As palavras de Francisco Assis, eurodeputado do PS, não condizem com a realidade: a maioria não está paralisada e eleições antecipadas não são a solução, defende a líder do Bloco de Esquerda
Nem tudo foram rosas no último ano na relação entre o Bloco de Esquerda e o PS, houve até “alguns momentos delicados”, mas não há motivos para António Costa convocar eleições antecipadas. Seria um “tremendo erro”, avisa Catarina Martins, líder do BE, esta terça-feira, na segunda parte da entrevista ao “Público”. As palavras de Francisco Assis, eurodeputado do PS, não condizem com a realidade: a maioria não está paralisada e eleições antecipadas não são a solução, frisa Catarina Martins.
Os quatro anos de legislatura para o Governo, pelo que depender do BE, são para cumprir. Primeiro, porque há pontos do acordo das esquerdas ainda por cumprir; segundo, porque o BE tem ainda outros temas em carteira em que gostaria de fazer alterações. “Queremos muito voltar a ter novos escalões em IRS, queremos muito que os serviços públicos tenham condições para funcionar, queremos muito reativar a contratação coletiva. Há tanto por fazer ainda”, diz a líder dos bloquistas.
“Nós avançámos muito rapidamente nalgumas matérias do acordo – noutras estamos a avançar mais lentamente. E estamos a abrir negociações em matérias novas. Matérias que no princípio nem chegámos a abordar. São temas complicados, mas se houver vontade do PS e do Governo pode haver margem para alterações que vão ao encontro da expectativa de esquerda sobre a mudança política e que são compagináveis com os parâmetros do próprio PS”, explica.
BE DISPONÍVEL PARA FAZER ACORDOS COM PCP, VERDES E PS NAS AUTÁRQUICAS
Outubro será um dos meses decisivos de 2017. Com muitos dos partidos já a anunciarem os seus candidatos para as eleições autárquicas, Catarina Martins assume que o BE poderá fazer acordos nas câmaras em que chegue a acordos de governação municipal com base em conteúdos programáticos. Mas não com todos os partidos: de fora ficam PSD e CDS.
O objetivo do BE nas eleições deste ano é aumentar a representação do partido “no poder autárquico, aumentar o número de eleitas e eleitos”. Confrontada com o cenário de Fernando Medina não alcançar a maioria absoluta em Lisboa e pedir ajuda ao BE, a líder do Bloco avisa que o seu partido “não passa cheques em branco”, mas estará disponível para negociar.
“O que decidimos na Convenção é que o BE, se tiver a força necessária para isso, terá capacidade de negociar a sua participação em executivos, mediante programas políticos concretos sobre questões tão importantes como a participação democrática, o combate à corrupção, o direito à habitação, o direito à cidade, à mobilidade, aos serviços públicos. Portanto, com base nesse programa o BE estará aberto. Fazemos uma exceção: o BE nunca negociará com PSD e CDS, com a direita”, esclarece.
MARIANA MORTÁGUA SERÁ MINISTRA DAS FINANÇAS...
Francisco Louçã, em entrevista ao Expresso há algumas semanas, profetizou que Mariana Mortágua ainda virá a ser ministra das Finanças num futuro Governo – e lançou muitos elogios a Catarina Martins.
Para a líder do Bloco, esse cenário não é totalmente irrealista. “O Bloco de Esquerda tem como objetivo ser Governo”, não esconde Catarina. Tudo dependerá da percentagem de votos conseguida pelo partido nas próximas eleições e do programa de políticas que poderia ser traçado em conjunto com o PS. Não se trata só de uma questão de “aritmética” e alcançar a meta dos “20%” do eleitorado traçado por Louçã, frisa.
Caso o BE chegasse a Governo, Catarina Martins diz ainda que as pastas que mais interesse teriam para o partido seriam as das Finanças e do Trabalho.
expresso.sapo.pt
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