Selecção e tradução por Júlio Marques Mota
Contrepoints, 19 de Outubro de 2015
Onze milhões de automóveis Volkswagen foram equipados com um software informático para falsificar os valores das emissões de dióxido de azoto.
Contudo, antes de renunciar aos Volkswagen a diesel, ou de os alterar para os colocar de acordo as normas… americanas, seria necessário reflectir sobre as consequências ambientais e financeiras. Os engenheiros alemães da indústria automóvel não são uns incapazes, contra o que se dá por vezes a entender com os padrecas dos media. Cuidado com o burro de carga que está a ser Volkswagen! Isto interessa tanto os seus concorrentes… americanos.
Todos os automóveis são pilotados por programas informáticos que funcionam optimizando permanentemente os parâmetros de emissão. São indispensáveis para encontrar o bom compromisso entre o consumo de combustível e o desempenho do veículo.
Estes programas informáticos chamados “defeat devices”, o que significa “sistemas de neutralização” e não “”software” de batoteiros”, são autorizados e podem desactivar provisoriamente o sistema antipoluição para um funcionamento óptimo do motor. O famoso programa instalado sobre os veículos Volkswagen era programado certamente para reduzir o consumo de combustível em circulação normal mas também, infelizmente, para passarem com êxito nos testes antipoluição nos bancos de ensaio.
Para fazer motores eficazes, é necessário aumentar a taxa de combustão do combustível nos cilindros. Os pequenos motores diesel mais eficientes libertam por conseguinte menos hidrocarbonetos mal queimados (fumo preto). Têm uma melhor força de aceleração, consomem menos, emitem menos dióxido e monóxido de carbono (CO2 e CO), mas também emitem mais dióxido de azoto (NO2). São as leis da química.
Volkswagen sabe fabricar pequenos motores diesel potentes que produzem pouco CO2 e CO. Mas produzem mais NO2 que os grandes motores diesel, mais poluentes além disso. Para se conformarem às normas americanas proteccionistas e destinadas a favorecer os seus próprios grandes motores diesel, “a batota” dos engenheiros de Volkswagen consistiu em programar o seu software de modo que o motor funcionasse diferentemente durante os testes e sobre as estradas. De um ponto de vista ambiental, “isso aguenta-se na estrada”… “ça tient la route”…
Contudo, este comportamento é grave porque é desonesto, ainda que as normas americanas sejam ecologicamente “injustas”. A acção Volkswagen perdeu um terço do seu valor, o presidente Martin Winterkorn demitiu-se e a indústria alemã viu a sua reputação sujada por esta atitude.
Este passo de mágica permitiu a comercialização nos Estados Unidos de 500.000 automóveis que excedem as normas americanas de emissão de dióxido de azoto por um factor que vai de cinco a trinta e cinco, enquanto que estes mesmos veículos estão dentro do respeito das normas quando se trata da Europa. As normas europeias seriam laxistas?
Não. São sim as normas americanas que são impossíveis de respeitar para os pequenos motores. Não há nenhuma outra marca, para além de Volkswagen, a propor automóveis a diesel de quatro cilindros aos Estados Unidos. Agora sabe-se como é que Volkswagen realizava este “prodígio”.
Estas normas americanas “absurdas” (excepto para a sua própria indústria) obrigam os Americanos a comprar modelos diesel potentes e de forte consumo munidos de um dispositivo “anti-dióxido de azoto”! Só a partir de certo nível de consumo de combustível é que é rentável para o automobilista dispor de um tal sistema. A diferença de consumo (e por conseguinte de custo) deve ser importante entre o diesel e a gasolina, para amortecer o investimento suplementar cerca de 1500 euros por automóvel, bem como os custos das recargas regulares.
Assim, a tecnologia “AdBlue” injecta ureia nos gases de escape para reduzir as emissões de dióxido de azoto,… mas não as emissões de outros gases. Este sistema é instalado nos camiões, tractores e nos automóveis diesel de grandes cilindradas. A taxa de conversão em azoto e água é de 85%, e mesmo até 98% para certos motores.
Estas normas americanas não foram fixadas para proteger o ambiente, mas sim para prejudicar a ascensão do grupo europeu Volkswagen nos Estados Unidos, que alcançou o lugar de primeiro construtor mundial em Julho de 2015, e cuja especialidade é precisamente… os pequenos motores diesel.
Hoje, as autoridades americanas esfregam as mãos ao conseguirem impor à Volkswagen uma multa recorde, que pode atingir até os 18 mil milhões de dólares. E os Europeus indignam-se em uníssono contra o comportamento deste construtor, sem estar a perceber que estão a ser os pategos de toda esta farsa, porque para poder respeitar as normas americanas, seria necessário poluir mais e… comprar americano!
Michel Gay, Affaire Volkswagen: l’Europe est le dindon de la farce, texto disponível em Contrepoints- le nivellement par le haut cujo endereço é :
Michel Gay, http://odb.outbrain.com/utils/get?url=http%3A%2F%2Fwww.contrepoints.org%2F2015%2F10%2F19%2F225945-affaire-volkswagen-leurope-est-le-dindon-de-la-farce&srcUrl=http%3A%2F%2Fwww.contrepoints.org%2Ffeed&settings=true&recs=true&widgetJSId=AR_2&key=NANOWDGT01&idx=0&version=292728&ref=&apv=false&sig=vq7IRvE2&format=html&rand=57396&winW=1280&winH=929Affaire Volkswagen: l’Europe est le dindon de la farce http://ww1097.smartadserver.com/config.js?nwid=1097http://ads.themoneytizer.com/nugg2.php?theme=871347797https://platform.twitter.com/js/button.aec556e1a316f63b43fda3ae1e6a3e10.jshttp://widgets.outbrain.com/outbrain.js//po.st/v1/counter?publisherKey=1sbtjc2sqopftf032cn&channel=clipboard&url=http%3A%2F%2Fwww.contrepoints.org%2F2015%2F10%2F19%2F225945-affaire-volkswagen-leurope-est-le-dindon-de-la-farce&increment=true&1445698022853&callback=r1PoStJSONP2887
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