As tracking-polls são a novidade desta campanha, sobretudo pela sua amplificação através das parcerias entre televisões, rádios e jornais, acrescentadas pela sua repercussão nas redes sociais. Os responsáveis das empresas que as realizam multiplicaram-se em explicações sobre as suas limitações, metodologia, particularidades da amostra, margens de erro, tentando refrear os exageros de alguns anúncios de resultados feitos pelos pivôs das televisões e por títulos de rádios e jornais.
Ora, as tracking-polls, como outras formas de auscultação da opinião pública, constituem um dos “pratos” fortes das notícias, além de serem também importantes fontes de informação para as estratégias partidárias. Os partidos não as comentam em público, antes as desvalorizam com a frase-feita – “valem o que valem”.
Convém contudo não menosprezar o valor facial das sondagens, em particular dastracking-polls. É que, o importante não é, como dizem os responsáveis, ver a evolução das intenções de voto, embora elas possam fornecer esse elemento. O importante é a influência que exercem sobre as percepções dos cidadãos, cujo interesse se resume a saber quem vai à frente e quem vai atrás.
Se conjugarmos esta “corrida de cavalos” diária com uma cobertura jornalística baseada em arruadas e comícios, feita de picardias, ataques e demagogia temos uma campanha muito pouco esclarecedora.
As tracking-polls favorecem a manipulação fácil dos eleitores porque, em geral, estes não se interessam por conhecer a amostra ou outros detalhes técnicos e não compreendem situações como a que se verificou na primeira tracking-poll da TVI, em que cerca de 7 pontos de diferença entre a coligação e o PS foi depois explicada pelo responsável da própria sondagem como um “empate técnico”, num debate sobre sondagens noutro canal (a RTP Informação).
As televisões e os jornais que encomendam essas sondagens e por elas pagam elevado preço estão interessados em rentabilizá-las e por isso as exploram empolando os seus resultados. Não estão interessados em sublinhar as limitações dos números que vão obtendo. Sacrificam o rigor da informação favorecendo a rentabilização do investimento que fizeram.
Não deixa, porém, de ser chocante perceber que em algumas dessas tracking-polls a amostra é muito limitada porque aumentá-la teria custos muito elevados. Isto é, manipula-se a opinião pública com sondagens cuja fiabilidade é próxima do zero.
vaievem.wordpress.com
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