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terça-feira, 29 de setembro de 2015

SALÁRIOS EM PORTUGAL: 1,2 MILHÕES RECEBEM MENOS DE 600 EUROS


Perto de 1,2 milhões trabalhadores (um em cada três) leva para casa menos de 600 euros no final do mês. E 61% não vão além dos 900 euros de salário líquido.
A caminho das eleições, nas semanas de campanha eleitoral, a TSF selecionou 10 perguntas para o futuro governo. Hoje a questão é antiga e arrasta-se há décadas:Quando é que os portugueses vão poder, finalmente, ter salários mais altos?
Os números do Inquérito ao Emprego do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que em 2014 o salário médio líquido em Portugal rondava os 813 euros. Avaliando por setor de atividade, esse valor ficava pelos 578 euros na "Agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca", 751 euros na "Indústria, construção, energia e água" e 842 euros nos "serviços".
Na divisão por regiões, Lisboa leva clara vantagem com uma média de 958 euros. No resto do país (Norte, Centro, Alentejo, Algarve, Açores e Madeira) esse valor desce para perto de 750 euros. E estamos a falar, recorde-se, em média (grande parte ganha bastante menos).
Quando se olha para os diferentes escalões de rendimento, 34% dos portugueses recebem menos de 600 euros limpos por mês (a Norte são 40%) e 61% não ultrapassam os 900 euros. Apenas 39% ganham mais do que isso.
Números que ajudam a perceber o que leva Portugal a ser o quinto país da zona Euro onde mais pessoas que trabalham vivem em risco de pobreza: 10,5%.
O caso do têxtil
Um dos vários sectores conhecidos em Portugal pelos salários baixos é o têxtil e vestuário que emprega perto de 130 mil pessoas.
O presidente da associação que representa os empresários desta área sublinha que há exceções, mas admite que a maioria dos ordenados pouco mais valem do que o salário mínimo. João costa garante, contudo, que é uma questão de sobrevivência pois há muitos países, mesmo europeus, que pagam ainda pior.
João Costa explica que os empresários gostavam de aumentar os salários, mas "não adianta reclamá-los com a especialização e atividades que existem no país pois isso significaria a inviabilidade e encerramento das empresas.
O empresário argumenta que os baixos salários só se invertem aumentando a especialização das empresas portuguesas e fazendo produtos e serviços mais caros no mercado internacional.
Para quem diz que o problema está na fatia dos lucros que vai para os patrões, João Costa garante que isso não é verdade pois nos últimos anos grande parte das empresas tem tido prejuízos.
Ricardo Cabral, economista na Universidade da Madeira, diz que um dos "dramas" da economia portuguesa é ter um baixo rendimento per capita e produtividade. É preciso um crescimento sustentado e, na prática, o principal motivo para recebermos salários baixos está no facto de não termos produtos competitivos internacionalmente.
O economista admite que "não é compreensível existirem ordenados tão pequenos quando comparamos com o que acontece em países vizinhos, pelo que o desafio é aumentar a produtividade, o crescimento económico e a competitividade... mas não através dos baixos salários".
Um prémio na maternidade
Na Gouveia e Campos, uma empresa têxtil de Viseu, trabalham perto de 400 pessoas. A gestora Ângela Castanheira admite que os funcionários merecem mais, mas é impossível, neste sector, ter ordenados acima do Salário Mínimo Nacional.
Para colmatar as limitações financeiras, a empresa dá apoios extra. Entre eles, um salário extra quando as funcionárias são mães, um prémio de 250 euros para quem completa 25 anos de casa e um médico que diariamente assiste as funcionárias e os filhos.
Em Vila Nova de Paiva os salários pagos na Novacable são mais elevados do que no têxtil. Não é muito comparando com o que acontece noutras áreas, mas 700 euros é bastante num concelho pobre do Interior.
A empresa vive das exportações para a indústria da Defesa ou de carros topo de gama (entre eles a Ferrari) e consegue, também, por vezes, dar alguns bónus aos trabalhadores. O patrão, Manuel Lopes, defende que "trabalhadores felizes, sem problemas, andam mais motivados e são, também, mais produtivos".
Nuno Guedes com Amadeu Araújo - TSF

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