Este era o nome do terrível assassino e ladrão que utilizava os caminhos sobre os arcos do Aqueduto para perpetrar toda a espécie de crimes. Segundo reza a História, Diogo Alves, "o Pancada" como era conhecido, escondia-se no aqueduto para assaltar e atacar as pessoas que passavam no longo e estreito passeio ao ar livre sobre a Ribeira de Alcântara, atirando-as depois de uma altura de 65 metros. No Verão de 1837, Diogo Alves terá roubado a vida a 76 pessoas. Foi apanhado em 1840, condenado à morte e enforcado a 19 de Fevereiro de 1841. Esta história de Diogo Alves intrigou os cientistas da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, que após o enforcamento do homicida, lhe deceparam a cabeça para a estudarem e tentarem compreender a origem da sua malvadez.
A cabeça decepada encontra-se, ainda hoje, no teatro anatómico da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, conservada num recipiente de vidro, numa solução de formol. Mostra-nos o rosto de um homem com ar tranquilo, contrário ao seu comportamento ao longo da vida.
AQUEDUTO DAS ÁGUAS LIVRES
O Aqueduto das Águas Livres foi mandado construir pelo Rei D. João V para fornecer água a Lisboa. O projecto foi feito pelo arquitecto Manuel da Maia, mas foi Custódio Vieira que o deixou pronto em 1748. Porém, a obra só foi totalmente concluída em 1799.
Este projecto tornou possível a resolução de um problema com que Lisboa se debatia há muito tempo: a falta de água em Lisboa. Pressionado pelo procurador da cidade, o rei concordou em mandar estudar os custos desta obra e a quem caberia o seu pagamento. Depois de grandes discussões, o povo aceitou que o Rei lançasse novos impostos sobre a carne, o vinho e o azeite que se consumiam em Lisboa, tornando possível o abastecimento de água a Lisboa. Em 12 de Maio de 1731 foi assinado o decreto para a construção do Aqueduto das Águas Livres, inteiramente paga com o dinheiro do povo.
Por isso, D. João V mandou colocar no Arco da Rua das Amoreiras uma placa com uma inscrição em latim, que dizia:
No ano de 1748, reinando o piedoso, feliz e magnânimo Rei João V, o Senado e povo de Lisboa, à custa do mesmo povo e com grande satisfação dele, introduziu na cidade as Águas Livres desejadas por espaço de dois séculos, e isto por meio de aturado trabalho de vinte anos a arrasar e perfurar outeiros na extensão de nove mil passos.
Anos mais tarde, o Marquês de Pombal mandou substituir essa inscrição por outra que não referisse que tinha sido o povo a pagar tão grande obra e onde se pode ler:
Regulando D. João V, o melhor dos reis, o bem público de Portugal, foram introduzidas na cidade, por aquedutos solidíssimos que hão-de durar eternamente, e que formam um giro de nove mil passos, águas salubérrimas, fazendo-se esta obra com tolerável despesa pública e sincero aplauso de todos.
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Diogo Alves - o assassino do Aqueduto das
Águas Livres
O "SERIAL KILLER"... do AQUEDUTO das ÁGUAS
LIVRES
LIVRES
O Aqueduto das Águas Livres
visto do vale de Alcântara
Lisboa
DIOGO ALVES, galego nascido em 1810, conhecido pela alcunha de "O Pancada", veio muito novo para Lisboa, onde serviu em algumas casas mais abastadas da época, e ficou para a história como o assassino do Aqueduto das Águas Livres, pois foi aí que, ao longo de três anos, perpetrou os crimes em série que o tornaram tão odioso como célebre.
Sabe-se que os assassinatos começaram em 1836, por volta da mesma altura em que Diogo Alves se envolveu amorosamente com a taberneira Gertrudes Maria (conhecida como a Parreirinha), cujo estabelecimento se situava na zona de Palhavã - perto de Sete Rios.
No entanto, desconhece-se ao certo como terá o meliante arranjado as chaves falsas das «mães de água», por onde depois se introduzia nas galerias do aqueduto, praticando assaltos e atirando as suas vítimas do topo do Arco Grande , a 65 metros de altura, para que não pudessem denunciá-lo.
Apesar de algumas fontes avançarem que, em 1837, Diogo Alves já teria morto mais de setenta pessoas, também não há certezas quanto ao total exacto de vítimas, já que as autoridades começaram por atribuir a invulgar sucessão de corpos encontrados no vale de Alcântara a uma onda de suicídios.
A passagem do aqueduto encurtava caminho à maioria dos transeuntes que, na sua maior parte, eram negociantes de hortaliças - os chamados saloios -, que se deslocavam a Lisboa para vender os seus produtos e regressavam a casa com o dinheiro das vendas.
Mais tarde, devido à agitação causada por tantas mortes, o aqueduto foi fechado à passagem de peões e assim se manteve durante décadas. Obrigado a mudar de esquema, Diogo Alves formou uma quadrilha e prosseguiu a sua carreira criminosa, acabando por ser preso e condenado à morte, em 1840, embora não pelos crimes cometidos no aqueduto (os quais não constam no processo): foi o massacre da família de um médico, durante um assalto em que se fizera acompanhar pelos seus cúmplices, que o levou à forca.
Foi executado na tarde de 19 de Fevereiro de 1841, no Cais do Tojo, o que lhe garantiu o privilégio de figurar como o último condenado à morte em Portugal.
Cabeça de Diogo Alves conservada em formol
exposta na Faculdade de Medicina
de
Lisboa
Após o enforcamento, cientistas de Lisboa deceparam a cabeça do bandido, com o intuito de estudarem as possíveis causas da sua malvadez - ao que se sabe, sem resultados. A cabeça, essa ainda existe, conservada em formol na Faculdade de Medicina de Lisboa.
A história do assassino do aqueduto deu origem a um filme mudo, «Os Crimes de Diogo Alves»
Cena do filme sobre a vida do Serial Killer
Diogo Alves
Estreado com grande publicidade no Salão da Trindade, a 26 de Abril de 1911, dois anos após o abandono de um primeiro projecto cinematográfico com o mesmo título.
Rodado ao longo de três semanas no Aqueduto das Águas Livres e no Hipódromo do Bom Sucesso, a película de 287 metros foi um sucesso de bilheteira e é hoje o mais antigo filme português de ficção - baseado na realidade -, com cópia conservada.
Constam os registos de ter sido realizado por João Tavares e interpretado por Alfredo de Sousa (Diogo Alves), Amélia Soares (Parreirinha), Gertrudes Lima (criança testemunhadora), José Clímaco, Narciso Vaz e Artur Braga (membros da quadrilha) ; alguns destes, figuram na foto acima publicada.
O filme custou 200 mil réis - que representavam ao câmbio de hoje, cerca de 2.500 euros.
Muito embora na história oficial - nossa fonte para este texto - conste que o julgamento não abordou nenhum crime ocorrido no aqueduto, tivémos acesso a um pequeno relato após a prisão de Diogo Alves, em que alguém, com poderes forenses, terá perguntado ao bandido se nunca teve pena de lançar as pessoas lá do alto do aqueduto, para a morte!
Terá ouvido, a seguinte confissão: " Só de uma! Uma criança que tive de matar, para que não falasse!... Antes de a largar para a queda da morte, a criança sorriu ingenuamente para mim, e eu senti pena!"
Fonte:
Arquivado em: século XIX, Curiosidades, Cultura Geral
comunidade.sol.pt
vídeos recolhidos do youtube por António Garrochinho
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