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terça-feira, 1 de setembro de 2015

João Quadros - ABATER OS DEBATES




A campanha eleitoral tem sido o combustível da "silly season". Sem ela ainda estaríamos a discutir se a água está fria e se o Outono começa em Agosto.

A campanha eleitoral tem sido o combustível da "silly season". Sem ela ainda estaríamos a discutir se a água está fria e se o Outono começa em Agosto. Depois da confusão com os cartazes, chegou a rebaldaria com os debates. Dá a sensação que os partidos do "arco da governação" pensam que precisamos de razões para não os levar a sério. Não podemos deixar de sorrir quando imaginamos que estes partidos, que não conseguem chegar a acordo para irem duas horas a um estúdio de televisão, são os mesmos que o nosso Presidente queria que chegassem a consenso nos grandes desafios que o país enfrenta. Vou tentar enquadrar esta última crónica de Verão. 

Depois da ida de Portas ao Pontal, o CDS deixou de ser partido muleta para passar a ser uma perna coxa. Estou a exagerar, o PP passou a ser um pé dormente do PSD. Não faz sentido o CDS ir ao Pontal e o PSD não ir a uma quermesse do CDS. Vê-se logo quem é que anda atrás de quem. 

O CDS do vice-PM deixou de ter identidade, o que - em termos psiquiátricos - era expectável depois de Portas ter sido do partido da lavoura, do mar, dos reformados, da troika, dos desempregados, dos patrões, dos etc. Ninguém aguenta sem um esgotamento, e o PP de Portas acabou por ter uma crise de personalidade e, agora, pensa que é do PSD. Nunca se viu um CDS tão fundido no PSD mas, chegados ao tema debates, querem ser duas cabeças. Mas a verdade é que a insistência é mais de Passos do que de Portas. Esperto. 

Esta semana, a grande notícia era: "Passos recusa debate sem Portas" - isto é tão Big Brother, "se a Andrea sair eu saio!". Nesta situação, quem é que passa por cavalheiro? A Andrea ou o Passos? Na realidade, Passos balda-se ao duelo para defender a honra da dama, é todo um novo conceito de romantismo. Esperava-se que Passos fosse lá e valesse por dois, enquanto Portas esperava junto à lareira no convento. Dir-se-ia, pelo que se lê nos jornais, que é esse o seu estilo, mas não. Na verdade, onde se nota uma das característica de Passos é no facto de também não ter conseguido abrir a porta dos debates ao Portas. Já na Tecnoforma acabou por ser assim. 

Para o nosso PM, esta era uma chamada "win-win situation". Se por um lado passa por democrata - que quer dar igual tempo de antena ao pequenito parceiro de coligação -, por outro, Passos aproveita e tenta subverter as regras democráticas e jogar matraquilhos com dois guarda-redes na baliza. 

Não é necessário ter grande cultura democrática para perceber que não pode haver debate real entre parceiros de coligação que se preparam juntos para essa oral. Um debate com todos é um jogo de King, não podemos ter gente a jogar à sueca. 

Como já devem saber, toda esta bambochata acabou com o cancelamento do debate final entre todos, mas o mais extraordinário é que esta notícia foi dada como se nós nos importássemos. Quase com a mesma carga dramática que teria se viessem anunciar que optaram por parar de transmitir futebol durante um mês. Vê-se mesmo que não nos conhecem.

Bom fim de férias.


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