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quarta-feira, 1 de novembro de 2017

SÍFILIS ESSA TERRÍVEL DOENÇA - A ORIGEM (atenção contém imagens que podem ferir determinadas susceptibilidades)


A sífilis é uma patologia infecto-contagiosa transmitida por via sexual e causada por uma bactéria (Treponema Pallidum). A principal via de transmissão é através do contato sexual, mas também pode ser transmitida da mãe para o feto durante a gravidez ou no nascimento, resultando em sífilis congênita.
Embora a história da sífilis tenha sido bastante estudada, a sua verdadeira origem ainda permanece desconhecida. Conforme o tempo passou, a doença foi associada às relações sexuais e transformou-se e uma das principais pragas mundiais. Era vista com preconceito e como um mal pecaminoso culminando em grandes epidemias pelo mundo.
Sífilis com ulceração e necrose do osso frontal.
Sífilis com ulceração e necrose do osso frontal.
Várias teorias a respeito da origem da sífilis tem sido propostas. Tais possibilidades destacam três pontos diferentes para a origem geográfica da doença. Estas hipóteses geográficas têm como referência a América, África e Ásia. Também existe a possibilidade de ter origem na Europa, embora não tenha sido reconhecida.
A primeira hipótese é a mais aceita por historiadores e antropólogos, ou seja, que a sífilis esteve presente entre os nativos da América antes da chegada dos europeus, isso se sustenta como a existência de alterações ósseas de natureza sifilítica em fósseis americanos datados da época pré-colombiana (1492) e também, a constatação do início das epidemias da doença na Europa no século XV onde passou a ser conhecida.
A primeira hipótese é que a sífilis seria proveniente de mutações e adaptações sofridas por outras espécies da bactéria treponemas do continente africano.  E a terceira linha pensante, que não se sustenta nos dias de hoje, acredita que a doença seja uma punição divina a promiscuidade dos homens.
Fotografia de um nativo americano (1880), que segundo estudos, faz parte da raça que disseminou a doença para a Europa.
Fotografia de um nativo americano (1880), que segundo estudos, faz parte da raça que disseminou a doença para a Europa.
O cenário europeu da época era retratado por epidemias de diversas doenças, entre elas a sífilis, que aterrorizou a Europa até o final do século XVIII, dizimando uma grande parte da população européia ao longo de décadas. Em especial, no caso da sífilis, este fato deu-se principalmente devido a mobilidade dos europeus no final do séculos XV, no desbravamento de diversas regiões supostamente contaminadas pela bactéria, nas quais o objetivo dessas expedições seriam a conquista de novos rumos econômicos para seus países.
O contato entre colonizadores e nativos teria dado início a uma troca não apenas de comunicação de culturas, mas também de doenças, entre as quais a maioria delas teriam sido disseminadas aos europeus pelos índios americanos. Viriam então à América a varíola, a gripe, a tuberculose, a peste negra, o sarampo e outras doenças que fariam parte da herança européia.

Os registros revelam que após o retorno de embarcações colombianas e espanholas ao seu continente de origem, as principais suspeitas sobre a disseminação da doença na Europa haveria se instalado. A partir deste momento, teriam surgidos os primeiros surtos da doença em solo europeu. A doença seria então associada aos desejos carnais e ao pecado. Inclusive, neste aspecto, a sífilis também produziu reflexões na arte européia dos séculos medievais, revelada em afrescos como um símbolo de amor associado aos males da carne.
O rápido contágio teria passado por cidades portuárias, entre marinheiro e prostitutas, espalhando-se através de viajantes. Assim muitas cidades da Europa sofreram deste flagelo através do contato sexual promíscuo de militares revolucionários.

“Os aspecto monstruoso delatavam atitudes pecaminosas. Os prostíbulos eram fontes potenciais da doença. A doença recebia denominações diferentes em áreas distintas. Os napolitanos chamavam de “doença francesa”, estes passavam a bola para a Espanha como a “doença espanhola”, que por sua vez, a devolviam como “a doença napolitana”. Uma doença oriunda do pecado, estava sempre associada ao vizinho. Os doentes recolhiam-se nas suas casas com vergonha do aspecto repugnante”.
(Stefan Cunha Ujvari, 2009)
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A imagem acima mostra um caso de sífilis congênita (descrita na introdução). A infecção do embrião pode ocorrer em qualquer fase gestacional ou estágio de sífilis na mãe e a duração da exposição do feto no útero.
Era preocupante o crescimento da endemia sifilítica do século XIX. Em contrapartida a medicina se desenvolvia, e a síntese das primeiras drogas tornava-se realidade. O maior impacto talvez tenha sido a introdução da penicilina que, por sua eficácia, fez com que muitos pensassem que a doença estivesse controlada, e resultando na diminuição do interesse por seu estudo e controle.

Mercúrio, arsênico, bismuto e iodetos foram inicialmente usados na tentativa de tratar a sífilis, mas mostraram baixa eficácia, toxidade e dificuldades operacionais. Também mostraram pouca eficácia nos tratamentos que, inspirados na pouca resistência do Trepanema Pallidum ao calor, preconizavam o aumento da temperatura corporal por meios físicos como banhos quentes de vapor ou com a inoculação de plasmódios na circulação.
A crescente preocupação com o aumento dos casos mobilizou o trabalho de médicos e cientistas, entre eles, Paul Erlich, que em 1909, após 605 tentativas de modificar o arsênico, sintetizou um composto que foi denominado composto 606 ou Salvarsan, o primeiro quimioterápico da história da medicina.
A sífilis congênita, muitas vezes criava deformidades horrendas, incluindo cegueira, surdez e perda terrível de características faciais.
A sífilis congênita, muitas vezes criava deformidades horrendas, incluindo cegueira, surdez e perda terrível de características faciais.
Em 1928, a descoberta do poder bactericida do fungo Penicilium Notatus, por Fleming, iria modificar a história da sífilis e de outras doenças infecciosas. A penicilina age interferindo na síntese do peptidoglicano, componente da parede celular do Treponema Pallidum. O resultado é a entrada de água no Treponema, o que acaba por destruí-lo.
O objetivo do controle da sífilis é a interrupção da cadeia de transmissão e a prevenção de novos casos. Evitar a transmissão da doença consiste na detecção e no tratamento precoce e adequado do paciente e do parceiro, ou parceiros. Na detecção de casos e a introdução do teste rápido em parceiros de pacientes ou de gestantes poderá ser muito importante. O tratamento adequado consiste no emprego de penicilina como primeira escolha e as doses adequadas. Em situações especiais, como aumento localizado do número de casos, o tratamento profilático poderá ser avaliado.
Uma das vítimas mais famosas da sífilis foi o pensador e filósofo Nietzsche, que provavelmente contraiu a doença em alguma de suas aventuras em um bordel. A doença venérea até então incurável e cujo um dos estados finais inclui a demência. Submerso na solidão e no sofrimento, ele isolou-se em sua casa até falecer no da 25 de agosto de 1900.
Uma das últimas fotos de Nietzsche em vida.
Uma das últimas fotos de Nietzsche em vida.


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