Empreita - artesanato de palma
A empreita de palma é uma das principais formas de artesanato do Algarve. Já foi uma actividade com bastante peso no orçamento de muitas famílias do Barrocal Algarvio, hoje em dia, embora ainda seja um tipo de artesanato representativo, já não tem a importância de outrora. Este tipo de artesanato era tradicionalmente um trabalho feminino efectuado principalmente, quando não havia trabalho no campo, funcionava como que um complemento no trabalho das mulheres.
Artesãs de empreita
A empreita é uma fita entrançada, feita de palma que são as folhas de uma espécie de palmeira anã da região, com ela são efectuados diversos objectos. Inicialmente esta matéria-prima provinha do interior do Algarve, crescia nos matos do Barrocal, posteriormente devido à escassez desta planta, começou a ser importada do sul de Espanha.
Palmeira
Este tipo de artesanato surgiu das necessidades ligadas aos trabalhos dos campos, era necessário ter recipientes para embalar e transportar os produtos agrícolas. Assim, existem uma variedade de objectos e utensílios ligados à agricultura: alcofas, cestos, gorpelhas, esteiras, ceiras, … etc.
Alcofa utilizada nos trabalhos agrícolas e bolsa para transportar os alimentos para o campo
Mais tarde a empreita passou a ser utilizada no fabrico de objectos do quotidiano: chapéus, vassouras, vasculhos, capachos, tapetes, abanos, bases para a mesa, fruteiras, sacos diversos, revestimentos para garrafas e garrafões de vidro e até a estrutura de berços de bebé era feita com empreita.
Base para a mesa
Fruteira
Actualmente, a empreita é utilizada quase exclusivamente com finalidades decorativas sendo uma das atracções turísticas do Algarve.
O fabrico dos objectos em empreita divide-se em várias fases:
- Em primeiro lugar é preciso preparar as folhas de palma (fervas de palma). A palma ou era colhida no mato e colocada a secar ao sol ou era comprada já seca.
Palma a secar
- Seguidamente é escolhida, pois a mais grosseira é para utensílios menos exigentes, a outra é tratada.
- A palma é então molhada para que seja mais fácil manuseá-la.
- A fase seguinte é enxofrar a palma, processo para clarear a palma através de um banho de vapores de enxofre. O enxofre é colocado a arder num recinto fechada junto da palma, este processo dura pelo menos um dia.
- Depois é rachada que é o processo em que se separam as folhas.
Um "olho" de palma rachada e outro ainda não rachado
- Se as folhas são muito largas, ripa-se para que as fitas fiquem quase uniformes.
- Por vezes utiliza-se alguma palma tingida, para produzir efeitos artísticos nos objectos, esse tingimento é obtido passando a palma por um banho de água quente onde se depositou a tinta.
- Depois de enxofrada e pintada a cada “olho” de palma corta-se o pé para soltar as folhas.
- Com a palma assim preparada, e depois de molhada, começa-se então a fazer uma comprida fita entrançada.
- Esta empreita que costuma ser medida às "braças" é enrolada e pode ser novamente enxofrada.
- Posteriormente, com a ajuda de uma agulha de cobre, a empreita é cosida com folhas finas de palma molhada para ficar mais flexivel, ou com baracinhas. As baracinhas são um fino cordão feito com palma enrolada.
- Depois de o objecto adquirir forma são necessários acabamentos: o debruar para rematar o bordo do objecto, as asas quando necessário que são feitas em baracinhas, finalmente cortam-se as pontas de palma que ficam a sobressair e está pronto.
Saco de empreita
Base para a mesa
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