCW é o contexto do ataque.

Quem estava no comando em Douma? 
Como tinha tratado os civis, levando ao ataque? 
Até que ponto deveremos confiar no duvidoso testemunho de organizações que colaboram com o regime extremista que governou Douma com um cacete de ferro?

Quando começamos a examinar essas e outras perguntas, podemos começar a compreender até que ponto o relatório da OPCW omitiu tomar em conta as condições no terreno e a relevância delas para compreender o suposto ataque em 7 de Abril de 2018.
Voltei a Douma em 9 de Março de 2019. 
Havia-a visitado uma semana depois do suposto “ataque químico” em Abril de 2018 e entrevistei pessoal do hospital que já me tinham informado de que as cenas hospitalares dos Capacetes Brancos tinham sido encenadas.

Revisitei uma Douma transbordando de vida e mercados transbordando de frutas, verduras, carne e até peixe - algo que não estava disponível para os civis comuns quando Douma era ocupada por um dos grupos armados mais extremistas e sectários da Síria, Jaish Al Islam. (JAI).

Um dono de uma banca descreveu a vida sob o JAI. “O mais importante era a fome, as pessoas estavam esfomeadas, não havia comida, bebida, remédios, assistência médica, as pessoas passavam fome”.
Outro vendedor de vegetais disse-me: “Graças a Deus agora as coisas melhoraram como pode ver, tudo está a funcionar e estamos felizes, tudo é muito bom, graças a Deus. 

A situação era muito má, não nos sentiríamos seguros de sentar-nos aqui da forma como estamos sentados agora. Agora, graças a Deus, é seguro, vamos a Damasco, compramos os nossos produtos e voltamos para cá.”

Uma análise completa do que aconteceu em Douma em Abril de 2018 requer história e contexto, incluindo o massacre de Adra em Dezembro de 2013. Nessa altura, Adra Al Balad (Cidade de Adra) e Adra Al-Ummaliyyeh (zona industrial de Adra) foram atacados pelo Jaish Al Islam. e a Frente Nusra.
Segundo depoimentos de testemunhas seguiu-se um banho de sangue que mal foi referido pelos media ocidentais. Um funcionário do Ministério da Informação sírio disse-me recentemente que sobre esse massacre hediondo apenas uma notícia foi publicada na época por algum meio de comunicação dominante.

Foram executados trabalhadores numa padaria e os seus corpos foram incinerados nos fornos de pão. Muitos dos civis - predominantemente alauitas - foram executados e as suas cabeças cortadas foram suspensas de árvores, segundo relatos de sobreviventes. Muitos foram sequestrados e transportados para a prisão de Tawba em Douma (prisão do Arrependimento), onde foram encarcerados nos cinco anos seguintes.

Esses civis foram submetidos a terríveis torturas e humilhações durante esse período. As crianças foram forçadas a cavar os labirínticos túneis que serpenteavam no subsolo, conectando os edifícios do complexo prisional.

Em Janeiro de 2019 tive a oportunidade de entrevistar três sobreviventes da prisão de Tawba. O seu testemunho dá um sentido particular ao ataque químico de Abril de 2018. Concentrei-me em duas das entrevistas desse artigo:
Hassan Al-Othman foi sequestrado em Adra Al-Ummaliyyeh em 11 de Dezembro de 2013 e foi mantido numa cela de prisão na área pela JAI e a Frente Nusra. Ele foi sistematicamente torturado durante um mês antes de ser transferido para trabalhar num edifício para onde a JAI traria civis para execução.
Al-Othman disse-me:
“Eles (JAI) costumavam levar-me até ao edifício às 11 da noite e diziam-me: ‘tens que retirar os corpos’. Costumava levar corpos até as 5 da manhã e colocá-los no balde do bulldozer. Retirávamo-los e começávamos a enterrá-los às 9 ou 10 da manhã, continuei a fazer esse trabalho durante dois meses e meio ou três, enterrando corpos ”.

Al-Othman disse-me que a JAI assumiu o controlo da esquadra de polícia na área. Um dia trouxeram civis para a esquadra e executaram-nos com uma espada. Ordenaram a Al-Othman que enterrasse os corpos decapitados.
Após cinco meses a suportar o tratamento desumano dos gangues JAI e Frente Nusra, Al-Othman foi levado para a Cadeia Tawba em Douma. Aí foi detido em confinamento solitário por três anos, espancado todos os dias e pendurado na parede pelos pulsos por longos períodos de tempo.

Três anos depois, Al Othman teve permissão para ter acesso a uma “cela comunal”, onde ficou acompanhado por outro prisioneiro. A campanha de tortura continuou sempre que a JAI decidia que Al-Othman havia violado as suas “regras”. Quando Al-Othman se recusou a convencer o seu próprio irmão, ex-presidente da Câmara Municipal de Adra, a “arrepender-se” e juntar-se aos grupos armados, a tortura intensificou-se.

Al-Othman descreveu os últimos momentos antes da libertação pelo Exército Árabe Sírio como aterrorizantes. Tinha ouvido combatentes JAI discutir um plano para fazer explodir a prisão e culpar o EAS. O complexo da Cadeia de Tawba compreendia cerca de doze edifícios, todos abrigando centenas, se não milhares, de vítimas sequestradas.

O massacre que começou em Adra em Dezembro de 2013 teria terminado com a morte de todos os sobreviventes na prisão de Tawba se o EAS não pressionasse a JAI a fugir da área e deixar muitos prisioneiros vivos ou levar outros com eles para Idlib como parte do acordo de reconciliação patrocinado pela Rússia.

Al-Othman disse-me: “Se o exército sírio não os tivesse apertado, eles não nos teriam libertado […] Eles queriam enviar-nos para o Idlib. Quando chegamos ao posto de controlo do Exército Árabe Sírio em al-Mukhayyam, entreguei-me ao Exército.”

Al-Othman explicou que o EAS o acolheu e o tratou bem. Também me disse que muitos dos combatentes da JAI eram estrangeiros da Jordânia, Somália e Arábia Saudita, entre outros países.

Pedia frequentemente desculpa por “balbuciar”, por falar tanto, mas havia sofrido terríveis torturas e abusos durante muitos anos, não esperava voltar a casa e precisava agora de falar sobre a sua experiência.

Al-Othman descreveu também as outras prisões estabelecidas pela JAI. A prisão de Al Batoun (prisão de betão), também chamada Al-Khandaq (prisão de trincheiras), foi outro local onde prisioneiros foram torturados e interrogados. As mulheres eram presas separadas dos homens - as suas prisões eram conhecidas como a 16ª e a 28ª prisão.

Quando interroguei a Al-Othman acerca do papel desempenhado pelos Capacetes Brancos em Douma, ele ficou ainda mais animado. Disse-me que muitas vezes os via receber grandes quantias em dólares - “notas novas em pacotes lacrados” - e, segundo Al-Othman, o dinheiro era a sua única motivação.
Disse:
“No que diz respeito aos Capacetes Brancos, eles são parte dos terroristas, e são eles os responsáveis ​​pelos enganos sobre os crimes que os terroristas estão cometendo […] o Ocidente é muito iludido por eles, eles são terroristas e Takfiris […] quando viam um civil ferido, os Capacetes Brancos acabavam com ele […] por exemplo, ele ainda estaria vivo, e então eles matavam-no, ou estaria a sufocar e eles acabavam com ele, eram assim os Capacetes Brancos”.

Outro sobrevivente da prisão de Tawba falou comigo em Adra Al Balad. Sequestrado em 14 de Dezembro de 2013, Yasser Ali Al-Hweish ficou detido durante um ano em Al Batoun, onde foi interrogado e torturado diariamente antes de ser transferido para a Prisão de Tawba.
Al-Hweish disse-me que os prisioneiros eram regularmente usados ​​para encenar alegados ataques do EAS. Os Capacetes Brancos levavam-nos para o exterior faziam-nos actuar como se fosse um ataque, eram filmados e depois levados de volta para dentro da prisão.

Hweish também afirmou que eles eram levados para o exterior e era-lhes ordenado resgatar corpos de debaixo dos escombros, os Capacetes Brancos filmavam-nos e filmavam-se a si próprios assumindo os louros do resgate.
Disse ele: “Por exemplo, se alguém estivesse morto sob os escombros, nós cavaríamos e tirávamo-lo, e depois de terminarmos, eles (Capacetes Brancos) filmavam-se como se fossem eles que tivessem feito o trabalho, mas no final éramos nós que o fazíamos, não eles ”.
Al-Hweish acredita que os Capacetes Brancos estavam “subordinados” à JAI e eram responsáveis ​​pelas campanhas de relações públicas e de media para garantir mais apoio financeiro ao grupo terrorista. 

Esta alegação torna-se mais plausível pelo facto de o Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido ter financiado as relações públicas para a JAI através de uma consultoria internacional de comunicações chamada Incostrat.

O FCO do Reino Unido e as agências de inteligência estiveram também envolvidas na criação dos Capacetes Brancos em 2013 e no seu continuado financiamento através do mesmo Fundo de Estabilidade e Segurança de Conflitos que desviou dinheiro para o Incostrat. Portanto, não é um grande salto de lógica fazer a conexão entre o FCO do Reino Unido, os Capacetes Brancos e a campanha de RP para a JAI para branquear a sua reputação assassina e extremista na Síria.

Vale a pena notar que estes testemunhos não eram isolados. Entrevistei muitos civis do leste de Ghouta após a libertação tanto em Ghouta como nos campos de deslocados internos nos subúrbios de Damasco. 
A maioria deles ecoou muito do que Hweish e Al-Othman me disseram sobre os Capacetes Brancos e a sua colaboração com os grupos extremistas armados.
O JAI tinha a reputação de ser um dos grupos armados mais selvagens e bárbaros da região. Tinham uma história de ataques químicos suspeitos contra a comunidade curda em Sheikh Maqsoud, Alepo, em Abril de 2016.

JAI havia aprisionado vítimas de sequestro de Alawite em gaiolas de metal e usava-as como escudos humanos para impedir campanhas militares do EAS ou bombardeamentos aéreos. 

Dos milhares de vítimas de sequestro retiradas de Adra ou de outras áreas de Ghouta Oriental, apenas cerca de 200 emergiram vivos quando a JAI finalmente evacuou para Idlib os seus combatentes nos autocarros verdes.
Explorei o complexo da Prisão de Tawba, foi uma experiência angustiante. 
Fui acompanhado por soldados do EAS para minha própria segurança, pois ainda há um alto risco de células terroristas dormentes em Douma. Um jovem soldado estava a entrar na prisão pela primeira vez. Ficou chocado quando nos deparamos com os comoventes grafitis nas paredes das celas e os espaços enjaulados ao ar livre onde os prisioneiros recebiam curtos períodos de céu e ar fresco, vistos através das grades de uma gaiola de ferro.

Estava a fotografar as mensagens rabiscadas, murmurando em voz baixa “haram, haram” “vergonha, vergonha”.

Muitas vezes vimos que os prisioneiros registavam o número de dias que passavam na prisão, mas a maioria das mensagens eram gritos pessoais por descanso e alívio, tristeza por estarem separados dos entes queridos. Desespero e esperança expressos em poesia e verso.

Uma mensagem foi-me traduzida: “Deus, por favor ajuda Maya e cura-a. Deus, não temos ninguém além de ti para nos ajudar. A minha filha está muito doente e eu não suporto ver o seu sofrimento. 
Por favor ajuda-nos.”
O produtor da BBC, Riam Dalati, que recentemente tuitou que as cenas hospitalares “ataque químico” de Douma eram também falsas, aludiu igualmente ao “bruto e manhoso” médico filiado na JAI, Dr. Abu Bakr Hanan, que estava a filmar a encenação mediática .

Dalati confirmou ainda que JAI governou o distrito com um “pulso de ferro”. Dalati havia acusado também anteriormente activistas partidários da JAI de re-arrumar corpos de crianças numa mais atractiva cena de abraço do que quando o suposto ataque efectivamente ocorrera. Todos esses elementos devem certamente devem conduzir a interrogações sobre o papel que o JAI desempenhou na possível encenação do “ataque químico” de Douma e, de facto, até que ponto ataques anteriores semelhantes foram encenados ou manipulados.

O professor Piers Robinson, do Grupo de Trabalho sobre Síria, Media e Propaganda, disse-me:
“O relatório final da FFM para a OPCW não consegue estabelecer claramente a causa da morte dos civis mortos filmados e fotografados por ‘activistas dos media’ no terreno; não explica a libertação de cloro dos cilindros amarelos encontrados nos dois locais e apresenta um cenário altamente improvável, se não impossível, em relação ao cilindro encontrado no local 
4. 
O relatório é anónimo, cita “peritos” anónimos e fornece pouca clareza em relação às fontes de informação em que assenta. Também parece desqualificar e ignorar Hassan Diab, que foi filmado a ser derramada água sobre ele numa cena do hospital e testemunhou que essas cenas foram encenadas. Este relatório da FFM, ainda mais do que os anteriores, desacredita a OPCW como fonte de investigação imparcial e enfraquece-a como instituição internacional ”.

De facto, o relatório final da FFM levanta mais questões do que respostas. As vítimas de sequestro desaparecidas que não foram libertadas durante as etapas finais da negociação antes da libertação de Douma ainda não foram contabilizadas. Os corpos das supostas vítimas dos “ataques químicos” não foram exumados ou identificados, tanto quanto sabemos.

A JAI era uma organização tirânica que rotineiramente executava, abusava, torturava e assassinava civis nas áreas que ocupava na Síria. É bem possível que a JAI tenha usado prisioneiros para realizar um “ataque químico” para atrasar a inevitável vitória do EAS em Douma.

É também possível que os Capacetes Brancos estivessem cumprindo sua função de relações públicas e de media para a JAI ao encenar as cenas do hospital como parte de uma tentativa de comprar tempo e simpatia internacional para a Jai. Até que todas estas teorias alternativas sejam plenamente exploradas, o caso do “ataque químico” de Douma deve permanecer aberto e deve ser condenada a pressa e o desejo dos media ocidentais de assentar em seu torno a linha de defesa de uma narrativa cada vez mais tremida.

Fonte: https://www.zerohedge.com/news/2019-03-19/was-uk-paying-white-helmets-produce-syria-chemical-weapon-pr-cover-jaish-al-islam
www.odiario.info

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