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terça-feira, 27 de setembro de 2016

A história bizarra que deu origem à Síndrome de Estocolmo



Imagine que você está na fila para ser atendido em uma pequena agência bancária. De repente, um assaltante invade o estabelecimento, com capuz na cabeça e armado. A maioria das pessoas consegue fugir, mas você e dois funcionários não têm a mesma sorte e acabam servindo como reféns. A polícia chega logo, e as negociações começam.
No final das contas, tudo dura muito mais tempo do que o necessário e vocês acabam passando alguns dias sob o comando do criminoso. As primeiras horas são do mais completo pânico, você tem medo de falar, de olhar para o lado, de morrer, de tudo. Os outros reféns também estão apavorados, e o criminoso, por ter de lidar com a polícia e a grande comoção ao redor do prédio, também não é a mais calma das criaturas.
No segundo dia, no entanto, você pensa em acalmar o sequestrador e resolve conversar, atitude seguida também pelos outros dois reféns. Depois de algumas horas, estão todos mais calmos e conversando sem muito nervosismo e, de repente, você passa a sentir uma espécie de carinho por aquele homem, ainda que ele represente uma ameaça à sua própria vida. Sim, isso acontece.
Coisa de filme? Que nada! Trata-se de um típico caso da chamada síndrome de Estocolmo, que nada mais é do que esse sentimento de ternura que se tem por um agressor. O termo, aliás, teve origem com uma história parecida com essa que fizemos você imaginar.
Há 43 anos, em Estocolmo, na Suécia, um assalto a banco deu origem ao nome da síndrome. Na ocasião estavam um assaltante, Jan-Erik Olsson, um presidiário e quatro funcionários da agência bancária, que permaneceram juntos durante seis e, com o passar do tempo, acabaram desenvolvendo uma forte relação afetiva.
Tudo começou com Olsson entrando com uma metralhadora e explosivos na agência bancária que ficava na região central da cidade. Olsson disparou contra o teto e imediatamente fez três funcionários como reféns para tentar, em troca da liberdade deles, conseguir uma boa quantia em dinheiro com a polícia e, assim, fugir do país.
Negociações e afeto



Outra exigência: um de seus amigos, Clark Olofsson, que era um dos bandidos mais famosos da Suécia, e que Olsson tinha conhecido na prisão, deveria ser levado ao banco para fazer parte do esquema e conseguir fugir também. A polícia acabou aceitando o acordo e Olofsson foi levado ao banco. A essa altura, um funcionário que tinha conseguido se esconder foi descoberto e se juntou ao grupo de reféns.
Alguns agentes policiais conseguiram entrar em um departamento da agência, e, a partir daí, os reféns e os bandidos ficaram escondidos em um espaço bem menor. Para passar o tempo, eles começaram a conversar e a jogar baralho – a partir daí, todo mundo já era praticamente amigo de infância.
As negociações com a polícia eram feitas pelo telefone, por meio de dois reféns: Olof Palme e Kristin Enmark, ambos com 23 anos na época. Nas ligações deles com a polícia, ficou bastante claro: tanto Palme quanto Enmark estavam do lado dos sequestradores. Kristin chegou a dizer que confiava plenamente nos sequestradores e que viajaria com eles como refém sem o menor problema, se fosse o caso.
Todo mundo ficou bem

Depois de três dias de sequestro, os policiais entraram no banco por meio de um buraco e conseguiram se mostrar aos reféns que estavam lá, mas logo foram descobertos pelos sequestradores também, que ameaçaram os reféns e atiraram contra os policiais. Depois de seis dias, a polícia utilizou gás lacrimogêneo, o que fez com que os dois sequestradores se rendessem, sem que os reféns ficassem feridos.
A despedida entre sequestradores e reféns foi calorosa, com trocas de abraços apertados. Uma das funcionárias do banco, que ficou presa durante esses seis dias, disse que sabia que era estranho, mas que não gostaria que nada de ruim acontecesse aos sequestradores.
O responsável por batizar a síndrome foi Nils Berejot, criminologista que trabalhou com a polícia durante o famoso sequestro. Basicamente, ela é descrita como uma tentativa de a vítima se conectar com o criminoso, para tentar diminuir os riscos do crime. De forma inconsciente, é uma maneira de a vítima agradar o bandido para que, uma vez que ele tenha simpatia por ela, não a faça mal.
Quando soube da existência da síndrome, Olsson disse que não acreditava nela e que a amizade que desenvolveu com seus reféns era verdadeira, tanto que dois deles estiveram em seu casamento na prisão. Ele ficou dez anos na detido e, depois de ser libertado, nunca mais teve problemas com a Lei. Já Olofsson foi absolvido em segunda instância, mas se envolveu com problemas com a polícia diversas vezes em sua vida.

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