O mistério do vírus que só ataca portugueses
A prolongada época de frio intenso, conjugada com a ocorrência tardia da epidemia de gripe sazonal e a circulação de outros vírus respiratórios serão as principais explicações para o excesso de mortalidade observado nas três primeiras semanas deste mês. Para já, são estas as justificações avançadas pelos responsáveis da Direcção-Geral da Saúde (DGS). Podemos, portanto, ficar completamente tranquilos que este aumento de mortalidade não tem nada, mesmo nada que ver com a maior vulnerabilidade das vítimas da fome que assola o país, está menos relacionado ainda com o aumento brutal das tarifas eléctricas e ainda menos com o aumento das taxas moderadoras no sector da Saúde. Toda a gente tem dinheiro para comer, sobra muito para o aquecimento da casa e não falta para ir ao médico e para a farmácia. O vírus apanhou alguns distraídos, é tudo.
O que eu gostava mesmo de saber, escrito preto no branco pelas autoridades sanitárias, é se este vírus tem uma especial preferência por portugueses ou se, pelo contrário, este aumento de mortalidade também se verificou aqui ao lado, em Espanha, e no resto da Europa, muito mais fria. A avaliar pela imprensa estrangeira, que acompanho com alguma atenção, não houve nenhum aumento de mortalidade semelhante. E os meus amigos que vivem em França, Espanha e Alemanha ficaram supreendidos com a pergunta quando tentei saber se o anormal também andou a fazer das suas por lá. Pelo sim, pelo não, aconselha-se contenção verbal. Comprovadamente, o assassino não é surdo e ataca assim que ouve falar português. Podem tentar ludibriá-lo comunicando-se em língua estrangeira, mas é um risco. Não sabemos se também detecta sotaques. E há vírus que sabem mais do que ao diabo esqueceu.
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