O impasse provocado pela crise da institucionalidade burguesa aponta para duas hipóteses que não interessam aos trabalhadores e aos setores populares. O processo de impeachment em curso ou levará o governo petista de centro-direita a fazer mais concessões ao capital ou a um novo governo de direita, do próprio capital. Ambos promoverão os ajustes e cortes de direitos exigidos pelo chamado mercado . As diferenças podem ser no tempo, na forma e na intensidade.
Em qualquer dessas hipóteses, há riscos também em relação às liberdades democráticas conquistadas. Se é verdade que a oposição de direita tende a ser mais arbitrária, a presidente Dilma acaba de sancionar a famigerada lei antiterrorismo , que criminaliza as lutas populares, às vésperas das manifestações em defesa do seu governo.
Consideramos que não está em jogo a democracia burguesa, em verdade uma forma da ditadura das classes dominantes. Portanto, a rigor, não estamos diante de um golpe, instrumento que a direita se utiliza para derrubar governos de esquerda, à margem da lei. Trata-se de uma acirrada disputa no campo das contradições interburguesas, que são resolvidas com manobras institucionais dentro dos marcos do que chamam estado democrático de direito.
Diante da iminência deste quadro desfavorável, cabe aos trabalhadores criar a sua própria alternativa para lutar pelos seus direitos e se organizar para a construção de um projeto político para sua emancipação. Estão nessa luta e nessa organização nossas únicas possibilidades de enfrentar com êxito a ofensiva do capital.
Assim sendo, saudamos a convocação, por parte da Frente Povo Sem Medo , de manifestações dos movimentos populares em que, para o PCB, se destaca a consigna A SAÍDA É PELA ESQUERDA.
Diferentemente das manifestações do último 18 de março – cujo objetivo principal foi defender Lula, Dilma e os governos petistas de conciliação de classe – e apesar da heterogeneidade da frente que as convoca, o PCB identifica neste chamado a uma saída pela esquerda e na participação de diversas organizações populares independentes, com orientação socialista, um campo político que abre possibilidades de diálogo entre forças anticapitalistas para a construção de uma frente de luta.
Portanto, o PCB conclama seus militantes e amigos a se somarem a essas manifestações dos movimentos populares, levando para as ruas as bandeiras da Unidade Classista, da UJC e dos coletivos de lutas específicas.
Comissão Política Nacional
21 de março de 2016.
www.odiario.info
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