O QUE MOVE MARCELO A DEFENDER CAVACO
Marcelo Rebelo de Sousa, nas suas pregações de Domingo, resolveu – a pedido, claro – pronunciar-se sobre os justíssimos ataques que têm estado a ser desferidos contra o presidente Cavaco Silva.
Enquanto relativamente a outros temas ostenta sempre um certo distanciamento, como se não fosse militante e responsável do PSD, e seu, aliás, ex-Presidente, desta feita, Marcelo empertigou-se e, em tom descontrolado, zurziu tudo e todos por criticarem, apuparem e vaiarem o actual Presidente da República.
Chegou mesmo a atacar os barrosistas por não saírem em defesa de Cavaco.
Mas, pela forma como o fez, Marcelo deixou cair esse verniz de comentador isento e equidistante com que se procura apresentar e pôs a descoberto a sua verdadeira face.
Na verdade, o que Marcelo veio defender foi que se pode apupar e vaiar à vontade o primeiro-ministro, o governo e a própria presidente da assembleia da República, mas já não se pode fazer o mesmo a Cavaco Silva – isto é, a democracia pára aí.
Isto, pela simples razão de ele ser o Presidente da República e no Presidente da República, em altura de crise, não se toca.
Assim, para Marcelo, pouco importa que Cavaco tenha sido e continue a ser um dos principais responsáveis pela situação económica e financeira em que o país se encontra, é mesmo secundário que ele seja envolvido em negociatas obscuras ou que estivesse rodeado de amigos que ou estão ou vão a caminho dos calabouços por altas vigarices, como se mostra irrelevante que Cavaco revele expressamente o seu agrado pelas mais recentes medidas terroristas tomadas pelo seu governo.
E tudo isto, segundo Marcelo, porque nós precisamos deste presidente como uma reserva e um garante da establilidade para quando este governo cair, isto é, para quando for corrido pelo povo.
Marcelo está, como o seu amigo Cavaco, apavorado com a amostra de Guimarães, da Escola António Arroio, com as denúncias sobre as famélicas pensões do presidente e pelo mais que aí vem.
Seja o que for que faz correr Marcelo em defesa de Cavaco – se o Presidente fosse outro, que criticasse e se opusesse ao governo de traição PSD/CDS, outro Marcelo cantaria -, de nada lhe vale essa tentativa de salvar o seu Amigo, já que o povo português percebeu e perceberá cada vez melhor na sua própria pele que, enquanto houver presidentes destes a proclamar que governos de traição nacional como o do Coelho/Portas estão a fazer um bom trabalho, não são cá precisos para nada.
E muito menos quando este governo for derrubado, porque, nessa altura, o que vier em seu lugar terá de ser um governo democrático patriótico, que não será o actual presidente a empossar.
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