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sábado, 31 de outubro de 2015

ALGARVE - Centro Hospitalar do Algarve muito amargo






Por que é que o Centro Hospitalar do Algarve (CHA) tem dificuldade em captar médicos? É interior? Não. Tem má qualidade de vida ou más praias? Não. Tem más acessibilidades? Não.
Este verão, um jovem médico do Porto confidenciou que pensava ir fazer o Ano Comum para o Algarve, pois gosta da região, mas depois de falar com os colegas mais jovens colocados em Faro prefere escolher outro hospital.
Numa visita noturna surpresa ao Serviço de Urgência do Hospital de Faro, já este ano civil, encontrei uma jovem médica interna em completo esgotamento, quase abandonada na urgência, pela ausência de médicos na escala verdadeiramente responsáveis por assumir orientação e apoio adequados aos mais novos, sem saber bem o que fazer aos doentes, a dizer que ia repetir o exame para mudar de hospital.
Devido a problemas de organização, a Cirurgia Geral perdeu a idoneidade para formar futuros especialistas.
Os públicos problemas na Ortopedia e a saída de ortopedistas têm prejudicado gravemente os doentes. Perderá em breve a idoneidade formativa para médicos internos, o que acelerará a degradação do serviço.
Os anestesistas, por variadas razões, rareiam no hospital, mas não no país, colocando graves restrições à realização de cirurgias em Faro.
Agora os problemas agravam-se na Obstetrícia e Ginecologia (OG) de Faro. Nos últimos seis anos saíram cerca de 12 médicos destes dois serviços e apenas um especialista foi contratado, deixando-os desfalcados e impossibilitados de completar as escalas de urgência, tendo de recorrer a tarefeiros. São serviços em curva descendente. Não há ninguém que faça uma auditoria para averiguar por que saem tantos médicos desta especialidade do hospital?
Já a OG de Portimão tem conseguido captar jovens especialistas e está quase autossuficiente. Mas o Conselho de Administração (CA) quer obrigar os especialistas e internos de Portimão a irem à força fazer urgências a Faro, afetando e desorganizando gravemente o serviço de Portimão, o que certamente acabará por fazer alguns destes médicos abandonar a região.
Entretanto, por causa das leis absurdas deste Ministério da Saúde, há alguns obstetras de Beja que vão fazer urgências a Portimão e os de Portimão vão fazer urgências a Beja, cruzando-se a meio destes 160km! É estúpido, mas é assim mesmo...
O problema do CHA é essencialmente uma péssima gestão dos recursos humanos por parte do CA, responsável por muitos médicos não irem para o Algarve ou abandonarem o CHA, sobretudo em Faro. O Algarve está a ser muito prejudicado.
*BASTONÁRIO DA ORDEM DOS MÉDICOS

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