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No papel, Karlheinz Weinberger viveu uma existência tediosa. Ele trabalhou como gerente do almoxarifado na fábrica da Siemens, em Oerlikon, na Suíça, de 1955 até sua aposentadoria em 1986, e morou sempre no mesmo apartamento por quase toda a sua vida.
Mas quando chegava o fim do expediente diário, ele partia com sua câmera para fotografar o incomum.
Com efeito, ele literalmente tinha "Fotógrafo de Esquisitices" impresso em seu cartão de visita.
Em 1958, ele conheceu o Halbstarken, uma das primeiras subculturas juvenis clandestinas da Suíça e que não eram benquistas pela sociedade da época.
Esses jovens idolatravam a sexualidade aberta de rebeldes americanos como Elvis Presley e James Dean, usavam penteados extravagantes e usavam jeans e jaquetas adornados com tachinhas, remendos e cintos com enormes fivelas.
Aqui cabe um interregno na história de Karlheinz para ressaltar que apesar de que oficialmente o nascimento do rock and roll foi marcado com a gravação "That"s all right", de Elvis Presley, historicamente tanto a música como o nome surgiram pouco tempo antes.
Para muitos historiadores, o amanhecer do gênero ocorreu com "Rock around the clock", de Bill Haley e seus Cometas, que foi gravada em 12 de abril de 1954 -três meses antes que o Rei fizesse história-.
Entretanto, o termo "rock and roll" -uma gíria dos negros para expressar o ato sexual- começou a ser utilizado pelo locutor de rádio Alan Freed em 1952.
Alan usou a expressão Para definir algumas canções que tocava em seu programa, como "Rock the joint", precisamente de Bill Haley, e também nos festivais onde se apresentavam grupos que interpretavam R&B.
De qualquer forma, o fato de considerar Elvis como o criador, principal promotor e Rei do rock, tem muito a ver com sua personalidade, com sua voz e com seu carisma.
Desde o início Elvis representou um símbolo não só para a música senão para a cultura popular de então, quando rompeu as regras e transgrediu tradições morais e de conduta.
Este espírito de transgressão e de insubordinação ao mainstream sempre foi a principal peculiaridade dos jovens e os suíços não foram exceção.
O problema é que a subversão, por mais idealista e lírica que seja, nunca é vista com bons olhos pelo estabelecido.
Foi assim que o apartamento de Halbstarken se tornou para os integrantes do Halbstarken uma espécie de mocó, um refúgio das restrições da sociedade educada.
Ali os jovens tinham um lugar para fumar e beber longe dos olhos das autoridades.
Foi também um cenário para sessões de fotos íntimas, onde orgulhosamente apresentavam seus corpos e modas para a câmera.
As fotos que Halbstarken tirou do coletivo rebelde, bem como de clubes de motoqueiros e outros párias e ladinos, foram coletadas no livro "Swiss Rebels", publicado pela Steidl.
O livro é uma delicioso mergulho nos costumes dos roqueiros revolucionários suíços daqueles dias.
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