Passos Coelho revelou-se uma vez mais um político medíocre, que confunde mediação com interferência, incapaz de distinguir o essencial do acessório. Perante uma crise grave que se desenhava no sistema financeiro nacional, com extensão ao nível internacional das relações entre Portugal e dois dos países mais próximos, um no plano afectivo e linguístico e outro no plano geográfico (Angola e Espanha, respectivamente) Passos Coelho engrossa a voz e vem pedir “esclarecimentos” sobre a alegada interferência direta do primeiro-ministro nos negócios entre a empresária angolana Isabel dos Santos e o sector bancário.
As declarações de Passos Coelho referem-se à manchete do Expresso deste sábado que menciona uma reunião entre António Costa e a empresária angolana Isabel dos Santos para ultrapassar o impasse no BPI.
Quer dizer: Passos Coelho acha que um primeiro-ministro (e também um Presidente da República, já que Marcelo se pronunciou contra a “espanholização” da banca portuguesa) devem adoptar uma atitude do tipo deixa-andar-eles-que-se-arranjem em vez de mediarem e prevenirem situações de impasse, de consequências muito negativas ao nível político, económico e financeiro. Percebe-se assim cada vez melhor a mediocridade intelectual e política do pensamento de Passos Coelho e porque deixou apodrecer o BES: não quis “interferir” nem mediar. Preferiu esconder-se atrás do Banco de Portugal.
Acresce, porém, que para além de ser um político de vistas curtas Passos Coelho tem má memória porque, como refere o Jornal de Negócios, enquanto primeiro-ministro falou com o vice-presidente angolano, Manuel Vicente (pelos vistos sem resultados), precisamente sobre o BES.
É caso para dizer que se apanha mais depressa um mentiroso do que um coxo (com todo o respeito pelos coxos).
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