Onde está o tão propagado crescimento económico feito por Passos Coelho?
“Os juros das dívidas soberanas têm vindo a subir desde que, no início do verão, se começou a encarar a possibilidade do fim das medidas de estímulo dos bancos centrais, em especial nos EUA”, afirmou Filipe Silva ao Dinheiro Vivo. O diretor da gestão de ativos do Banco Carregosa explicou que “o fim dessas ajudas aumenta o risco para a dívida pública, logo faz subir as taxas”.
No caso de Portugal o agravamento das yields tem sido mais acentuado nos últimos dias. Ontem, a taxa a 10 anos voltou a subir pela quarta sessão consecutiva, para os 7,1%. No caso da Irlanda, e para o mesmo prazo, o valor era de 4%. Se fossem necessários mais sinais da crescente desconfiança relativamente à capacidade de Portugal reembolsar a dívida, bastaria olhar para os prazos mais curtos. A dois anos, os juros da dívida estavam ontem nos 5,47%, o que significa que os investidores exigem juros quase tão elevados na dívida de prazos curtos como na de prazos longos. Mas a subida das yields não se cinge apenas a Portugal. As taxas dos restantes países periféricos também têm vindo a subir e nem a maior economia europeia escapou, com as bunds alemãs a 10 anos a superarem os 2% pela primeira vez em ano e meio.
À expectativa de retirada de estímulos monetários por parte da Reserva Federal (Fed) - além da desconfiança sobre Portugal - junta-se um outro factor de pressão: a liquidação de posições em obrigações devido à forte queda dos preços nos últimos tempos. Os recentes indicadores económicos, que apontam para a retoma, estão a levar os investidores a transferir capitais destes ativos para outros, como as ações.
“Tudo indica que os investidores estão, para já, a canalizar os seus investimentos para fundos de tesouraria. Muito destes recursos vêm do desfazer de investimentos nos mercados emergentes”, sublinhou João Zorro ao Dinheiro Vivo. No entanto, o diretor de investimentos da ESAF salienta que “o investimento em obrigações manter-se-á ativo, pois o grosso dos investidores procura investimentos com retornos mais previsíveis e a subida das taxas de juro irão certamente atrair bastante atenção logo que a volatilidade neste mercado diminua”.
Os analistas não antecipam, no curto prazo, uma queda dos juros. A confirmar-se, o impacto do agravamento poderá manifestar-se nas próximas emissões de Portugal, com destaque para o leilão de longo prazo que o país vai tentar realizar depois do Orçamento do Estado para 2014. Apesar de querer provar que consegue ir sozinho, mesmo que para isso tenha de pagar preços elevados, o regresso de Portugal aos mercados está sob ameaça. “Não faz sentido emitir a custos proibitivos, como estão neste momento as yields das obrigações portuguesas”, concluiu João Zorro.
Segundo dados da Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP), entre Junho e Março deste ano, o Executivo ficou com mais 9 elementos, de 987 para 996 elementos.
Este balanço foi feito antes da última remodelação governamental — em Julho —, que aumentou a equipa do primeiro-ministro de 12 para 15 ministérios.
De realçar que o site oficial do Governo ainda não disponibilizou qualquer nomeação da ministra de Estado e das Finanças, Maria Luís Albuquerque, e do ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete.
No momento em que os funcionários públicos já começaram a receber cartas para rescindir o vínculo de forma amigável, o DGAEP revela que a administração pública central perdeu mais de 30 mil pessoas entre Dezembro de 2011 e Junho de 2013: de 458.353 para 428.187.
No primeiro semestre de 2013, aposentaram-se 4.484 funcionários da administração central pública e 9.877 pessoas engrossaram as fileiras da mobilidade. Isto numa altura em que já foi enviado para o Tribunal Constitucional o decreto de requalificação que abre a porta a despedimentos na Função Pública.
Abaciente
João Couto
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