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quinta-feira, 19 de setembro de 2013

há rir e rir… Os humoristas dizem muitas vezes que hoje não é praticamente necessário ter um grande talento, toque de genialidade ou dom especial para, nas actuais circunstâncias, fazer rir.

há rir e rir…

Os humoristas dizem muitas vezes que hoje não é praticamente necessário ter um grande talento, toque de genialidade ou dom especial para, nas actuais circunstâncias, fazer rir. Afirmam com alguma regularidade que a situação do nosso país é, só por si, um manancial do mais requintado e insofismável anedotário que alguma vez atravessou lusas paragens. Declaram que basta dotar a fauna que fala e se mostra por aí de alguns poucos traços técnicos relativos à composição de caricaturas para que a realidade realce e expanda o que na verdade já é: uma comédia.
Sem querer contrariar, até porque a comédia está tão próxima da tragédia que há gente que as confunda, prefiro achar que a fauna desfilante da neoliberal procissão proporciona um espectáculo mais deprimente que humorístico, mais neurológico que hilário, mais aterrador que cómico, mais grave e perigoso que burlesco.
Sem necessidade de grande talento, também não nos custa ver, nesta procissão insana que não passa do adro, neste préstito funério que nem encomenda as almas, neste cortejo sem prendas nem flores, palhaços galhofeiros que apavoram crianças, títeres que espetam corrosivos punhais, bobos que matam por asfixia de riso, truões que nos espoliam, nos definham, gargalhando.
Que me desculpem os humoristas, mas um espectáculo assim pode muito bem ser uma tragédia, um holocausto, um estertor. O mesmo espectáculo vira riso para os poderosos e sacrilégio para os desamparados. Um espectáculo assim pode muito bem ser de morrer a rir…


tralapraki.blogspot.pt

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