UE inquieta com avanço da extrema-direita
Marine Le Pen, líder da Frente Nacional, celebra vitória nas europeias em FrançaFotografia © Reuters
O Partido Popular Europeu (PPE) venceu as eleições europeias, mas com uma vantagem de eurodeputados inferior à que tinha até agora em relação ao segundo maior grupo político dos Socialistas e Democratas. Número de eurodeputados oriundos de partidos eurocéticos, populistas e extremistas aumenta e poderá chegar a 140 num total de 751 no Parlamento Europeu. Vitória da extrema-direita em países como França e Dinamarca está a inquietar líderes da União Europeia.
Sobre a vitória da Frente Nacional de Marine Le Pen, o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, William Hague, declarou na BBC: "Neste caso em particular, sim, penso que deveríamos estar inquietos face a estes desenvolvimentos no resto da Europa. É por isso que considero ser importante que a próxima Comissão Europeia, o Conselho Europeu e o próximo Parlamento Europeu compreendam a mensagem segundo a qual existe um descontentamento crescente e tensões de diferentes tipos na Europa".
Hague, membro do Partido Conservador, que segundo resultados preliminares divulgados ao fim da noite pela Comissão Eleitoral britânica terá sido ultrapassado pelo Ukip do eurocético Nigel Farage, acrescentou que "é preciso uma União Europeia mais flexível, mais competitiva, menos centralizada".
O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, lançou um apelo a todas as forças favoráveis ao processo de construção europeia no sentido de se mobilizarem depois da subida nestas eleições dos partidos anti-União Europeia. "Mantermo-nos unidos como europeus é indispensável para que a Europa dê forma a uma ordem global em que possamos defender os nossos valores e interesses", disse Durão Barroso, referindo as forças políticas "representadas na Comissão [conservadores, socialistas e liberais]".
Na Dinamarca, o Partido Popular Dinamarquês, formação anti-imigração, ficou também em primeiro lugar nas eleições europeias com 26,7% dos votos.
Assim que se percebeu que a vitória estava do lado do PPE, o seu candidato à sucessão de Barroso na presidência da Comissão, Jean-Claude Juncker, reivindicou para o seu grupo político a liderança dessa instituição europeia. No entanto, deverão ser necessárias ainda negociações, pois para ser eleito o presidente da Comissão precisa de uma maioria absoluta de 376 eleitos e neste momento, segundo as projeções, o PPE tem apenas 212 eurodeputados.
Segundo uma previsão do próprio Parlamento Europeu, os Socialistas e Democratas, segundo maior grupo político na eurocâmara, têm 185 eurodeputados, os liberais 70, os Verdes 55, havendo perdas em todos estes quatro grupos políticos.A esquerda mais radical, por seu lado, aumenta o número de eurodeputados de 35 para 45.
Quanto aos eurodeputados anti-UE não são um grupo homogéneo.O grupo de eurocéticos que integra, por exemplo, o Ukip do britânico Nigel Farage, consegue 36 eleitos, os não-inscritos, nos quais se incluem por exemplo a Frente Nacional de Marine Le Pen surgem agora com 38 eurodeputados. Um outro grupo, a que se chamou "Outros", pelo facto de ser composto por eleitos de partidos que ainda não estavam representados no hemiciclo, como os dos italiano Movimento 5 Estrelas ou dos eurocéticos alemães da AfD, tem 67. O grupo dos conservadores britânicos e polacos tem 44.
A taxa de participação nestas europeias foi de 43%, a mesma do que a registada no escrutínio de 2009 (quando a Croácia ainda não tinha aderido à UE, alargando-a para 28 Estados membros).
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