Desde Julho de 2015, o valor das acções do Deutsche Bank caíram mais de 65%. Neste momento, muitos jornais falam da necessidade de ajuda pública Mas assumir que precisam de ser salvos é algo muito complicado para os alemães, e até já há quem diga que o Deutsche Bank não é a Grécia.
O último ano e meio tem sido fatal para a fama de profissionalismo, exigência e excelência das grandes empresas alemãs. Se juntarmos o Deutsche Bank com a VW, temos banqueiros alemães a suicidarem-se com monóxido de carbono.
O colosso DB está em perigo. Os alemães, como são frios, são muita bons nos testes de stress, é assim que eles nos enganam. Se há alguma coisa que podemos ensinar aos alemães é saber ver os indícios de que vem lá chatice da grossa com um banco e vamos ter de pagar. Neste momento, devia estar uma troika de portugueses em Berlim, composta por: um lesado do BPN, um do BES e outro do Banif.
Ao longo destes anos, os portugueses tornaram-se perdigueiros do – vem lá mais uma bronca com um banco. Se um José Gomes Ferreira de olhos azuis vos diz que o banco está sólido, tremam, amigos alemães. Se o presidente do vosso banco diz que não precisa de ajuda, lembrem-se de nós ou de Chipre. Se a vossa chanceler diz que não vai um tostão dos contribuintes para salvar o banco, comecem a armazenar salsichas. Acreditem nos PIIGS.
É num momento como este que vemos a grandeza de um homem como Schäuble. Com chatices tão grandes lá em casa e só se preocupava connosco. Os nossos noticiários estão repletos da preocupação europeia com o nosso défice, porque o José Gomes Ferreira não sabe ler jornais em alemão.
Custa a acreditar que, depois de todas as lições de moral que deram nos últimos anos aos povos do Sul, haja escândalos como o da VW ou de pré-bancarrota, como o DB. A única explicação que tenho é que estas empresas são geridas por aqueles alemães que vieram viver para o Algarve. Ou então foi o Subir Lall e aquela malta da troika que esteve cá a vigiar, entre outros, o estado do nosso sistema financeiro que andou de olho no DB.
O problema é que não é o Deutsche Bank que é demasiado grande para cair, o resto é que é demasiado pequeno se ele cair. O diabo, afinal, pode chegar em Outubro, sob a forma dos anjos do arauto.
Chegamos à triste conclusão que a banca alemã esteve a viver acima das suas possibilidades e as suas possibilidades eram infinitas. Não sei se é possível fazer como a VW, e o euro recolher à oficina para corrigir um defeito de fabrico. Este problema com o DB faz lembrar 2008 e perceber como, rapidamente, nos esquecemos de 2008.
João Quadros
Jornal de Negócios,
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