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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012



COBARDIA


Porque me procuras nas ruas escuras, onde a noite se deita entre as pedras e o odor
nauseabundo a urina, onde os esquecidos e os vadios dormitam, a sua revolta passiva, em sonos profundos?
Eu fujo das trevas, dos tentáculos obscuros dessa mesma noite…! Fujo, sim, por mais que o meu olhar se demore nessa tristeza pegajosa, fujo enquanto me concentro nesses pesadelos horrendos que me tiram o sono!
Porque me procuras lá…?
Eu fujo da dor, do terror dessa realidade maquiavélica, desse desprezível e horrível murro que me dão nos estômago, porque tal como tu, sou cobarde… porque tu e eu conhecemos esse lado sombrio da realidade e ignoramos, ao desviar o olhar como quem foge de um temporal!
Por mais lágrimas de crocodilo que nos deslizem pelas faces, não são elas que irão dar de comer a esses homens e mulheres esquecidos pela sociedade. Droga... que hipocrisia!!
Para que nos serve a sensibilidade, as insónias e as revoltas, se nada fazemos para mudar o rumo das coisas? Se nos refugiamos nos lírios que o pensamento faz desabrochar, como se nos defendêssemos do holocausto?
Sabes?
Os mendigos já nem sabem como se chora!Estão cegos de sonhos e de esperanças e no entanto nada pedem.
É como se nos pedissem desculpa por existirem! Eles aprenderam a aproveitar o sal das lágrimas para temperar as pedras que que um dia foram pão e que os fastidiosos e incultos egoístas, abandonam em sacos abertos para que os cães os removam.
Não me procures lá porque estou com medo de tudo…! Das sombras, dos cheiros, de ti e de mim. Da infame hipocrisia de todos nós que nos imaginamos em pétalas de rosas e cravos, enquanto a pobreza vasculha os caixotes de lixo!
Apetece-me chorar… por ti e por mim!
Já te disse… não me procures lá porque se permanecer com essas janelas abertas do pensamento, será ali mesmo que morrerei de dor, de raiva por não ser capaz de levar até aquele lugar sombrio os rios que me atravessam os olhos.
Pelos menos sentir-me-ia útil se conseguisse lavar aquele cheiro a podridão e se levasse alguns raios de sol às trevas daquela morte lenta!

(VÓNY FERREIRA)
blog Nem sim...nem não...nem sempre Vony Ferreira

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