Pode um governo socialista saído do atual Parlamento realizar uma obra mais nociva do que o cessante de Passos & Portas?
Não.
Não.
Mas vai porventura um governo liderado por Antonio Costa desenvolver uma política que responda minimamente às aspirações das vítimas da obra devastadora da coligação reacionária PSD-CDS?
Não creio. É muito improvável que essa esperança se concretize. Sejam quais forem os acordos a que o PS chegar com o Bloco de Esquerda e o PCP, os riscos, sobretudo para os comunistas, serão sempre grandes e as possibilidades de os evitar escassas. As áreas de eventuais acordos entre projetos tão diferentes são aparentemente poucas. É minha convicção que somente a intensificação da luta de massas, ao tornar-se prioritária como frente de combate contra a herança devastadora dos últimos governos, pode abrir perspetivas de sobrevivência a um governo frágil de Antonio Costa.
Mas estará a direção de um Partido como PS aberta a uma alteração tão profunda da sua política tradicional? Não creio.
Mas estará a direção de um Partido como PS aberta a uma alteração tão profunda da sua política tradicional? Não creio.
Raras vezes em Portugal slogans como «a nossa democracia» e «os superiores interesses do país» foram usados insistentemente e com tanta impropriedade.
Para mal do povo português o regime da «democracia representativa», que assegurou liberdades e direitos fundamentais, tem funcionado na prática desde o início da recuperação capitalista como uma ditadura económica da burguesia com fachada democrática.
As perspetivas de evolução da crise não justificam sentimentos de euforia.
Não encontro na História exemplos de acordos de governo entre socialistas e comunistas - mesmo quando a intervenção destes se limitou ao apoio parlamentar - que tenham produzido resultados positivos duradouros. Alguns, como a Frente Popular Francesa de 1936 e o Governo Provisório de De Gaulle em l944, tiveram um começo auspicioso, mas todos acabaram mal.
Como comunista, cumpro um dever ao escrever este artigo difícil e incómodo.
VILA NOVA DE GAIA, 23 de Outubro de2015 (extracto e um texto de MIguel Urbano Rodrigues)
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