em comum
Eu li a reportagem da Sábado sobre o Opus Dei com o espírito concentrado em dois pontos. Primeiro, para identificar as pessoas que utilizavam o Opus Dei para seu benefício pessoal. Segundo, para identificar as pessoas que davam ao Opus Dei, ou através do Opus Dei. Não encontrei ninguém na primeira categoria. Todas pertencem à segunda.
Existe uma passagem onde o advogado José Afonso Gil vende umas propriedades da fundação de que é administrador e entrega um cheque de mais de 700 mil contos a Jardim Gonçalves que, alegre, telefona à mulher para lhe anunciar: “Olha, cá está a massa para safar isto”. E o que é “isto”? É o passivo da Fomento, uma cooperativa de ensino que administra quatro colégios em Portugal. A obra do Opus Dei é sobretudo uma obra educacional em consonância com a finalidade primeira da Igreja Católica - o magistério da palavra de Cristo.
O tom da reportagem, porém, é económico, e o título é mesmo enganador: "A Fortuna Escondida do Opus Dei em Portugal”, a sugerir semelhanças com a Maçonaria. Mas nem o Opus Dei tem qualquer fortuna - os seus bens consistem em três jazigos -, nem as pessoas ou instituições que são beneméritas do Opus Dei escondem alguma coisa. Como, de resto, a reportagem mostra à evidência detalhando as propriedades e outros bens que essas pessoas e instituições possuem e até pondo preços de mercado sobre cada uma delas.
Para um economista como eu, a arquitectura económica em que assenta a actividade do Opus Dei - que é uma actividade consagrada à dádiva - é simplesmente genial. Só uma instituição como a Igreja Católica, que possui toda a memória histórica da humanidade, podia fazer assentar a dádiva numa organização económica tão original e eficaz. A explicação para esta arquitectura ecónomica é fornecida na reportagem numa afirmação que, de forma espúria ou não, é atribuida ao seu fundador, S. Josemaria Escrivá: “Os jesuítas perderam muitas coisas porque era fácil localizá-las. Não cometamos esse erro”.
A comparação com os jesuítas, que são tomados como referência, é interessante em dois sentidos. O primeiro é o que decorre da citação: se algum dia, em Portugal, o Estado perseguir o Opus Dei, como perseguiu os Jesuítas, e lhes confiscar as propriedades, só vai encaixar três jazigos. O segundo sentido tem uma natureza diferente.
O Opus Dei é hoje em Portugal e em outros países de tradicionalismo católico talvez a instituição da Igreja que mais mistério, mais desconfiança, mais ressentimento, mais impaciência e mais irritação suscita, e tudo isto exactamente na mesma medida em que os jesuítas suscitaram nos seus tempos áureos. Só a jovem revista Sábado já lhe dedicou cinco capas.
A razão é que o Opus Dei e os Jesuítas têm um importantíssimo elemento em comum. Que nunca é referido, nem sequer aflorado na reportagem, por total falta de entendimento dos jornalistas acerca daquilo de que estão a falar.
Existe uma passagem onde o advogado José Afonso Gil vende umas propriedades da fundação de que é administrador e entrega um cheque de mais de 700 mil contos a Jardim Gonçalves que, alegre, telefona à mulher para lhe anunciar: “Olha, cá está a massa para safar isto”. E o que é “isto”? É o passivo da Fomento, uma cooperativa de ensino que administra quatro colégios em Portugal. A obra do Opus Dei é sobretudo uma obra educacional em consonância com a finalidade primeira da Igreja Católica - o magistério da palavra de Cristo.
O tom da reportagem, porém, é económico, e o título é mesmo enganador: "A Fortuna Escondida do Opus Dei em Portugal”, a sugerir semelhanças com a Maçonaria. Mas nem o Opus Dei tem qualquer fortuna - os seus bens consistem em três jazigos -, nem as pessoas ou instituições que são beneméritas do Opus Dei escondem alguma coisa. Como, de resto, a reportagem mostra à evidência detalhando as propriedades e outros bens que essas pessoas e instituições possuem e até pondo preços de mercado sobre cada uma delas.
Para um economista como eu, a arquitectura económica em que assenta a actividade do Opus Dei - que é uma actividade consagrada à dádiva - é simplesmente genial. Só uma instituição como a Igreja Católica, que possui toda a memória histórica da humanidade, podia fazer assentar a dádiva numa organização económica tão original e eficaz. A explicação para esta arquitectura ecónomica é fornecida na reportagem numa afirmação que, de forma espúria ou não, é atribuida ao seu fundador, S. Josemaria Escrivá: “Os jesuítas perderam muitas coisas porque era fácil localizá-las. Não cometamos esse erro”.
A comparação com os jesuítas, que são tomados como referência, é interessante em dois sentidos. O primeiro é o que decorre da citação: se algum dia, em Portugal, o Estado perseguir o Opus Dei, como perseguiu os Jesuítas, e lhes confiscar as propriedades, só vai encaixar três jazigos. O segundo sentido tem uma natureza diferente.
O Opus Dei é hoje em Portugal e em outros países de tradicionalismo católico talvez a instituição da Igreja que mais mistério, mais desconfiança, mais ressentimento, mais impaciência e mais irritação suscita, e tudo isto exactamente na mesma medida em que os jesuítas suscitaram nos seus tempos áureos. Só a jovem revista Sábado já lhe dedicou cinco capas.
A razão é que o Opus Dei e os Jesuítas têm um importantíssimo elemento em comum. Que nunca é referido, nem sequer aflorado na reportagem, por total falta de entendimento dos jornalistas acerca daquilo de que estão a falar.
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