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segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

De onde vem o que comemos na Consoada?


Com excepção do vinho e da água, o jantar de dia 24 de Dezembro não 

poderia ser feito sem produtos importados da China, do Canadá e da Índia.

     
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Getty Images
De onde vem a maior parte do bacalhau que os portugueses comem? Olhando para os números oficiais do INE, a famosa Noruega representa uns surpreendentes e insignificantes 0,5% do total importado – e é da Suécia e dos Países Baixos que vêm mais de dois terços do bacalhau. A Noruega, que até tem um bacalhau na nota de 200 coroas, é o maior fornecedor extracomunitário de peixe da União Europeia, mas este passa por intermediários em pontos de entrada comerciais, como Roterdão – e, de repente, é assim que apesar de bem mais de metade do bacalhau consumido pelos portugueses ser oriundo de águas norueguesas, oficialmente a Holanda é um dos maiores fornecedores do País. (Curiosidade adicional: a China exportou o ano passado mais de 14 milhões de euros de bacalhau para o nosso país.)
A origem dos produtos que tradicionalmente chegam à nossa mesa no Natal reflecte as voltas do comércio internacional e as áreas mais vulneráveis da nossa dependência alimentar. Portugal tinha há cinco anos um grau de auto-suficiência alimentar pouco acima de 80%, resultante de autonomia nos ovos, no arroz, no vinho ou na fruta e o défice crónico e perigoso em cereais e leguminosas.

O cardápio da consoada amplia um pouco o peso das fragilidades. O grão-de-bico que acompanha o bacalhau norueguês vem de três continentes (14% é importado da Índia) e o trigo do pão que serve para as fatias douradas é provavelmente francês ou alemão. O azeite pode muito bem ser espanhol – Portugal produz muito, exporta no segmento mais alto e importa a preço mais baixo–, tal como as batatas que rega.

No açúcar, omnipresente nas sobremesas, a maioria é refinada cá, mas também pode ser importado de Espanha – e Cuba. Um produto onde há poucas dúvidas? O vinho – Portugal é mais do que auto-suficiente e os portugueses compram esmagadoramente vinhos do seu país.

BACALHAU - Noruega
A origem real de mais de dois terços do bacalhau é a Noruega, mas Suécia, Islândia e Rússia também pesam. 

OVOS - Portugal
O ovo no seu prato foi quase de certeza produzido no País, que é exportador de ovos.

GRÃO-DE-BICO - Canadá
90% do grão-de-bico vem de longe: Canadá, Argentina e México valem 67% das importações. Da Índia chegam 14%.

AZEITE - Espanha
Portugal produz para o que gasta mas... exporta muito e tem que importar muito: 99% é de Espanha. Mais de 50% do azeite que usamos será espanhol. 

ARROZ - Portugal
No arroz-doce, a principal matéria-prima vem quase de certeza do auto-suficiente Portugal. A canela vem de fora. 

FRUTOS SECOS - Portugal 
Nas nozes, pinhões ou amêndoas, metade da produção é exportada e o que fica abastece 47% do que gastamos.
O resto vem sobretudo de Espanha. Nos frutos secos importamos mais de 70%.

PÃO - França
Cerca de 90% do pão que consumimos é feito com cereal importado. No trigo mole, França é a principal origem. 

BATATA - Espanha
63% da batata vem de fora: Espanha (41% importações) e França (38%) são as principais origens. 

CABRITO - Portugal
O cabrito típico do almoço de dia 25 vem quase de certeza de produtores portugueses: abastecem 80% do consumo.

AÇÚCAR - Portugal
A maior parte do açúcar que as famílias portuguesas compram é refinado em Portugal. Espanha domina a importação e Cuba vem em segundo.

VINHO - Portugal
Os vinhos portugueses dominam – e o Alentejo, com maiores volumes, vale 50% das vendas fora dos restaurantes.

QUEIJO - Portugal
Quase dois terços do queijo consumido é de produção portuguesa. Espanha domina as importações (43%).


www.sabado.pt

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