Em fevereiro deste ano, o Instituto de Emprego e Formação Profissional registou quase 756 mil pessoas à procura de trabalho.
MIGUEL PEREIRA/GLOBAL IMAGENS
O número de desempregados inscritos nos centros de emprego está a aumentar há já sete meses consecutivos. O aumento de 1% face ao mês de janeiro esconde mais 5600 portugueses em situação de desemprego. O bolo toma maiores proporções quando comparado com julho do ano passado, o mês que marcou uma inversão na tendência de descida e, desde essa altura, contam-se mais 43 301 pessoas contabilizadas como desempregadas.
"Desde o verão do ano passado que há um sentimento de incerteza quanto ao desenvolvimento da economia", lembra ao JN/Dinheiro Vivo João Vieira Lopes. O presidente da Confederação do Comércio e Serviços (CCP) diz, por isso, que as empresas podem ter adiado as suas intenções de contratação, o que acaba por ter um impacto ao nível do número de empregos disponíveis.
Apesar de os meses do verão e do final do ano trazerem sempre algum movimento para o mercado de trabalho - empregos sazonais e de curta duração -, Vieira Lopes assume que, no geral, desde meados do ano passado que não se assiste "a grandes movimentos de contratação por parte das grandes empresas" a operar em Portugal.
"O próprio Estado e as autarquias também estão a reduzir o número de trabalhadores", considera, acrescentando que setores como a Banca estão a diminuir consecutivamente o número de funcionários, "pelo que algum incremento das pequenas e microempresas não chega" para provocar alterações significativas no número de desempregados.
Ainda que a tendência se tenha alterado nos últimos meses, as estatísticas de fevereiro do IEFP mostram que as características dos desempregados que chegam aos centros de emprego se mantêm relativamente inalteradas: a representar uma maior fatia do desemprego estão pessoas registadas há mais de ano, e que já são considerados desempregados de longa duração; também as mulheres continuam a ser as grandes afetadas pela falta de trabalho e, se a divisão tiver em conta as qualificações profissionais, a parte dos que têm o Ensino Secundário é a que mais desempregados reúne. Os portugueses com qualificações muito baixas (primeiro ciclo de escolaridade) também têm um peso significativo neste universo.
Mais ofertas de emprego
Ao longo dos sete meses com uma procura crescente por emprego nos centros do IEFP, as ofertas de trabalho disponibilizadas na rede deste organismo público tiveram uma evolução inconstante, a oscilar entre as 10 mil (em dezembro) e as 17 mil propostas (em setembro). Aliás, a ofertas de janeiro e de fevereiro, na ordem as 15 mil, estão a suplantar as de dezembro e novembro.
O Instituto Nacional de Estatística (INE), que conta as pessoas à procura de emprego, registadas ou não no IEFP, ainda não divulgou os números do emprego relativos a fevereiro. Mas, em janeiro, o gabinete contabilizava um total de 619,5 mil desempregados.
Embora, o INE dê conta de uma redução do universo de desempregados em Portugal, a verdade é que, desde julho do ano passado, o IEFP está a ser mais procurado por portugueses sem trabalho.
JN
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