Zé do Telhado: O Robin dos Bosques Português!
Sobrinho-neto do salteador Sodiano, que durante anos espalhou o medo na serra do Marão, entre o Minho e Trás-os-Montes, e filho de Joaquim do Telhado, capitão dos ladrões, José Teixeira da Silva, conhecido como Zé do Telhado, trazia nos genes a vocação que lhe deu fama: bandido.
Zé do Telhado (1818-1875)
Aos 14 anos de idade, Zé do Telhado deixou a aldeia natal de Castelões, em Penafiel, e foi para Lousada aprender o ofício de castrador com um tio francês, casado com uma irmã da sua mãe. Aprendeu o ofício e apaixonou-se pela prima, mas quando se declarou, o pai da moça rejeitou-o por ser pobre. Partiu então para Lisboa, onde se alistou no regimento de lanceiros da rainha, em 1837. Teve o baptismo de fogo na Revolta dos Marechais, ao lado do duque de Saldanha, e deixou a tropa para casar com a prima Ana Lentina. Em 1846-1847, participou na Revolta da Patuleia, salvando a vida ao futuro primeiro-ministro Sá da Bandeira e foi medalhado com a Torre e Espada, a mais alta condecoração portuguesa. Deixou a tropa com o posto de sargento. Ao regressar a casa, viu-se na miséria, perseguido pelos credores. Sem trabalho e sem pão para alimentar os filhos, Zé do Telhado aderiu ao bando de salteadores de que já fazia parte o seu irmão Joaquim.
Carreira do Famoso Salteador!
Tornando-se chefe da quadrilha em 1849, chefia ainda nesse ano, o assalto à casa do lavrador Maciel da Costa, em Macieira. Em Janeiro de 1852, o bando assalta o rico Solar do Carrapatelo, que rendeu 40.000 cruzados, uma fortuna para a época. Três meses depois, novo assalto em Celorico de Basto. Perseguido pela tropa e polícia, Zé do Telhado tem gestos de uma audácia incrível, chegando a aparecer em público em Vila Meã (Amarante), num dia de feira para provar o vinho. Os assaltos continuaram até 1859.
Denunciado, chegou a matar um dos traidores, mas acabou por ser preso quando se preparava para fugir para o Brasil. Levado para a Cadeia da Relação do Porto, aí conheceu o escritor Camilo Castelo Branco, a cumprir pena por adultério, a quem contou a sua história.
Em 1861 Zé do Telhado foi condenado ao degredo e desterrado para Angola. Tornou-se comerciante de borracha, cera e marfim e voltou a casar. Morreu em Malanje, em 1875, aos 57 anos de idade. Como roubou sempre aos mais ricos, Zé do Telhado foi chamado de Robin dos Bosques Português. Hoje existe uma avenida com o seu nome em Castelões, Penafiel, e ruas em Marco de Canaveses e em Mouriz, Paredes.
João Brandão: O Terror das Beiras!
Natural de Midões, concelho de Tábua, João Brandão tornou-se uma lenda em toda a Beira.
Casa onde nasceu João Brandão: o Terror das Beiras.
Durante a Guerra Civil fez parte dos Voluntários da Rainha, no campo liberal, juntamente com o pai e os irmãos. Com sucessivos golpes e revoltas que opuseram cartistas e setembristas, e mais tarde, regeneradores, históricos e progressistas, João Brandão e o seu bando, semearam o terror nas Beiras, conforme os interesses dos dirigentes do governo e da oposição em Lisboa e dos caciques locais. Tanto atacava os miguelistas, como fazia causa comum com eles, como aconteceu durante a Revolta da Patuleia, em 1847.
João Brandão (1825-1880)Em breve as motivações políticas passaram a dar cobertura a crimes de delito comum, como roubos, assaltos e mortes que se multiplicaram ao longo dos anos em que correu a serra da Estrela a cavalo, à frente dos seus homens armados de trabucos, clavinas e bacamartes. Quando foi acusado de matar o padre Portugal, João Brandão traçou o seu destino. O governo mandou contra ele a tropa: em 1869 foi preso em Tábua, julgado e condenado ao degredo. No ano seguinte, o "Terror das Beiras" foi desterrado para Angola. João Brandão morreu no Bié, em 1880, com 55 anos de idade.
Este Fontanário foi erigido em homenagem a João Brandão: o Terror das Beiras.
Joaquim José de Sousa Reis "O Remexido"
Natural de Estômbar, Lagoa, José Joaquim de Sousa Reis ganhou a alcunha de "Remexido" por se ter rebelado (remexido) contra a autoridade do tutor com quem vivia, em São Bartolomeu de Messines, que se opunha ao seu casamento. Durante a Guerra Civil tomou partido pelos miguelistas e quando o desembarque das tropas liberais do duque da Terceira, em 1833, abriu uma segunda frente no Algarve, o Remexido chefiou um grupo de guerrilheiros que levou a cabo diversas acções violentas por toda a região, tendo como base a serra, onde se escondia do inimigo. Com a derrota de D. Miguel e o fim da guerra, em 1834, as forças absolutistas foram desmobilizadas, mas o carácter irregular das acções do Remexido fez com que os vencedores procurassem vingança. Como não o encontraram, os liberais queimaram-lhe a casa em Messines, açoitaram publicamente a sua mulher por se recusar a revelar o seu paradeiro e mataram-lhe um filho de 14 anos.
Joaquim José de Sousa Reis "O Remexido" (1797-1838).
O Remexido não perdoou, tendo reactivado a guerrilha, agora transformada em bando armado, e pôs o Algarve a ferro e fogo. Em Agosto de 1836, o Remexido atacou o quartel da infantaria de Messines, incendiando as instalações e matando vários soldados antes de se retirar da localidade, que ocupou durante várias horas. As autoridades de Lisboa mandaram sucessivas expedições contra o Remexido, mas nunca conseguiram encontra-lo no seu refúgio na serra algarvia.
Foi a partir da serra algarvia, que o Remexido cobrou tributos e requisitou alimentos nas povoações. Ficou célebre o seu assalto ao correio de Lisboa. O atrevimento do Remexido fez tremer o governo liberal, já de si dividido entre as facções cartista e setembrista.
O seu braço direito era o padre Marçal José Espada, o que aumentou a credibilidade do Remexido junto das populações. Em Julho de 1838, a sua sorte mudou. Atacado na serra por uma força de cavalaria muito superior, o Remexido fez-lhe frente e resistiu durante um dia inteiro até que ordenou a retirada. Mas durante a manobra foi reconhecido e capturado.
Joaquim José de Sousa Reis "O Remexido", foi levado para Faro, e julgado em conselho de guerra, sendo depois fuzilado no dia 2 de Agosto de 1838, aos 40 anos de idade.
www.geralforum.com
AVISO
OS COMENTÁRIOS, E AS PUBLICAÇÕES DE OUTROS
NÃO REFLETEM NECESSARIAMENTE A OPINIÃO DO ADMINISTRADOR DO "Pó do tempo"
Este blogue está aberto à participação de todos.
Não haverá censura aos textos mas carecerá
obviamente, da minha aprovação que depende
da actualidade do artigo, do tema abordado, da minha disponibilidade, e desde que não
contrarie a matriz do blogue.
Os comentários são inseridos automaticamente
com a excepção dos que o sistema considere como
SPAM, sem moderação e sem censura.
Serão excluídos os comentários que façam
a apologia do racismo, xenofobia, homofobia
ou do fascismo/nazismo.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário