Cerca de três centenas de produtores de leite e carne estão a marchar pelas ruas de Braga numa "ação de sensibilização", exigindo a "volta do sistema de quotas" na produção e apelando à população que consuma produto nacional.
Em declarações à Lusa, no início da concentração, o dirigente da Associação Nacional de Produtores de Leite e de Carne Jorge Lobato alertou para o risco de "muita gente" fechar as suas explorações caso não sejam tomadas medidas para "salvar" a produção nacional.
Os produtores daqueles reclamam contra os preços baixos que atualmente lhes estão pagar, afirmando mesmo que estão a vender abaixo do custo de produção.
"A necessidade que temos é a de regulamentação da produção, a volta do sistema de quotas, ou outro sistema parecido com esse, mas que garanta o direito de produzirmos", afirmou Jorge Lobato.
O dirigente deixou um apelo às autoridades para que atuem no sentido de defender as explorações portuguesas.
"Tendo em conta o estado em que a produção está e os preços que são praticados, vai ser necessário que tanto a União Europeia como o Estado português tomem algumas medidas no sentido de salvar a nossa produção e de permitir que os produtores não continuem a acumular prejuízo", disse.
Segundo aquele dirigente, "se não houver (...) alterações no preço, até ao fim do ano muita gente vai fechar" a atividade.
Lobato deixou ainda um pedido aos consumidores, mas também às grandes superfícies "para que tenham sentido nacional e para que tenham iniciativa no sentido de trabalhar com a produção nacional".
Outra questão apontada pelos produtores é a da fiscalização dos laticínios importados.
"Apelo às entidades para que façam uma fiscalização em relação à qualidade do produto, mas também ao preço praticado nos hipermercados porque há os que conseguem vender o leite a preço mais baixo do que aquele a que nos compram", explicou.
Os preços "baixos" a que conseguem vender o leite é mesmo a preocupação mais apontada pelos produtores.
"Neste momento estou a vender com prejuízo. Pagam-me a 25 cêntimos o litro de leite e, pelas minhas contas, cada litro que produzo fica-me a 33 cêntimos", explicou à Lusa António Valente.
Os produtores apontam ainda o aumento dos custos de produção que não foi acompanhado pelo aumento do preço de venda.
Exemplificou que "estão a oferecer 30 euros" por um vitelo que, disse, "deviam pagar a 200 euros".
Além dos postos de trabalho em risco, o alerta é feito também sobre a qualidade de produtos regionais e típicos portugueses.
"O queijo da Serra deve ser feito com o leite das ovelhas com cornos [raça bordalesa]. Agora, os produtores do queijo deixaram de comprar o leite aos pastores da serra e compram leite importado que é de outras ovelhas. Não faz o mesmo queijo, mas é vendido como queijo da Serra", alertou António Machado, pastor e produtor daquele queijo.
A "marcha" de Braga segue em direção à 49.ª Agro, feira dedicada à agricultura e pecuária, onde os agricultores irão continuar reunidos para um seminário que contará com a presença do ministro da Agricultura, Capoulas Santos.
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