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domingo, 8 de setembro de 2013

Onde está o tão propagado crescimento económico feito por Passos Coelho? Maria Luís Albuquerque Os alarmes soaram esta semana quando as taxas de rendibilidade (yields) da dívida portuguesa a 10 anos voltaram a superar a barreira dos 7%. Além do simbolismo, por ter sido a fasquia fixada pelo ex-ministro Teixeira dos Santos para fazer o pedido de resgate, os juros estão ao nível mais elevado desde o início de julho,

Onde está o tão propagado crescimento económico feito por Passos Coelho?

Maria Luís Albuquerque

Os alarmes soaram esta semana quando as taxas de rendibilidade (yields) da dívida portuguesa a 10 anos voltaram a superar a barreira dos 7%. Além do simbolismo, por ter sido a fasquia fixada pelo ex-ministro Teixeira dos Santos para fazer o pedido de resgate, os juros estão ao nível mais elevado desde o início de julho, mês marcado pela instabilidade política após a demissão de Vítor Gaspar e do sai-não-sai de Paulo Portas. Nessa altura, as yields tocaram nos 7,5%. A contínua escalada da desconfiança e a saída de investidores destes títulos irão não só alargar mais o diferencial face aos juros da Irlanda mas também ameaça Portugal de não conseguir manter as pisadas do tigre celta no regresso aos mercados de dívida.


“Os juros das dívidas soberanas têm vindo a subir desde que, no início do verão, se começou a encarar a possibilidade do fim das medidas de estímulo dos bancos centrais, em especial nos EUA”, afirmou Filipe Silva ao Dinheiro Vivo. O diretor da gestão de ativos do Banco Carregosa explicou que “o fim dessas ajudas aumenta o risco para a dívida pública, logo faz subir as taxas”.
No caso de Portugal o agravamento das yields tem sido mais acentuado nos últimos dias. Ontem, a taxa a 10 anos voltou a subir pela quarta sessão consecutiva, para os 7,1%. No caso da Irlanda, e para o mesmo prazo, o valor era de 4%. Se fossem necessários mais sinais da crescente desconfiança relativamente à capacidade de Portugal reembolsar a dívida, bastaria olhar para os prazos mais curtos. A dois anos, os juros da dívida estavam ontem nos 5,47%, o que significa que os investidores exigem juros quase tão elevados na dívida de prazos curtos como na de prazos longos. Mas a subida das yields não se cinge apenas a Portugal. As taxas dos restantes países periféricos também têm vindo a subir e nem a maior economia europeia escapou, com as bunds alemãs a 10 anos a superarem os 2% pela primeira vez em ano e meio.
À expectativa de retirada de estímulos monetários por parte da Reserva Federal (Fed) - além da desconfiança sobre Portugal - junta-se um outro factor de pressão: a liquidação de posições em obrigações devido à forte queda dos preços nos últimos tempos. Os recentes indicadores económicos, que apontam para a retoma, estão a levar os investidores a transferir capitais destes ativos para outros, como as ações.
“Tudo indica que os investidores estão, para já, a canalizar os seus investimentos para fundos de tesouraria. Muito destes recursos vêm do desfazer de investimentos nos mercados emergentes”, sublinhou João Zorro ao Dinheiro Vivo. No entanto, o diretor de investimentos da ESAF salienta que “o investimento em obrigações manter-se-á ativo, pois o grosso dos investidores procura investimentos com retornos mais previsíveis e a subida das taxas de juro irão certamente atrair bastante atenção logo que a volatilidade neste mercado diminua”.
Os analistas não antecipam, no curto prazo, uma queda dos juros. A confirmar-se, o impacto do agravamento poderá manifestar-se nas próximas emissões de Portugal, com destaque para o leilão de longo prazo que o país vai tentar realizar depois do Orçamento do Estado para 2014. Apesar de querer provar que consegue ir sozinho, mesmo que para isso tenha de pagar preços elevados, o regresso de Portugal aos mercados está sob ameaça. “Não faz sentido emitir a custos proibitivos, como estão neste momento as yields das obrigações portuguesas”, concluiu João Zorro.



Entre Dezembro de 2011 e Junho de 2013, os gabinetes dos membros do Governo passaram de um total de 951 pessoas para 996: um aumento de 4,7% a que corresponde mais 45 elementos nomeados na equipa do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.
Segundo dados da Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP), entre Junho e Março deste ano, o Executivo ficou com mais 9 elementos, de 987 para 996 elementos.
Este balanço foi feito antes da última remodelação governamental — em Julho —, que aumentou a equipa do primeiro-ministro de 12 para 15 ministérios.
De realçar que o site oficial do Governo ainda não disponibilizou qualquer nomeação da ministra de Estado e das Finanças, Maria Luís Albuquerque, e do ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete.
No momento em que os funcionários públicos já começaram a receber cartas para rescindir o vínculo de forma amigável, o DGAEP revela que a administração pública central perdeu mais de 30 mil pessoas entre Dezembro de 2011 e Junho de 2013: de 458.353 para 428.187.
No primeiro semestre de 2013, aposentaram-se 4.484 funcionários da administração central pública e 9.877 pessoas engrossaram as fileiras da mobilidade. Isto numa altura em que já foi enviado para o Tribunal Constitucional o decreto de requalificação que abre a porta a despedimentos na Função Pública.

Abaciente
João Couto

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