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sábado, 22 de março de 2014

Micheline Mathilde Carré: A Gata - Olá meus caros amigos e amigas. Hoje falaremos de mais uma história da Segunda Guerra Mundial. Em 1939, num povoado do sul da Argélia, vivia uma mulher de 30 anos, chamada Micheline Mathilde Carré. Carré era casada com um oficial do exército francês, e se tornaria famosa sob o apelido de "A gata".

Micheline Mathilde Carré: A Gata


Olá meus caros amigos e amigas. Hoje falaremos de mais uma história da Segunda Guerra Mundial. Em 1939, num povoado do sul da Argélia, vivia uma mulher de 30 anos, chamada Micheline Mathilde Carré. Carré era casada com um oficial do exército francês, e se tornaria famosa sob o apelido de "A gata".

Ao eclodir a Segunda Grande Guerra, Micheline Carré viajou imediatamente para a França, alistando-se no Corpo de Enfermeiras. Em Paris, durante o período de treinamento, foi considerada, por seus superiores, como uma mulher responsável e eficiente. Depois, quando a França foi derrotada pelas tropas nazistas, Micheline Carré se sentiu "terrivelmente comovida", segundo ela mesmo escreveu em seu diário. Antes da chegada das tropas alemães, Micheline Carré transferiu-se para Toulouse e ali, por sua própria iniciativa, organizou um centro de assistência aos feridos. Entretanto, enquanto se dedicava a esta tarefa, conheceu um oficial polonês que atuava no exército francês. Chamava-se Roman Czernianski, e ela, ante a dificuldade de pronunciar-lhe o nome, chamava-o "Armand". Ele, por sua vez, começou a chamá-la "A Gata". As relações de Armand e "A Gata" foram além de uma simples relação sentimental. O ex-oficial polonês, ardoroso combatente, arquitetou um plano para estabelecer um grupo de resistência. "A Gata", sem vacilar, uniu-se a ele.

Roman Czernianski
Armand, não se atrevendo a viajar livremente, com medo de ser reconhecido e detido, confiou essa tarefa à mulher que o acompanhava. Micheline Carré começou, imediatamente, a recrutar os elementos que fariam parte do grupo. Assim, passo a passo, "A Gata" foi estabelecendo as bases do que chegaria a ser um dos grupos mais numerosos e organizados da Resistência. Entre outros, ingressou na organização o coronel francês Marcel Achard. Este, através da Espanha e de Portugal, mantinha estreito contato com os elementos britânicos.

Marcel Achard
Uma das primeiras tarefas de importância que o grupo empreendeu foi investigar se os alemães permaneceriam na fronteira da Espanha ou avançariam através do território espanhol para atacar Gibraltar. Achard, sem vacilar, encarregou "A Gata" desta investigação.

A espiã partiu imediatamente para Bordéus e dali passou a Bayon e Biarritz, no sul da França. Ali, perto da fronteira franco-espanhola, estava acampada uma unidade blindada alemã. "A Gata" estabeleceu relação com um oficial alemão...

Foi esta a sua primeira grande missão. Pouco depois, o grupo de Achard era conhecido no serviço secreto britânico e também no americano. Seus agentes eram respeitados e considerados eficazes e valorosos. Neste período, Achard e os britânicos puseram-se de acordo com respeito aos lugares que utilizariam para o lançamento de armas e explosivos, assim como aparelhos de rádio. Além disso, ficou combinado um meio de facilitar a fuga de prisioneiros aliados, que eram conduzidos à Suíça ou à Espanha e, dali, à Inglaterra.

Mais tarde, Armand permitiu que outra mulher ingressasse na organização: Renée Borni. O ingresso da mesma coincidiu com uma mudança nas atitudes da "Gata". Esta, efetivamente, havia descoberto que Armand interessava-se mais do que o normal pela mulher. "A Gata" insistiu, várias vezes, para que a nova integrante do grupo fosse enviada para longe dali. Armand, porém, não o fez. Isso seria o fim. Porque Renée Borni, codinome Violette, destruiria a Resistência. No decurso de uma de suas missões, Violette travou relação com um soldado alemão, sem pressentir que um homem, civil, escutara o diálogo. O desconhecido, um agente da contra-espionagem alemã, suspeitou daquela mulher e a seguiu. E foi assim que conseguiu vê-la em companhia de Armand e da "Gata".

Em 18 de novembro de 1941, Armand e Violette foram aprisionados. Horas depois, Micheline Carré, "A Gata", tinha o mesmo destino.

O que se seguiu é baseado, em parte, em suposições. A Gata teria sido conduzida por um sargento alemão a uma casa solitária, sede da contra-espionagem alemã, foi longamente interrogada. Ela não teria sido submetida a tortura física, porém, "A Gata" cedeu. Inexplicavelmente, a corajosa mulher, que tantas vezes havia desafiado a morte, delatou seus companheiros, talvez tomada pelo ódio já que Armand não havia ouvido seus pedidos e dado atenção as suas desconfianças a respeito de Violette, porém nunca saberemos ao certo.

No dia seguinte, "A Gata" saiu acompanhada pelo sargento alemão. Nas oito horas seguintes, 35 membros do grupo de Armand caíram nas mãos da Gestapo. Somente um homem não foi atraiçoado pela "Gata": o Coronel Achard. Durante o julgamento que se seguiu, depois da guerra, o coronel declarou: "Ela sabia onde eu me ocultava, mas não o disse...".

Em 1949, finalmente, "A Gata" enfrentou seus juízes. A acusação, em sua alocução, disse: "Durante dois meses, ela praticou a pior espécie de traição. Seu diário, do qual foi lido uma parte, a descreve como ela é: um cérebro sem coração. Vocês terão que julgar tudo isto. E reconhecerão que há somente uma pena possível: a morte".


O advogado de defesa respondeu: "Admito sua culpabilidade, mas vocês devem considerar que esta mulher teve que escolher entre a vida ou a morte. Não esqueçam que no início da Resistência ela foi uma heroína. Vocês condenariam à morte quem, no começo, implantou a semente da fé e, mais tarde, subestimou sua própria força?"


Em 8 de junho de 1949 foi pronunciado o veredicto: "Micheline Mathilde Carré, de 40 anos, é, pela presente, condenada à morte pela Décima Quarta Corte Criminal".

Poucos meses depois, o presidente da República francesa comutou a pena de morte imposta a Micheline Carré pela de prisão perpétua.



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