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segunda-feira, 24 de março de 2014

Pobreza e desigualdade Foram publicados finalmente os dados sobre pobreza e desigualdade em Portugal para 2012, ano em que o impacto da austeridade na vida dos portugueses foi maior. À partida, os dados não oferecem grandes surpresas: a taxa de pobreza subiu de 17,9% para 18,7%,

Pobreza e desigualdade

Foram publicados finalmente os dados sobre pobreza e desigualdade em Portugal para 2012, ano em que o impacto da austeridade na vida dos portugueses foi maior. À partida, os dados não oferecem grandes surpresas: a taxa de pobreza subiu de 17,9% para 18,7%, afectando sobretudo desempregados e famílias monoparentais. No entanto, um olhar mais detalhado sobre os dados mostra-nos um cenário bastante mais assustador. A taxa de pobreza é uma medida relativa - 60% do rendimento mediano. Ora, em 2012 o rendimento mediano caiu. Assim, só foi considerado pobre quem tinha menos de 409 euros mensais. Se tomarmos como referência o valor de 2009 (ano em que o rendimento disponível também diminuiu), a taxa de pobreza em Portugal dá um salto de 21,3% em 2011 para 24,7% em 2012, já depois de transferências sociais. Ou seja, basta aumentar o limiar de pobreza em 60 euros, para 469 euros, para obtermos um novo salto de 6 pontos percentuais. Esta estatística dá assim conta da verdadeira dimensão da crise social que enfrentamos. Isto, sem olhar para os dados tenebrosos, de quase um terço das famílias sem capacidade de aquecer devidamente a sua casa, ou de quase metade das famílias não conseguir enfrentar uma despesa inesperada de 400 euros sem recorrer ao crédito.

O outro dado preocupante diz respeito à desigualdade. Se tivermos em conta o índice de Gini, a desigualdade recuou ligeiramente para os níveis de 2010 (34,2). No entanto, a diferença entre o rendimento dos 10% mais ricos e os 10% mais pobres disparou de 10 para 10,7 vezes, tendo sido o seu valor em 2009 de 9,2. Como explicar esta aparente contradição? É razoavelmente fácil. A diferença entre os muito pobres e os remediados diminuiu, já que os últimos tiveram maiores perdas relativas de rendimento, dado o baixíssimo rendimento dos primeiros. Contudo, o rendimento dos mais ricos a resistiu melhor à crise, aumentando assim a diferença. Conclusão, a crise não é certamente igual para todos. 

ladroesdebicicletas.blogspot.pt

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