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segunda-feira, 12 de maio de 2014

Notas do meu rodapé: Os equívocos de Alberto Martins e do seu PS 1- Tenho muito respeito por Alberto Martins, até porque ele foi um dos líderes carismáticos das lutas académicas contra o fascismo e contra a Guerra Colonial, em 1969. Mas não posso concordar com ele, quando, agora, num comício da campanha eleitoral do seu partido, ataca o PCP e o BE, desafiando-os, de uma forma implícita, a combater unicamente o inimigo principal, a coligação PSD/CDS

Notas do meu rodapé: Os equívocos de Alberto Martins e do seu PS


1- Tenho muito respeito por Alberto Martins, até porque ele foi um dos líderes carismáticos das lutas académicas contra o fascismo e contra a Guerra Colonial, em 1969. Mas não posso concordar com ele, quando, agora, num comício da campanha eleitoral do seu partido, ataca o PCP e o BE, desafiando-os, de uma forma implícita, a combater unicamente o inimigo principal, a coligação PSD/CDS, e a não enfraquecer, como aconteceu num passado recente, o partido melhor colocado para derrotar a política de direita, o PS. Quando Alberto Martins afirma que “é a altura já de [PCP e BE] darem a volta aos erros cometidos” e que “eles quando votaram a favor de uma moção de censura ao governo do PS [de José Sócrates] abriram a porta a esta direita”, ele deveria ter a consciência de que quem acabou por abrir a porta à direita foi precisamente o próprio PS, com a sua política de ataque aos desempregados, reformados e pensionistas (os célebres PEC’s), o que conduziu à humilhante derrota nas eleições legislativas seguintes. Tivesse o governo de Sócrates governado a favor do povo e, de certeza, o eleitorado não o teria penalizado, em favor da direita, que teve a habilidade de enganar mais uma vez os portugueses com promessas falsas. Alberto Martins troca assim a hierarquia e a ordem dos termos da causalidade, tomando a causa por efeitos e os efeitos por causa.
Eu sei que o PCP vai ser uma vítima (como é costume) de um ataque cerrado e mal intencionado dos dirigentes socialistas, que não lhe perdoam o facto de ser o único partido que, com coerência, denuncia o cego europeísmo do PS (que o PSD não pode denunciar, naturalmente), argumento este que permite concluir da impossibilidade de aquele partido vir a poder alterar a rota política da austeridade que os donos da Europa estão a impor a Portugal e à Grécia, quer porque se trata de dois países com pouca força política nas instâncias europeias, quer porque os parceiros europeus da família socialista já se converteram à filosofia política da austeridade, ditada pela Alemanha e pela França e outros países ricos da zona euro.
E esta denúncia do PCP não vem de agora. Já remonta à época da adesão de Portugal à então CEE. O PCP teve a lucidez de perceber (e é isto que os dirigentes socialistas não perdoam) que a Europa rica iria dar a Portugal rebuçados envenenados. Deram-nos carradas de dinheiro para construir auto estradas e outras obras públicas, o que exigia comprar-lhes caríssimos equipamentos e outros materiais da construção civil, o que beneficiou as indústrias da Alemanha e da França; excluíram o nosso país da PAC (Política Agrícola Comum) no primeiro Quadro Comunitário a que Portugal tinha direito, para facilitar as importações de produtos agrícolas espanhóis e franceses, objetivo este que também esteve presente, para espanto de toda a gente, quando os agricultores portugueses começaram a receber subsídios para arrancar vinha e olival e para os armadores destruírem barcos, favorecendo assim  o mercado exportador de peixe espanhol.

2- Foi com estas políticas que começou a praticar-se a solidariedade dos nossos amiguinhos europeus, que os dirigentes do PS e do PSD consideram altruístas e solidárias, e que prosseguiram nas décadas seguintes, ao promoverem empréstimos dos seus bancos nacionais aos bancos portugueses, para estes endividarem as famílias e as empresas, até que se declarou a bolha imobiliária (lixo de créditos mal parados), que ia rebentando com o euro, não fosse a outra manobra “solidária” e “altruísta”, engendrada pela Alemanha, que, para salvar os seus próprios bancos, à beira da falência, e através da austeridade imposta aos países da periferia, lhes transferiu os encargos para as respetivas dívidas soberanas. E é devido a esta solidariedade europeia, tão enaltecida pelos europeístas dos partidos do arco da agressão (a que eu chamo arco da traição), que Portugal tem agora uma dívida pública colossal, que é impagável, e um nível de desemprego estrutural, que se vai manter por muitos anos, se Portugal, entretanto, não provocar uma verdadeira rutura política com a Europa predadora. E Alberto Martins, embora diga que “a disciplina orçamental pode conviver com a dinamização da economia e o crescimento”, não consegue explicar como isso será possível, quando já é admitido que sem uma renegociação e reestruturação da dívida pública (perdão de parte da dívida, baixa da taxa de juro e alongamento da sua maturidade), não haverá margem para o crescimento económico. Nem ele nem nenhum outro dirigente do PS. E é a este nível que reside a falácia do PS, que o PCP, com inteira razão, denuncia.

alpendredalua.blogspot.pt

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