A afirmação de Pedro Passos Coelho de que não voltaremos ao«regabofe» é hoje saudada em editorial do Público como constituindo um incontornável «apelo à lucidez e ao realismo»porque «viver como Portugal viveu, quase um quarto de século, consumindo com o crédito dez por cento acima do que produzia».
É óbvio, e outros têm escrito assim, que escrever «Portugal» é o mesmo que escrever «os portugueses» e assim entramos convenientemente no domínio de uma difusa culpa colectiva que tem a suprema vantagem para alguns de não explicar exactamente onde houve regabofe e que governos e partidos o patrocinaram, autorizaram e incentivaram.
Esta gente que escreve assim não pode deixar de saber, ao longo dos 25 anos de que fala, qual foi sendo o salário médio dos portugueses ou os níveis salariais dos portugueses ou ignorar que, por exemplo, da década de 80, devia haver para aí 2 milhões de portugueses com a pensão mínima que o tão difamado e amaldiçoado gonçalvismo criou.
É claro que podíamos, podemos e devemos falar de regabofe. Mas daquele que muitos não querem falar. Só lhes digo que , se eu tivesse paciência para ir reler as quatro centenas de crónicas que escrevi no Avante! e no Semanário, ai colheria tantos exemplos então criticados de regabofe que este «post» ficaria para a pequena história como o mais longo da blogosfera.
De qualquer forma, só em género de pobres flashs instântaneos de memória, quero lembrar todo o inominável escândalo das privatizações em descarado assalto e lesão do erário e interesse públicos, dos milhões e milhões destinados à formação profissional e de como eles entraram nos cofres de tantas grandes empresas (uma vez até dois bancos receberam 2 milhões de contos para formação profissional), de bancos continuadamente a pagar taxas de IRC que são metade da taxa de IRS paga por um remediado trabalhador, da compra de F-16 e de submarinos, dos 600 mil contos oferecidos pelo governo para a construção da sede da CAP, da construção de 10-estádios de futebiol-10-, das consultadorias externas para os amigalhaços do poder da hora, and so on, so on, so on, até cansar ou talvez vomitar.
Para o caso de alguém estar esquecido de quem esteve no governo durante os tais 25 anos de que fala o Público, é só ir aqui à Wikipédia e clicar em cada um destes links.
Sem comentários:
Enviar um comentário