Próximo ao rio Sepik, nas montanhas da Papua-Nova Guiné, na Oceania, distante da cidade mais próxima através de 10 horas de canoagem, vive a tribo Kaningara. Seus membros são conhecidos como homens-crocodilos pois a tribo venera o crocodilo como um deus da natureza; considerando que residem em uma área do rio Sepik que tem mais de 1.100 km de extensão – local costumeiro para inundações e repleto desse animal venerado.
Residindo em ocas estrategicamente alojadas nos altos das montanhas e sobrevivendo da agricultura de subsistência, a tribo instala rituais de escarificação/flagelação, extremamente dolorosos – para marcar o processo de passagem do que conhecemos como época adolescente para a formação do homem adulto, que terá então, capacidade para proteger o bando.
Inicialmente os jovens são isolados por seis semanas em uma oca que fica no centro da aldeia, conhecida como “Casa dos Espíritos”, na qual somente podem adentrar outros homens da tribo que já tenham passado pelo ritual.
Durante essas semanas, esses jovens aprendem sobre a existência das coisas, através dos mais velhos, pois acreditam que o conhecimento é o que diferencia o jovem do homem.
Durante os dias finais, um crocodilo é capturado vivo e utilizado para acompanhar o ritual definitivo de escarificação, enquanto mulheres e crianças dançam e cantam.
Algumas fontes de pesquisa apontam que como parte desse processo, antes da escarificação ocorreria uma longa sessão de humilhação para testar a resistência e tenacidade dos jovens, na qual são tratados como mulheres e ridicularizados por toda tribo.
Finalmente avançam para a última etapa e a mais dolorosa, na qual cortes profundos são feitos no peito, mamilos, ombros, costas, braços, partes traseiras das coxas e nádegas dos indivíduos, imitando e reproduzindo desenhos de traços pequenos e intercalados que lembram as incongruências do couro dos crocodilos. A simbologia desse processo de transição que assemelha-se a uma tortura, dentre outras coisas, representa o ato do sangramento como a desconexão com o sangue materno. Geralmente o indivíduo submetido a esse ritual é acompanhado de um tio materno que fica com a missão de limpar o corpo do jovem, como ato simbólico para reinserção do sangue na linhagem familiar.
O ritual costuma levar duas horas em média, na qual as mulheres e crianças continuam realizando cânticos como forma de distrair os indivíduos, os ajudando a suportarem o processo, visto não ser utilizado qualquer tipo de anestésico.
Inicialmente no peito, em torno dos mamilos, desenham os olhos do crocodilo. Na região do abdômen são feitas as narinas, e nas costas, pernas (parte traseira) e nádegas – o lombo e rabo do crocodilo. Os desenhos variam em formatos, em muitos casos cobrindo totalmente os ombros e as costas.
Inicialmente no peito, em torno dos mamilos, desenham os olhos do crocodilo. Na região do abdômen são feitas as narinas, e nas costas, pernas (parte traseira) e nádegas – o lombo e rabo do crocodilo. Os desenhos variam em formatos, em muitos casos cobrindo totalmente os ombros e as costas.
Após finalizado o processo de escarificação, os agora homens da tribo – homens crocodilos, retornam para frente da grande oca, para serem contemplados pelos outros membros.
Ao longo das semanas, tratam as feridas profundas com óleo de palmeira para conter o sangramento. Por fim, para prover queloides maiores, mais salientes, os homens tomam banho em um rio lamacento, com intuito de causar infecção nas feridas, aumentando o tempo de recuperação e consequentemente o tamanho das cicatrizes.
Finalmente, após todo ritual excruciante, os membros da Kaningara estão oficialmente prontos para passar por qualquer coisa.
Ao longo das semanas, tratam as feridas profundas com óleo de palmeira para conter o sangramento. Por fim, para prover queloides maiores, mais salientes, os homens tomam banho em um rio lamacento, com intuito de causar infecção nas feridas, aumentando o tempo de recuperação e consequentemente o tamanho das cicatrizes.
Finalmente, após todo ritual excruciante, os membros da Kaningara estão oficialmente prontos para passar por qualquer coisa.
Observação: Muitas tribos africanas praticam rituais semelhantes de escarificação com cortes, em alguns casos denotando não somente o ritual de transição para a vida adulta, mas desenhos que irão distinguir diferenças sociais entre os membros da tribo, questões envolvendo beleza, e mesmo rituais de preparo para guerra.
Vídeo curto em inglês da National Geographic sobre o ritual:
Bônus Adicional: Tribo na Indonésia que pratica o cinzelamento dos dentes das mulheres.
Mulheres de vilas rurais na Indonésia após passarem por esse ritual de cinzelar os dentes (esculpir) em formato dos dentes de tubarões, são tidas como absurdamente lindas. Em Mantawaian, a esposa do chefe da aldeia, mesmo tendo evitado na adolescência passar por tal ritual, acabou submetida, por sua posição social como esposa do chefe, ao cinzelamento dos dentes para ficar mais bonita.
Os ideais de beleza dessa região da Sumatra vão além de questões do corpo. Eles travestem transformações superficiais de rituais envolvendo não somente a questão externa do corpo, conectando à ligação com a alma, buscando o equilíbrio. Acreditam que a região onde vivem era antes dividida entre espíritos e seres humanos, e que existe uma ameaça de voltar a reinar o mundo do espíritos. Em outras palavras, o equilíbrio entre o corpo e alma proveria felicidade e satisfação (incluso igualmente tatuagens), portanto uma forma de afastar a morte.
Voltando a esposa do chefe da aldeia, o marido solicitou que ela passasse pelo processo. Afiar os dentes sem anestesia como recomenda o figurino desse ritual é extremamente doloroso.
Para passar pelo processo, a mesma foi até a casa comunal da aldeia, e nervosa e ao mesmo tempo ansiosa, relata não estar preocupada com a dor, pois segundo ela, se pensar na dor, não haverá mais beleza.
O “dentista” afia o cinzel e esculpe os dentes da esposa do chefe. Após terminado, ela recebe uma banana verde para mastigar e aliviar a dor. Ela se mostra aliviada e realizada, dizendo no fim do ritual que está feliz pois agora está mais bonita para o marido.
Para passar pelo processo, a mesma foi até a casa comunal da aldeia, e nervosa e ao mesmo tempo ansiosa, relata não estar preocupada com a dor, pois segundo ela, se pensar na dor, não haverá mais beleza.
O “dentista” afia o cinzel e esculpe os dentes da esposa do chefe. Após terminado, ela recebe uma banana verde para mastigar e aliviar a dor. Ela se mostra aliviada e realizada, dizendo no fim do ritual que está feliz pois agora está mais bonita para o marido.
Vídeo curto em inglês da National Geographic a respeito:
Bônus Final: Escarificação explicitamente como forma de arte no corpo.
Escarificação geralmente refere-se ao ato de cortar e esperar cicatrização formando desenhos ou retirar pedaços de pele, igualmente desenhando figuras desejadas no corpo.
Há ainda outros métodos de escarificação, como escarificação química, na qual é demarcada a área com o desenho e o restante das brechas são isoladas com produtos como vaselina. Geralmente se utiliza produtos oxidantes que após o procedimento de poucos minutos, é retirado com grandes quantidades de água, no processo tido como lavagem. Esse tipo de escarificação é estupidamente dolorosa e perigosa comparado a dor da escarificação mais comum com cortes. Além de apresentar muito mais riscos à saúde.
Há ainda outros métodos de escarificação, como escarificação química, na qual é demarcada a área com o desenho e o restante das brechas são isoladas com produtos como vaselina. Geralmente se utiliza produtos oxidantes que após o procedimento de poucos minutos, é retirado com grandes quantidades de água, no processo tido como lavagem. Esse tipo de escarificação é estupidamente dolorosa e perigosa comparado a dor da escarificação mais comum com cortes. Além de apresentar muito mais riscos à saúde.
Escarificação por abrasão é outro método destruidoramente doloroso, e considerado muito raro. Nesse método se utiliza um objeto cortante para “roer” a pele, formando o desenho desejado. O que causa muitos resíduos com sangue e pedaços de pele, tornando o processo muito trabalhoso, mais lento e consequentemente estendendo a dor à níveis surreais.
Escarificação com máquina de tatuagem é feita com a máquina de tatuagem, porém sem uso de tinta na agulha. Nesse processo passa-se a agulha várias vezes até formar o desenho; desenvolvendo uma cicatriz mais fina, quase invisível porém muito mais trabalhada justamente pelos detalhes que são possíveis ser feitos com a ponta de uma agulha.
Via de regra, assim como no processo dos Homens crocodilos, os praticantes de escarificações do mundo moderno buscam as queloides para ter um aspecto mais sobressalente das cicatrizes, utilizando produtos ácidos no processo de cicatrização como sucos de frutas ácidas e mesmo pasta de dente; assim retardando a cicatrização e aumentando as marcas.
Abaixo algumas imagens de Escarificação como forma de arte corporal:
www.issoebizarro.com
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