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domingo, 25 de maio de 2014

Eleições europeias ou nacionais? O que está em causa 2 Todos os partidos admitem leituras nacionais destas eleições. Uns podem acabar o dia com pesadas derrotas, outros com grandes vitórias. Saiba o que está em causa para cada um dos partidos.

Eleições europeias ou nacionais? O que está em causa

Todos os partidos admitem leituras nacionais destas eleições. Uns podem acabar o dia com pesadas derrotas, outros com grandes vitórias. Saiba o que está em causa para cada um dos partidos.
Abstenção pode baralhar resultados - CARLOS BARROSO/LUSA

    1 – O GOVERNO VAI AGUENTAR?

    Para a Aliança Portugal (PSD/CDS), a derrota é certa, basta saber por quantos. Uma percentagem de votos abaixo dos 30% dá aos partidos do Governo uma pesada derrota que pode levar a divisões internas. Além disso, há um risco acrescido: o CDS pode perder um eurodeputado. Nas listas, os representantes dos centristas estão em quarto e em oitavo lugares. As sondagens não garantem a eleição do oitavo representante, o que pode fazer do CDS o principal derrotado das eleições – se a representação em Bruxelas cair para metade.

    2 – O PS SERÁ O GRANDE VENCEDOR?

    Os socialistas esperam uma vitória como certa no final da noite, mas, mais uma vez, tudo depende da diferença para a coligação PSD/CDS. Com as previsões de subida da abstenção e com a subida do PCP, os socialistas esfriaram as expetativas: a vitória será tanto maior, quanto maior for a derrota da Aliança Portugal. Traduzindo: mais do que ficar acima de 40%, a vitória será cantada com estrondo se os partidos do Governo ficarem abaixo dos 30%. Contudo, a vitória nas eleições, a segunda além das autárquicas, reforça a posição do PS, que tem os olhos postos nas legislativas. Serão sobretudo os socialistas (e o PCP) a querer fazer uma leitura nacional das eleições deste domingo.

    3 – O PCP VAI ELEGER TRÊS EURODEPUTADOS?

    Os comunistas estão em vias de se tornar os grandes vencedores destas eleições. Todas as sondagens (DN i) dão os comunistas com um bom resultado, podendo eleger três (e em algumas quatro) eurodeputados. E historicamente a CDU até tem melhores resultados nas urnas do que nas sondagens, pelo que não é de descartar um resultado melhor. Serão por isso os comunistas a puxar mais pela leitura nacional. O líder do partido já admitiu avançar com uma moção de censura ao Governo, aproveitando a legitimidade do voto.

    4 – QUAL O MAIOR RISCO DE ABSTENÇÃO?

    A elevada abstenção torna a leitura dos resultados mais difícil. Servirá para a Aliança Portugal desculpar a derrota, dizendo que não são verdadeiras eleições com leitura nacional. Uma elevada abstenção atinge em cheio o bloco central, pelo que é um risco maior tanto para a coligação PSD/CDS como para o PS, que levou a última semana a apelar ao voto útil.

    5 – O BE PODE TORNAR-SE IRRELEVANTE?

    Tudo aponta para que o Bloco de Esquerda, que se estreou em 1999 precisamente numas eleições europeias, tenha um dos piores resultados da história do partido, o que pode levar a atiçar as divisões internas que já se fazem sentir neste partido com dupla liderança. Depois de não ter capitalizado o descontentamento contra o Governo nas últimas eleições autárquicas – onde o BE tem historicamente mais dificuldades em alcançar bons resultados -, uma derrota nas europeias passa por perder representantes. O BE conseguiu eleger três eurodeputados nas últimas eleições (Marisa Matias, Rui Tavares e Miguel Portas), mas arrisca-se a apenas conseguir agora eleger a cabeça de lista. Fruto das divisões, que levaram o independente Rui Tavares a agora concorrer sob a sigla do partido que criou, o LIVRE.

    6 – MARINHO PINTO SERÁ ELEITO?

    O voto de protesto pode vir a direcionar-se para o MPT. Marinho Pinto, cabeça de lista, apostou todos os trunfos na capitalização dos votos de descontentamento. O voto do contra pode ter bastante influência, uma vez que a abstenção elevada faz com que pequenas quantidades de votos sejam percentualmente relevantes. Em algumas sondagens, Marinho Pinto é dado como eleito, podendo mesmo ficar acima do Bloco de Esquerda. A dúvida é se no boletim de voto os eleitores vão saber associar o partido ao candidato (que tem notoriedade superior ao partido que o apoia).

    7 – RUI TAVARES CONSEGUIRÁ CONTINUAR EM BRUXELAS?

    O eurodeputado que foi eleito pelo Bloco de Esquerda e que criou um partido de propósito para estas eleições não está em posição fácil para ser eleito. A dispersão de votos em muitos partidos à esquerda do governo (PS, PCP, BE), mas também nos mais pequenos (MPT, PAN, etc) dificultam a tarefa de captação do voto de descontentamento.

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