A apenas uma semana das eleições autonómicas catalãs, o governador do banco central espanhol recorre à chantagem. Caso a Catalunha ganhe a independência, a saída do Euro será "automática", adverte Luis Maria Linde.
22 de Setembro, 2015
Forças independentistas deverão conquistar maioria dos mandatos nas eleições de 27 de setembro.
Durante um pequeno-almoço organizado pelo Europa Press, Luis María Linde, numa clara tentativa de interferência no processo eleitoral em curso, referiu que, se as aspirações dos independentistas se concretizarem, poderá haver lugar a uma espécie de controlo de capitais na Catalunha, à semelhança do que aconteceu na Grécia há cerca de três meses.
"É um risco que existe", alertou o governador do banco central espanhol, sublinhando que "o território [catalão] deixaria de ter acesso às facilidade de crédito asseguradas pelo Banco Central Europeu (BCE)".
Linde alertou ainda que a saída da moeda única por parte da Catalunha seria "automática".
Chorrilho de chantagens e intimidações
O responsável do Banco de Espanha lembrou as preocupações das duas grandes associações de bancos e caixas de depósitos do país que, num comunicado conjunto emitido na semana passada, ameaçaram "reconsiderar a sua implantação" numa Catalunha fora de Espanha.
No documento, a Asociación Española de Banca (AEB) - que agrega os bancos Sabadell, CaixaBank, Santander e BBVA - e a Confederación Española de Cajas de Ahorros (CECA) afirmam que a exclusão da Catalunha da zona euro “comportaria que todas as entidades bancárias com presença na Catalunha enfrentariam graves problemas de insegurança jurídica”.
“Estas dificuldades obrigariam as entidades a reconsiderar a sua estratégia de implantação, com o consequente risco de redução da oferta bancária e, com isso, de exclusão financeira e encarecimento e escassez do crédito”, avançam, apelando “aos líderes políticos para que, por meio do diálogo, impulsionem as reformas que permitam progredir na consequência de maiores níveis de bem-estar e coesão social para todos”.
Na sexta-feira foi a vez do Circuito de Empresários divulgar uma missiva na qual alerta para os “gravíssimos danos no caso de secessão”, exortando os catalães a votar contra a rutura.
“Apelamos ao bom sentido da cidadania catalã (…) para que evite com o seu voto empreender um caminho de difícil retorno, pois romperia os laços sociais e as relações económicas”, lê-se no documento.
Também o presidente da Liga espanhola, Javier Tebas, que chegou a ser dirigente da juventude do partido de extrema-direita Fuerza Nueva(Força Nova) em Huesca, quis lembrar esta segunda-feira que “caso a Catalunha ganhe a independência, o Barcelona deixará de jogar no campeonato espanhol”.
É expectável que as chantagens e as intimidações contra o povo catalão subam de tom à medida que se aproximam as eleições, principalmente porque as mais recentes sondagens apontam para uma vitória com grande margem dos independentistas Juntos pelo Sim.
A sondagem da Sigma Dos para o El Mundo, divulgada esta segunda-feira, atribui à coligação Juntos Pelo Sim, que agrega o partido de Artus Mas à Esquerda Republicana Catalã, 40,5% e entre 65 a 66 deputados, o que deixa a candidatura independentista à porta da maioria absoluta, de 68 deputados. Já a CUP, partido independentista de esquerda, triplicaria o número de representantes, passando de três para nove deputados, com 7,3%, sendo necessária para “assegurar uma frente hegemónica no Parlamento para a rutura com o resto do país”.
A sondagem da Sigma Dos divulgada na semana passada dava entre 62 e 65 deputados ao Juntos pelo Sim, com 39,4%, e entre 8 a 9 deputados para a CUP, com 6,7%.
Atualmente, os Ciudadanos são apontados como segunda força, passando de 9 lugares para a 19 ou 20. Segue-se o Catalunha, sim Podemos (14), Partido dos Socialistas da Catalunha (13-14) e PP (12-13).
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