O Asa
O Asa ainda com a trela de soldado raso
Num dos seus momentos de frenesim presidencial que têm sido estas primeiras semanas de Presidente da República, lembrando um pouco um puto irrequieto que recebeu o brinquedo mais desejado, Marcelo disse que; à semelhança de Obama e dos seus antecessores gostaria de ter um cachorro presidencial. Em poucas horas o diligente secretário de Estado da Defesa encontrou uma cadela parideira na Força Aérea. A prenda foi entregue de forma tão célere que o mancebo da Força Aérea se apresentou ao Presidente em pelota, não houve tempo para a direcção do fardamento encontrar farda adequada a tão ilustre recruta.
Mas o Asinha não vai ser como o Bo ou o seu antecessor Barney, uma elite de cachorros presidenciais, com direito a pagina especial no site da Casa Branca. Seguindo as boas tradições lusas o Asinha vai ser educado como deve ser, num colégio interno e com professores militares. Na falta de uma instituição do tipo de Pupilos do Exército de quatro patas, o cachorro será educado por militares da GNR. É certo e sabido que vai saber comportar-se como deve ser, comer com faca e garfo, estar em sentido quando deve estar e, entretanto, cresce longe dos tapetes de Arraiolos de Belém, o que os poupará a muita mijadela.
O problema é que há por aí quem não compreenda que um cão presidência tuga não poderia ter ar de parvo como o Barney, ou parecer-se a um pirilampo mágico como o Bo. Os cães devem ser parecidos aos donos, neste caso o presidencial bicho deve ser de uma raça reconhecidamente inteligente, dedicado, disciplinado e saber morder com a mesma eficácia com que Marcelo o está fazendo ao traste de Massamá.
Ternura pesidencial
Mas como em Portugal ninguém fica contente já há quem se indigne porque em vez de uma raça tuga Marcelo ficou com uma raça que faz lembrara o ministro das Finanças da senhora Merkel. Podia ter escolhido um Rafeiro do Alentejo, um Podengo português, ou, se preferisse um cão sem linhagem, até poderia ter adoptado um qualquer rafeiro de Massamá. Mas não, Marcelo decidiu desiludir, e escolheu um Pastor Alemão e já o estamos vendo a analisar as contas do Estado com o Asa a seu lado, rosnando como se estivesse armado em Wolfgang Schäuble.
Depois dos criadores de raças manifestarem a sua indignação não se admirem que a seguir sejam os pedagogos a questionar se nos dias de hoje a educação militarista ainda deve ser considerada um exemplo de virtudes. Não me admiraria nada que aparecesse alguma funcionária da Segurança Social e “apreendesse” o Asa, adoptar um cão num dia e mandá-lo para um internato no dia seguinte não é coisa que se faça. Ainda por cima, aquilo por Belém começa a ficar confuso, alguns dirão mesmo que é uma família disfuncional, Marcelo vive fora de casa, tem mulher mas não conta para a Presidência e agora tem um cão que vai para um internato e que nos dias da visita à família será levado a Belém por um soldado da GNR, para se poder socializar com o dono.
jumento.blogspot.pt
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