Passos Coelho nega “qualquer convite”, ou sondagem, a Jorge Silva Carvalho
Em resposta à deputada Cecília Honório, do Bloco, o primeiro-ministro desmente as afirmações do espião e ex-líder do SIED.
Jorge Silva Carvalho, o ex-líder dos Serviços de Informações Estratégicas e de Defesa (SIED), garantira, no passado dia 23, numa entrevista à revistaSábado, que fora abordado por colaboradores de Pedro Passos Coelho para que aceitasse ser indicado como secretário-geral do Serviço de Informações da República Portuguesa, a cúpula das secretas.“Normalmente não falo de convites porque têm de ser as pessoas que fazem os convites a falar deles. Mas uma vez surgiu um convite que me espantou", contava o ex-director do SIED à Sábado. E prosseguia: "Já tinha havido eleições estava-se na fase de constituição do governo. Fui consultado por um dos assessores principais de Pedro Passos Coelho, que me perguntou se aceitaria ser secretário-geral do SIRP. Eu recusei, ele insistiu, eu entendi que depois de recusar uma primeira vez não podia fazê-lo uma segunda. Disse que aceitava ponderar o regresso se houvesse um convite formal do primeiro-ministro (…) foi um período muito curto de duas semanas, em que houve vários contactos com esse assessor, com outros elementos do gabinete e com pessoas da esfera do Governo a constituir, para quem a minha ida já era um acto consumado.”
Foram estas as declarações que motivaram Cecília Honório, deputada do BE, a inquirir o primeiro-ministro sobre se tinha conhecimento sobre o referido convite.
A resposta chegou segunda-feira, assinada pelo chefe de gabinete de Passos Coelho, Francisco Ribeiro de Menezes. E desmente a versão avançada por Jorge Silva Carvalho: “O primeiro-ministro não fez qualquer convite, nem em momento algum deu instruções no sentido de convidar, ou sequer sondar, quem quer que fosse para o cargo de secretário-geral do SIRP.”
O gabinete do primeiro-ministro sublinha, aliás, que Passos Coelho “não procedeu à substituição da direcção do SIRP, manifestando publicamente a sua confiança no seu secretário-geral, Dr. Júlio Pereira.”
Recorde-se que, pouco tempo depois das eleições, no Verão de 2011, Jorge Silva Carvalho foi envolvido num escândalo que resultou numa acusação judicial em que é suspeito de ter praticado crimes de corrupção passiva, violação do segredo de Estado, abuso de poder e acesso indevido a dados pessoais. O julgamento está em curso.
Mais tarde, a sua relação próxima com o braço-direito de Passos Coelho, Miguel Relvas, foi conhecida e motivou várias audições no Parlamento do ex-ministro que, por mais de uma vez, se enredou em contradições e omissões perante os deputados.
A ligação de Jorge Silva Carvalho à maçonaria, e a sua polémica contratação pela Ongoing estiveram, também, na base das recentes alterações, aprovadas na generalidade pelo Parlamento, às regras do Segredo de Estado e da lei orgânica dos serviços de informações.
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