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terça-feira, 5 de março de 2019

AS VÁRIAS REACÇÕES A NETO de MOURA



MARIANA MORTÁGUA

"Um juiz machista não deixa de ser um juiz machista só porque se ofende": as reações a Neto de Moura





A revelação do advogado do juiz Neto de Moura de que este irá processar quem o criticou publicamente, avançada este sábado pelo Expresso, está a suscitar um rol de reações nas redes sociais e uma das pessoas que deverão ser visadas nesses processos, Mariana Mortágua, já veio a público reafirmar que não deixa de ver o magistrado como "um juiz machista".

"Um juiz machista que coloca em causa a segurança das mulheres não deixa de ser um juiz machista que coloca em causa a segurança das mulheres só porque se ofende que digam que é um juiz machista que coloca em causa a segurança das mulheres", comentou Mariana Mortágua na sua página na rede social Twitter.

Na mesma rede, também o humorista João Quadros, co-autor do programa "Tubo de Ensaio" com Bruno Nogueira, reagiu à notícia do Expresso lembrando o episódio do programa em que foi visado Neto de Moura

"Estamos mesmo arrependidos de só ter feito este. Para a semana fazemos mais", prometeu.
Bruno Nogueira, por seu turno, ao Expresso, reage com ironia: "Aparentemente, segundo Neto de Moura, a dor e a humilhação manifestam-se mais quado lhe beliscam o ego do que quando agridem a soco o tímpano de uma mulher".

A coordenadora do Bloco de Esquerda, durante uma visita a Amarante, também se pronunciou sobre o juiz Neto de Moura. "Eu acho que o juiz Neto de Moura vai ter de processar a maioria do país, porque neste país as pessoas sabem que a violência doméstica é um crime e as sentenças do juiz Neto de Moura tentam legitimar e atenuar a violência doméstica, humilhando mulheres, e isso é inaceitável", afirmou, citada pela Lusa.

"O que grave é que alguém como Neto Moura continue a ser um juiz. Eu acho que, com todo o respeito pela separação de poderes, a magistratura tem de olhar para este caso, porque Neto Moura continuar a produzir as sentenças que tem produzido é um insulto a todos os magistrados deste século", afirmou ainda Catarina Martins.

Recorde-se que o advogado do juiz Neto de Moura, Ricardo Serrano Vieira, disse ao Expresso estar a analisar publicações nas redes sociais e artigos de opinião na comunicação social. "O objetivo é processar todos os que extravasaram os limites da liberdade de expressão", declarou.

JOANA AMARAL DIAS

“Não admira que alguém que defende o apedrejamento de mulheres adúlteras conviva mal com a liberdade de expressão"





A política e comentadora Joana Amaral Dias é uma das personalidades que o juiz Neto de Moura pretende processar e também já reagiu à intenção do desembargador do Tribunal da Relação do Porto, tornada pública este sábado.

Através do Facebook, numa publicação em que partilha também as suas declarações à TSF, Joana Amaral Dias escreve um pequeno texto sobre o sucedido: “O juiz Neto Moura vai processar-me. 

A mim e a mais uns quantos que o criticaram. 
Não admira que alguém que defende o apedrejamento de mulheres adúlteras conviva mal com a liberdade de expressão e de opinião. Disse e repito que se trata de um magistrado que confunde as suas convicções pessoais com Justiça e que, ao colocar-se do lado dos agressores e dos homicidas de mulheres, se tornou numa ameaça para a segurança pública.”

Para a comentadora não existe outra opção se não a exoneração do juiz. “Neto Moura tem de ser exonerado, posto a andar, ir para o olho da rua, e aprender que nenhum juiz pode viver acima da lei. Enfim, pode ser que ao sentar quem o confrontou no banco dos réus descubra mais qualquer coisinha. Lá estarei.”

A manchete do Expresso deste sábado, na qual se escrevia que o juiz Neto de Moura ia processar aqueles que o criticaram, desencadeou uma série de reações este fim de semana. 

UM JUIZ NÃO É APENAS UM SACO DE PANCADA

Apesar do crescendo de vozes contra Neto de Moura, há também quem se apresente ao lado do desembargador — como é o caso da Associação Sindical dos Juízes Portugueses. Para Manuel Soares, presidente da direção da Associação Sindical dos Juízes Portugueses,o “direito de crítica não permite o insulto”, considerando que “houve abuso e exagero na forma como o criticaram”. “Uma coisa é dizer que o juiz não tem condições para exercer as suas funções, outra é achincalhá-lo”, chega a proferir. Estará em causa “o direito à honra”. “Um juiz também tem direitos, não é apenas um saco de pancada”, diz.

A linha seguida por Manuel Soares, Manuel Soares é juiz desembargador no Tribunal da Relação do Porto e co-autor de um acórdão sobre o caso de violação de uma jovem que estava inconsciente na casa de banho de uma discoteca, por dois dos funcionários, onde se alega que existiu "mediana ilicitude" e "um clima de sedução mútua".é bastante idêntica à do advogado de Neto de Moura. «Ricardo Serrano Vieira disse ao Expresso que o objetivo era “processar todos os que extravasaram os limites da liberdade de expressão” e que “ultrapassaram o que é aceitável no Estado de Direito”.

BRUNO NOGUEIRA

“A dor e a humilhação manifestam-se mais quando lhe beliscam o ego do que quando agridem a soco uma mulher": as reacções a Neto de Moura





Bruno Nogueira está entre as figuras públicas que Neto de Moura ameaça processar, mas, ao Expresso, o humorista reage com ironia: "Aparentemente, segundo Neto de Moura, a dor e a humilhação manifestam-se mais quado lhe beliscam o ego do que quando agridem a soco o tímpano de uma mulher".

O humorista é co-autor, com João Quadros, do programa "Tubo de Ensaio", que também já tinha reagido na rede social twitter com uma promessa, em jeito de desafio: "Estamos mesmo arrependidos de só ter feito este. Para a semana fazemos mais".
A notícia avançada este sábado pelo jornal Expresso também levou Mariana Mortágia a reagir nas redes sociais: "Um juiz machista que coloca em causa a segurança das mulheres não deixa de ser um juiz machista que coloca em causa a segurança das mulheres só porque se ofende que digam que é um juiz machista que coloca em causa a segurança das mulheres", comentou Mariana Mortágua na sua página na rede social Twitter.

A coordenadora do Bloco de Esquerda, durante uma visita a Amarante, também se pronunciou sobre o juiz Neto de Moura. "Eu acho que o juiz Neto de Moura vai ter de processar a maioria do país, porque neste país as pessoas sabem que a violência doméstica é um crime e as sentenças do juiz Neto de Moura tentam legitimar e atenuar a violência doméstica, humilhando mulheres, e isso é inaceitável", afirmou, citada pela Lusa.

"O que grave é que alguém como Neto Moura continue a ser um juiz. Eu acho que, com todo o respeito pela separação de poderes, a magistratura tem de olhar para este caso, porque Neto Moura continuar a produzir as sentenças que tem produzido é um insulto a todos os magistrados deste século", afirmou ainda Catarina Martins.

Sem presença ativa nas redes sociais, Ricardo Araújo Pereira optou por fazer declarações ao jornal “Público”, ao qual referiu que irá continuar a falar sobre o juiz. "É o meu trabalho”. Aliás, diz o humorista, "ele tem o direito de se sentir ofendido, eu tenho o direito de dizer coisas que potencialmente o ofendem. 

Há pessoas que acham que têm o direito a não ser ofendidas. É impossível não ofender pessoas. Ele ofende-me com as considerações que faz nos acórdãos. E tem todo o direito de se sentir ofendido com o que eu digo. Vivemos numa sociedade aberta e isso é mesmo assim!"

Por seu turno, Fernanda Câncio usou o Twitter para comentar a situação, mas não resistiu a usar também o humor nas suas publicações. “Tenho uma ideia para o juiz Neto de Moura: era fazer uma lista de quem não disse mal dele. Tenho a certeza de que há alguém. Pelo menos a familia e a associação sindical dos juízes. E processa todo o resto do país. É pedir as listas de eleitores e vai por ali fora”, escreveu na rede social, mostrando a dimensão das críticas — e do número de críticos contra Neto de Moura.

Recorde-se que o advogado do juiz Neto de Moura, Ricardo Serrano Vieira, disse ao Expresso estar a analisar publicações nas redes sociais e artigos de opinião na comunicação social. "O objetivo é processar todos os que extravasaram os limites da liberdade de expressão", declarou.

RICARDO ARAÚJO PEREIRA

Ricardo Araújo Pereira: “Na perspetiva de Neto de Moura, rebentar o tímpano ainda é como o outro. Agora escárnio, sarcasmo? Isso aleija”



“E o juiz Neto de Moura deve constar deste programa.“ A frase de José Alberto Carvalho no Jornal das 8, após o comentário 'Global' de Paulo Portas na TVI, serviu de teaser para 'Gente que não sabe estar'. E Ricardo Araújo Pereira não faltou à chamada.

No segmento humorístico do noticiário da estação de Queluz de Baixo, transmitido em direto a partir do Teatro Villaret, em Lisboa, Ricardo Araújo Pereira não perdeu a oportunidade de falar sobre o juiz desembargador Neto de Moura após uma primeira série de trechos humorísticos dedicados a outros temas.

"O juiz Neto de Moura escreveu mais um acórdão polémico”, começou por dizer, para depois descrever “o caso de um homem que ameaçou matar a mulher e o filho com uma catana” e que acabou por rebentar o tímpano da vítima. “É uma agressão mais pessoal”, disse, por esta não ter sido feita com um “objeto contundente” — como descreveu Neto de Moura. O tempo de 'Gente que não sabe estar' dedicado ao juiz estava longe de terminar. Após a primeira descrição houve espaço para uma experiência e até para um jogo.

Ricardo Araújo Pereira decidiu “vestir a pele do juiz numa experiência muito inteligente”. Com uma imagem próxima da conhecida da série “Looney Tunes”, “Juiz Neto de Moura desvaloriza violência” consistia no relato de duas cenas — uma da competição UFC, de artes marciais mistas e outra do rebentamento da bomba de Hiroxima — e que acabavam por ser desvalorizadas. “Isto para mim é fumo, uma nuvem em forma de cogumelo”, disse.

Era tempo de chegar à manchete do Expresso, apresentada também em direto no programa da TVI, e que Ricardo Araújo Pereira apresenta com um simples “o juiz ameaça agora processar-me”, mostrando a primeira página do semanário. “Na perspetiva dele, rebentar um timpano ainda é como o outro. Agora escárnio, sarcasmo? Isso aleija.”

Em causa está também o programa exibido a 10 de fevereiro na TVI, e durante o qual o humorista falou sobre a atuação do juiz. Na noite deste domingo, o caso foi posto em pratos limpos e Ricardo Araújo Pereira diz saber o que quer do destino caso chegue a ser julgado no processo de Neto de Moura. "Gostava de ser julgado pelo próprio Neto de Moura. Porque fui eu que o agredi e ele costuma estar ao lado dos agressores.”

Embora considere que “em princípio não acontece nada”, também não tem receio de ser preso: “Mesmo que eu vá preso, também não há perigo. Não estarão la desses crápulas que batem em mulheres, porque ele deixa-os todos cá fora.”

Antes de passar a outras temáticas, Ricardo Araújo Pereira apresentou ainda um site com um jogo dedicado a Neto de Moura. Salvaoneto.pt, que pode jogar abaixo neste artigo, tem como objetivo defender o juiz das opiniões contrárias às suas (“apresentadas em forma de rabos”).

FIM DE SEMANA INTENSO
Sem presença ativa nas redes sociais, Ricardo Araújo Pereira já tinha reagido este sábado à manchete do Expresso. Em declarações ao jornal “Público”, ao qual referiu que iria continuar a falar sobre o juiz — "É o meu trabalho”, expressou —, considerou que Neto de Moura até pode ter alguma razão: “Ele tem o direito de se sentir ofendido, eu tenho o direito de dizer coisas que potencialmente o ofendem. Há pessoas que acham que têm o direito a não ser ofendidas. É impossível não ofender pessoas. Ele ofende-me com as considerações que faz nos acórdãos. E tem todo o direito de se sentir ofendido com o que eu digo. Vivemos numa sociedade aberta e isso é mesmo assim!"


Também no programa “Governo Sombra”, gravado ainda antes de a manchete do Expresso ser conhecida, Ricardo Araújo Pereira falou de Neto de Moura “Eu gostava de estar cinco minutos numa sala escura com o juiz, só para termos uma conversa sobre o que constitui violência a sério. (…) Eu não sei se este juiz não precisava de cinco minutos comigo, acho que eram pedagógicos e até medicinais. Mas depois, se calhar, [precisava de] um internamento numa sala toda ela almofadada”.

https://expresso.pt




www.publico.pt

Carta ao sr. Neto de Moura



Senhor Neto de Moura. Não nos conhecemos, felizmente. Digo felizmente, porque, embora o jornalismo me obrigue, de quando em vez, a contactar com as catacumbas da sociedade, prefiro, como dizia o famoso Bartleby do Herman Melville, não o fazer.


A verdade é que gostaria de o processar. Não tenho muita paciência para tribunais e os juízes metem-me algum horror, porque já vi em acção alguns exemplares como o senhor. Também não tenho muito tempo livre e a Justiça é lenta. Depois, é verdade que não tenho muito dinheiro e, já se sabe, a Justiça é cara.


Eu tenho um problema de saúde: perante o asco, tenho vómitos. Às vezes também tonturas. As últimas decisões que tomou provocaram-me problemas de saúde. Talvez isso seja um motivo para o processar. Fico literalmente doente ao ver a sua, vá lá, doença com as mulheres. O prejuízo para a minha saúde dos seus acórdãos pode ser um motivo para um processo.
O meu problema com situações asquerosas é uma razão porque evitei, até este momento, escrever sobre o acórdão em que o senhor invocou a Bíblia e considerou exemplares – no sentido de lhe servirem de exemplo — as sociedades que apedrejam as mulheres adúlteras para “acentuar que o adultério da mulher é uma conduta que a sociedade sempre condenou e condena fortemente (e são as mulheres honestas as primeiras a estigmatizar as adúlteras)” e por isso a dita sociedade “vê com alguma compreensão a violência exercida pelo homem traído, vexado e humilhado pela mulher”.

O senhor, vindo lá das cavernas de onde fala, está a infringir a Constituição, mas nem dá por isso – assim como os seus colegas que lhe aplicaram a advertência. Os senhores metem-me medo. E não há sociedade mais doente do que aquela que fica com medo da Justiça.
Eu sinto-me humilhada, vexada pelo senhor e a sua repugnante ideia de “sociedade”, mulheres e adultério. Acho que o senhor não me respeita e ofende todas as mulheres deste país.

O adultério não é crime, a não ser na sua cabeça, que me abstenho de qualificar ainda mais. A questão é que o senhor é juiz e põe em causa a segurança das pessoas, desde que sejam mulheres. Isso ofende-me.


A ideia de lhe dar um soco na cara até me pode passar, assim de repente, pela cabeça, mas não o farei. No meu quadro moral e seguindo os preceitos da lei e Constituição, acho que a violência física não é de todo desculpável – nem contra um juiz que a desculpa.



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