Parece que a estratégia de arrogantemente afastar os municípios e as populações da gestão da água começa a sofrer pesadas derrotas.
A Administração da Águas de Portugal e o anterior Governo PSD/CDS julgaram que era possível fazer uma reestruturação do sector através da imposição aos municípios de uma solução que não contou com a sua contribuição, que os afastava da gestão dos sistemas, que promovia a solidariedade regional na factura da água, desresponsabilizando o Estado das suas obrigações nesta matéria, encaminhando progressivamente o sector para a privatização, sob a máscara de concessões, sub-concessões e outsourcing.
A visão criadora de mega sistemas multimunicipais de abastecimento de água e saneamento de águas residuais, impostos através da extinção de sistemas anteriormente existentes e com uma forte ligação às realidades territoriais, provou não ser sustentável política e socialmente e, mesmo no plano económico, bem podia o demissionário Presidente da Águas de Portugal demonstrar que antes da reestruturação do sector, já todos os indicadores da AdP melhoravam, em especial, fruto da recuperação financeira dos municípios.
Esta demissão e o compromisso assumido pelo Governo PS de reverter esta reestruturação constituem uma vitória de todos os municípios que, pelo país fora, resistiram a este caminho, uma vitória também dos municípios da Península de Setúbal que unanimemente rejeitaram e contestaram (incluindo por via judicial) o processo que levou à extinção da SIMARSUL e à criação da Águas de Lisboa e Vale do Tejo.
Importa agora saber quando é que a Região voltará a ter um sistema público gerido com a participação real e efectiva dos municípios em representação dos interesses e direito das respectivas populações, um sistema de saneamento «em alta» de águas residuais, sustentável económica, social e ambientalmente que continue a promover a melhoria das condições ambientais da Península de Setúbal, esperemos que não demore muito
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