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terça-feira, 29 de setembro de 2015

O "peru em vésperas de Natal" que não tem "moral" para pedir votos


Jerónimo de Sousa afirma que PS, PSD e CDS querem tornar o memorando da troika num "filho de pai incógnito". CDU acredita que poderá eleger em Aveiro o deputado que lhe escapou há 30 anos.
O humor e a crítica mordaz andaram de braço dado no comício de Jerónimo de Sousa desta segunda-feira à noite em Santa Maria da Feira. Por ali se falou de perus acabrunhados em véspera de Natal; de pais, mães e padrinhos do enjeitado memorando da troika; dos alinhamentos da corrupção; daqueles que podem andar na rua com grande à vontade; e de um deputado CDU em Aveiro que demora a voltar.
Terá sido a arruada de fim de tarde em Gondomar ou a passagem por um ambiente menos habitual como cooperativa artística Árvore, no Porto, que deram incentivo a Jerónimo, ou, tão simplesmente, a euforia da contagem decrescente para o fim da campanha. Sim, porque faltam apenas quatro dias e há ainda muito chão por palmilhar.
Numa biblioteca municipal apinhada de militantes e simpatizantes, Jerónimo de Sousa quase sangrou as orelhas dos socialistas. Pelo que fizeram e pelo que não fizeram. “Nestes quatro anos, quando muitos desertaram do combate, designadamente o PS, que andava ali, nos primeiros tempos, em que mais parecia um peru em vésperas de Natal, com tristeza, a sujeitar-se – lembram-se? – àquelas… como é que era? Ah! abstenções violentas, porque perante uma moções de censura do PCP, lá estava a abstenção violenta tendo em conta os seus [do PS] compromissos. E desapareceram do combate na altura em que as populações sofriam ofensivas tremendas” recordou Jerónimo de Sousa.
A falta de "moral" do PS
Continuou: “O que é curioso é que o PS diga que ‘em vez de combaterem o governo, combatem-nos a nós’. Então o que andámos a fazer durante quatro anos, camaradas, senão a combater este Governo e a sua política de direita? O que é estranho é o PS não se lembrar que não esteve em nenhum destes combates." Mais: alem dessa ausência, o PS procura hoje “capitalizar o descontentamento, o desespero, o sentimento de injustiça”. Um aproveitamento censurado pelo líder comunista. “Pode o PS capitalizar mas não tem moral nenhuma, por aquilo que fez e não fez, de estar a apelar e a pedir o voto aos portugueses.”
A situação indefinida em que o Governo se apresenta nas sondagens é também resultado dessa luta da CDU. “Se este Governo está socialmente isolado e politicamente condenado, isto não caiu do céu. Era nos tempos em que diziam ao povo ‘aguentem-se’. ‘Ai aguentam, aguentam’”. Mas o PCP e Os Verdes, perante a ideologia da “inevitabilidade” sempre disseram “não, não tem de ser assim”.
Com um humor certeiro, Jerónimo pegou numa imagem que é agora recorrente nos seus discursos. “Quando nos perguntam, 'mas vocês estão sempre a atacar o PS?' Bom, então, não chamem ataques; chamem pedidos de esclarecimento, vamos pedir esclarecimentos ao PS", enfatizou.
Quem é o pai da criança?
No distrito de Aveiro, onde a CDU aposta no estreante eurodeputado Miguel Viegas como cabeça de lista para recuperar o deputado que deixou fugir em 1987 – e Jerónimo diz agora acreditar que a eleição é possível -, a coligação de direita não podia ficar sem umas bicadas do secretário-geral do PCP. Contrariando a ideia do memorando da troika ser uma “ajuda”, como Governo queria fazer crer, Jerónimo defendeu que convém saber quem é “o pai da criança”.
“Usava-se antigamente uma expressão, felizmente banida, que era 'filho de pai incógnito'... pois esse pacto de agressão não tinha pai, não tinha mãe, nem tinha padrinho – a gente tem que arranjar aqui um espaço para o CDS... pronto podia ser padrinho, naturalmente", gracejou sob risos da plateia. E não venham empurrar uns para os outros a responsabilidade, como andaram a fazer na última semana da pré-campanha. "Não podem acusar-se uns aos outros porque as responsabilidades são comuns", resumiu.
Houve ainda tempo para alfinetadas para os que partidos que se colocam “do lado dos poderosos” em dos vez do lado do ”capital monopolista e grandes grupos económicos, dos poderosos”, Na política, disse, “é fácil ficar do lado dos que mais têm e mais podem”, como sempre fizerem os últimos Governos.
A opção de PS, PSD e CDS foi sempre “encostarem-se ao poder económico, permitindo até a promiscuidade entre a política e os negócios, levando até à descaracterização de um princípio fundamental da Constituição: o poder político deve sobrepor-se ao poder económico. O que se assistiu em Portugal foi a essa subversão em que quem manda é o capital financeiro”, disse Jerónimo de Sousa.

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