No dia 30 de Setembro de 1791, num teatro do subúrbio de Viena, uma ovação triunfal acolhe A Flauta Mágica (Die Zauberflöte), uma ópera plena de fantasia e no idioma alemão, acessível ao público popular.
Contudo, o compositor, Wolfgang Amadeus Mozart, não teve tempo de saborear o sucesso. Doente, extremamente debilitado, morre no seu leito dois meses mais tarde, aos 35 anos.
Repetidas vezes, Mozart compusera obras em língua alemã, que nunca tiveram maior destaque. Algumas delas, inspiradas na mitologia, pareceram fracas e convencionais, outras mais destacadas, como “O Rapto do Serralho” (1782), apoiavam-se unicamente sobre a fibra cómica.
Durante o grande período de criação de óperas que iam de Idomeneu (1781), Rei de Creta (1781) a Cosi fan tutte (1790), Mozart apoia-se quase que somente em libretos italianos, notadamente aqueles de Lorenzo Da Ponte, compondo partituras dentro do espírito das obras italianas que gozavam, então, de ampla predileção entre o público.
Génio combativo, ele resolveu enfrentar o gosto popular. Transmitiu o seu desejo de mudar de género musical a um director de grupo teatral, Emmanuel Schikaneder, com quem estava ligado por forte amizade. O director, que se apresentava em cenas da periferia de Viena, pede-lhe então a composição de uma ópera em alemão. Mozart mostra-se imediatamente sensível à ideia.
Com A Flauta Mágica, ópera em alemão que alterna palavras e música, é quebrada por fim a concha em que se encerrava o mundo italiano dos salões vienenses e das cortes reais.
Em A Flauta Mágica, ópera carregada de fantasia e mistério, o príncipe Tamino, o caçador de pássaros Papageno e a Rainha da Noite disputam as preferências do público numa encenação repleta de efeitos especiais.
O libreto desta obra feérica, redigido por Schikaneder, está cheio de alusões à franco-maçonaria, uma ordem de iniciação maçónica nascida algumas décadas antes na Inglaterra e à qual pertencia Mozart.
A Flauta Mágica é um verdadeiro percurso iniciático. Há cenas em que se assiste aos padres reunidos como numa loja maçónica.
Valendo-se do concurso de Schikaneder, autor do libreto, e de um outro maçom conhecido pelo nome de Gieseke, Mozart fez alternar cenas cómicas e cenas sérias, o que confere à sua obra um clima mágico e que incorpora também um conteúdo filosófico.
A música de A Flauta Mágica ressoa directamente no espírito dos ouvintes. Excertos vertiginosos, como o da Rainha da Noite, são sucedidos por passagens narrativas como a ária do caçador de pássaros Papageno, e de cantigas “uma mulher, apenas uma menina”.
Marchas solenes, estrondo de trovões, mas também duetos com repetição de palavras e ainda de instrumentos inesperados como a charamela ou o carrilhão juntam-se à diversidade do conjunto. Não há lugar a enfado no curso daquelas duas horas e tanto de divertimento musical e de espetáculo cénico.
A Flauta Mágica seria levada à cena mais de 100 vezes no ano que se seguiu. Infelizmente, o seu genial compositor não teve tempo de desfrutar do enorme êxito da peça visto que faleceu em 5 de Dezembro de1791, pouco tempo depois da primeira apresentação, quando concluía o Requiem, a sua derradeira obra-prima.
O público moderno pôde assistir à A Flauta Mágica, belamente filmada pelo cineasta sueco Ingmar Bergman, e a vida de seu autor, romanceada por Milos Forman, no premiadíssimo filme Amadeus.
Fontes: Opera Mundi
wikipedia (imagens)
Wolfgang Amadeus Mozart
Papageno
VÍDEO
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