Os Condes da Estrela
O apelido Conde vale o que vale, mesmo que um qualquer pé descalço pretenda que o apelido também passa a título na pia batismal e mesmo que, cumulativamente, faça recurso a uma qualquer família Conde que veio por aí abaixo nos tempos do Condado Portucalense, tendo deixado umas sementes na zona da Estrela, sementes que desabrocharam em pleno século XX, germinadas por grandes doses de ridículo.
Mas pensava eu que isso de Conde tinha apenas a ver com o António, senhor de imensos recursos na arte de reescrever a história, ao ponto de dar a minha terra como terra de Viriato, com argumentos impossíveis de ultrapassar: uma das ruas mais antigas tem o nome de Viriato, o povo é da mesma opinião desde apaniguado do historiador de alto gabarito como era Hermano Saraiva e, além disso, em tempos terá mesmo existido a intenção, falhada, de se erigir uma estátua ao pastor dos Montes Hermínios. Reconheça-se que argumentar assim não é para qualquer um.
Ora acontece que hoje dou com um mano Zé em foto de perfil no FB, inchado de vaidade e muito compostinho ao lado de Sua Alteza Real Dom Duarte Pio – o respeitinho é muito bonito -, e isso só me permite a conclusão de aquilo ser mal ou defeito de família e que passou incólume às vacinas da época.
Assim sendo, temos já dois condes, ou seja, a minha terra corre o risco de ter albergado, embora sem proveito e, talvez por isso, sem reconhecimento, um ramo da nobreza.
Agora só falta integrar tais condes na família deste que um dia se afirmou visconde por ser duas vezes conde, se calhar de Castelo e de Branco. E estariam bem uns para os outros, abençoados pela cativante Betty.
Seria ridículo a mais, mas só se estragaria um palácio.
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