Mais de uma centena de pessoas compareceram este domingo nas cerimónias fúnebres de Catalina Pestana, na Igreja da Cruz Quebrada, Oeiras.
Foi com aplausos que familiares e amigos se despediram da antiga provedora da Casa Pia de Lisboa. "Sinto uma tristeza profunda, porque de alguma forma é a minha mãe que vai a enterrar. Minha e de centenas de casapianos que ela soube proteger, contra tudo e todos, sofrendo perseguições brutais e ameaças.
É um exemplo que vai permanecer", disse ao CM, emocionado, Pedro Namora, advogado e antigo aluno da Casa Pia. Felícia Cabrita, primeira jornalista a noticiar o escândalo de pedofilia na Casa Pia de Lisboa, em 2002, criticou o silêncio do Governo, bem como a ausência de representantes no funeral. "O silêncio da nossa classe política estaria a fazer rir a Catalina Pestana.
Tirando umas palavras no site da presidência, o Governo não disse uma única palavra de despedida a esta mulher que marca a história de um país. Infelizmente, as nossas crianças contam com o silêncio desta gentinha."
Pedro Namora não ficou surpreendido. "Este Governo, e nomeadamente o ministro da Segurança Social [Vieira da Silva], foi o mesmo ministro que no tempo do senhor Sócrates afastou a doutora Catalina Pestana da Casa Pia e da proteção das crianças, portanto não esperava outra coisa deste Governo", disse, acrescentando:
"Significa que eles não se reveem no exemplo desta grande senhora, que durante muitos anos protegeu as crianças dos abusos sexuais." Bagão Félix, ministro da Segurança Social que em 2002 nomeou Catalina Pestana para a Casa Pia, esteve presente no funeral, mas não prestou declarações.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, fez-se representar por elementos das casas Civil e Militar. O juiz conselheiro Armando Leandro destacou a "ética irrepreensível" da ex-provedora. Cristina Fangueiro, presidente da Casa Pia, lembrou o seu papel como "defensora dos direitos das crianças". O funeral seguiu para o Cemitério de Barcarena, Oeiras.
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