O número de pedidos de ajuda à Deco subiu de 29.056 em 2015 para 29.530 em 2016
No ano passado, o Gabinete de Apoio ao Sobre-endividado da Associação para a Defesa do Consumidor recebeu os pedidos de ajuda de 29.530 famílias, um acréscimo de 474 por comparação com 2015. Foi mesmo o pior dos últimos dez anos, à luz dos dados da Deco.
Revelou-se “precária” a “situação das famílias” que, no ano passado, recorreram ao Gabinete de Apoio ao Sobre-endividado (GAS) da Deco. As palavras são de Natália Nunes, responsável por esta estrutura da Associação para a Defesa do Consumidor.Em 2016, a taxa de esforço para suportar os créditos foi, em média, de 67 por cento. Em 2015 foi de 72 por cento.
“Em regra, cada família tem cinco créditos distribuídos pelo crédito à habitação, os dois créditos pessoais e dois cartões de crédito. Estamos a falar, aqui, de valores muito significativos”, assinalou a especialista ouvida pela Antena 1 .
Natália Nunes traçou à rádio pública o perfil de quem pede ajuda à Defesa do Consumidor: “Estamos a falar de pessoas que têm, em regra, o Ensino Secundário, 18 por cento já têm o Ensino Superior, e famílias compostas por três elementos, em que existe um menor a cargo e em que os pais têm idades entre os 35 e os 45 anos”.
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Estas famílias vivem, em média, com dois salários mínimos, que perfazem 1070 euros.
“Setecentos e dezasseis euros são absorvidos pelo crédito. Significa que, no final do mês, em regra, falta dinheiro. Aquilo que é recomendável é que cerca de 35 por cento do seu rendimento pode ser absorvido por crédito”, explicou ainda Natália Nunes.
Mais dívidas no pós-troika
O número de pedidos de ajuda ainda recuou para 29 mil em 2014, face a 29.214 em 2013. Desde então acentuou-se a tendência de agravamento. E o ano passado registou mesmo o maior número nos arquivos da Defesa do Consumidor.
À Lusa a responsável pelo GAS sublinhou que “a expectativa de que o crescimento económico melhorava a situação financeira das famílias não se verificou” e tão-pouco ocorreu “uma redução das famílias a pedir ajuda, muito pelo contrário, verificou-se um ligeiro aumento”.
A degradação do quadro financeiro das famílias é tal que a Deco não é capaz de “ajudar a maioria”. Dos quase 30 mil pedidos de ajuda que recebeu, a associação deu apoio a apenas 2715: mais três processos do que em 2015 e menos 53 do que no ano anterior.
Por outro lado, disse Natália Nunes à Antena 1, a melhoria dos dados do desempego não está também a corresponder ao alívio do garrote nas contas dos portugueses em apuros. Porque o regresso ao trabalho acontece em condições menos favoráveis.
“É verdade que existem pessoas que estão a conseguir voltar ao mercado de trabalho, mas estão a fazê-lo numa situação muito precária, com contratos de trabalho a termo e com vencimentos na ordem dos salário mínimo nacional”, notou.
A maior fatia dos pedidos de auxílio tem origem em Lisboa e Vale do Tejo (43 por cento), Porto e norte (31 por cento) e na região centro (155). Alentejo e Algarve representam, respetivamente, cinco e quatro por cento.
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