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segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Independentistas ganham mas sem chegar a metade do voto popular




As eleições na Catalunha, convertidas num referendo "de facto" sobre a soberania da região, terminaram com os independentistas a obterem uma maioria absoluta em deputados, mas falhando o objetivo de reunir mais de metade dos votos populares.

Com quase 99% dos votos escrutinados, a principal plataforma pelo sim à independência, a Junts pel Si (Juntos pelo Sim, do presidente Artur Mas) conseguiu 62 deputados, a seis de conseguir sozinha a maioria absoluta. No entanto, o outro partido que defende uma declaração de independência, a CUP (Candidatura de Unidade Popular, de extrema esquerda) obteve 10 deputados.
Os dois juntos poderiam aprovar uma declaração de independência no novo parlamento catalão. No entanto, não é líquido que isso aconteça, uma vez que a CUP sempre defendeu uma maioria popular e ambos os partidos não registaram mais do que 47,8% dos votos (os partidos contra esta via obtiveram 52,2% dos votos).
Por outro lado, a CUP já afirmou que não votará favoravelmente a eleição de Artur Mas como novo presidente regional (nas eleições autonómicas em Espanha, o povo elege os deputados e estes depois votam no parlamento para escolher o presidente regional, o que permite acordos pós-eleitorais).
A Junts pel Si tem 62 deputados, um menos do que a força combinada de Ciudadanos (25), Partido Socialista da Catalunha (16), PP (11) e Catalunya Si que es Pot (apoiado pelo Podemos, 11). Ou seja, Artur Mas depende do voto favorável dos 10 deputados da CUP, uma vez que as restantes forças estão contra o caminho seguido pelo "President" da Generalitat.
As forças políticas vão agora iniciar eventuais negociações, mas o Ciudadanos já pediu - em plena noite eleitoral - a demissão de Artur Mas e eleições antecipadas. Também o Podemos considerou que a situação política é a de "um beco sem saída".
A própria CUP declarou que Mas «deixou de ser imprescindível».
Os cabeças de lista da Junts pel Si declararam-se triplamente vitoriosos, ao considerarem que «ganhou o Sim, em votos e assentos, ganhou a democracia» e ganhou a Catalunha porque se realizou um plebiscito sobre a independência.
Artur Mas (Convergència Democràtica Catalana), Oriol Junqueras (Esquerra Republicana Catalana) e Raul Romeva - unidos na Junts - consideram ter obtido «um mandato claro» para avançar com a separação face a Espanha.
Os restantes partidos, com a exceção da CUP, consideraram que Mas perdeu o seu plebiscito, uma vez que a definição de vitória num referendo é obter 50% dos votos mais um. Os partidos do "Não" conseguiram mais cerca de 150 mil votos que o "Sim".
O grande vencedor da noite foi o partido Ciudadanos (uma formação que começou na Catalunha e que se tornou um emergente a nível nacional), já que o partido de Albert Rivera passou dos atuais nove deputados no parlamento catalão para 25, com mais de 700 mil votos e lançou avisos ao PP em Madrid de que terão de contar com ele para as eleições gerais.
Já o PP catalão perdeu oito deputados face a 2012 e, ao contrário de todos os outros partidos, o seu líder nem apareceu na noite das eleições, cabendo as declarações a um dos elementos da cúpula popular.
Quanto ao Podemos, também considerou «decepcionante» os resultados obtidos na Catalunha, mas considerou-se «um partido que apostou na responsabilidade» e lançou críticas a Artur Mas e ao presidente do Governo central, Mariano Rajoy.
A noite eleitoral terminou com todos os lados a fazerem leituras diferentes, os apoiantes do "Sim" a agitarem bandeiras da Catalunha independente e a cantarem o hino da Catalunha, enquanto o candidato da CUP se despedia do Estado espanhol, mas com poucas pistas sobre o que se poderá passar agora, quer nas negociações para constituir o parlamento, nomeadamente o nome do possível presidente, quer sobre a existência de condições para avançar com o processo de independência.
Diário Digital com Lusa

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