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quarta-feira, 29 de novembro de 2017

USOS, COSTUMES E TRADIÇÕES POPULARES


HÁ OS QUE SÃO AMIGOS, PERCURSORES, AMAM OS COSTUMES, OS USOS, A POESIA, AS TRADIÇÕES DO SEU POVO. A CULTURA POPULAR.
HÁ SIM SENHOR !

HÁ QUEM AS ENCARNE NATURALMENTE E NUNCA SE DISPA DESSA HERANÇA, DESSE SENTIR, DESSA MANEIRA DE ESTAR NA SUA TERRA, NO SEU PAÍS, NO MUNDO.

HONRAR, DIFUNDIR, LUTAR PARA QUE PREVALEÇAM E MEREÇAM O RECONHECIMENTO ENTRE FRONTEIRAS E FORA DELAS É DIFÍCIL MAS É UM ACTO DE CIDADANIA, DE IDENTIDADE, DE AMOR AO SEU POVO

TAMBÉM HÁ QUEM DELAS SE SIRVA, TAMBÉM HÁ QUEM NÃO AS SINTA, NÃO AS TENHA DEBAIXO DA PELE E APAREÇA COMO PROTAGONISTA PORQUE LHES É LUCRATIVO, PORQUE ESTÁ NA MODA, PORQUE FAZ PARECER QUE ABSORVEM O PULSAR DA SUA GENTE, O SEU PERCURSO HISTÓRICO.

QUANDO NÃO SE SENTE VERDADEIRAMENTE A NOSSA GENTE CEDO A NOSSA GENTE NÃO NOS SENTE A NÓS E NOS ESQUECE..
António Garrochinho

Lembro aqui Michell Giacometti um homem que amou Portugal E que não sendo de nacionalidade portuguesa muito fez pela cultura tradicional do povo português principalmente a cultura das gentes esquecidas do interior do país trazendo ao conhecimento de todos a riqueza cultural das gentes mais simples..
Michel Giacometti
Nascimento 8 de janeiro de 1929
Córsega, França
Morte 24 de novembro de 1990 (61 anos)
Faro, Portugal
Nacionalidade França
Michel Giacometti foi um etnomusicólogo corso que fez importantes recolhas etno-musicais em Portugal.
Existe na freguesia da Quinta do Conde, em Sesimbra, uma escola do ensino secundário com o seu nome.
Tendo frequentado o Museu do Homem em Paris que o inspirou no seu gosto pela etnologia, Giacometti interessou-se particularmente pela música tradicional portuguesa: no museu encontravam-se arquivados alguns dos seus registos. É nessa época pessoa estimada no seu país, um « herói nacional », « um dos cérebros que levou à derrocada o regime reinante e que, por sua conta, organizou por entre riscos e perigos a fuga de milhares de militantes clandestinos, ao ponto ser preso ».
Veio viver para Portugal em finais de 1959. Veio doente, com tuberculose, para um país em que imperava uma das ditaduras típicas da época, serôdia e hipócrita, surrateiramente mais branda que aquela que assolava a terra de onde amargoradamente vinha. Antes de chegar, empenhara-se na Missão Mediterrâneo (Mission Méditerranée 56, ano de 1956), trabalho de estudo e recolha da música tradicional das ilhas do território onde nascera. Uma vez chegado, o cheiro do mar leva-o a instalar-se no piso mais elevado de um edifício ribeirinho de Cascais, no meio de casas de pescadores.
Pouco depois de chegar, apresentou à Fundação Calouste Gulbenkian, à recentemente criada Comissão de Etnomusicologia, um projecto de recolha de música tradicional no Nordeste Transmontano, pedindo apoio, que lhe foi negado. Manuela Perdigão, que trabalhava na fundação, passou-lhe uma carta de recomendação dirigida a Fernando Lopes Graça. A 23 de maio de 1960, perante tais fracassos, Giacometti informou Lopes Graça que avançaria sozinho, com alguns apoios nacionais e internacionais. Tenaz, consegue fundar os Arquivos Sonoros Portugueses (outubro de 1960).
Produz então uma série de programas radiofónicos sobre a música tradicional portuguesa para a Emissora Nacional, Radio France, WDR (Rádio da Alemanha Ocidental), Sveriges Riskradio (Estação pública de rádio da Suécia) .
Fixa-se entretanto em Bragança. Percorrendo o país nas décadas seguintes, até 1982, gravou músicas tradicionais de cantores do povo, que as usava como incentivo lúdico durante o trabalho, tornando-o mais leve e na prática mais eficaz. Seduzido pelo encanto do artifício, acaba por lançar, com a colaboração de Fernando Lopes Graça, a "Antologia da Música Regional Portuguesa", os conhecidos “discos de sarapilheira”, colecção editada pelos Arquivos Sonoros Portugueses.
A partir de 1970 dirigiu na RTP, durante três anos, o programa O Povo que Canta , com filmes realizados por Alfredo Tropa, dando assim a conhecer ao país uma considerável diversidade de cantos de trabalho, um frágil património imaterial em vias de extinção.
Em 1981 foi editado pelo Círculo de Leitores o "Cancioneiro Popular Português", que contou também com a colaboração de Fernando Lopes Graça. Em 1987 foi inaugurado em Setúbal, por sua inspiração, o Museu do Trabalho . O museu benificiou bastante da intervenção de Giacometti graças à exposição "O Trabalho faz o Homem". Reúne uma vasta colecção de instrumentos agrícolas e de objectos por ele recolhidos e passa a denominar-se Museu do Trabalho Michel Giacometti. Renovado, abre a 18 de Maio de 1995 (Ver imagem Museu do Trabalho vista exterior).
Espólio de Giacometti pode encontrar-se também noutros locais, como no Museu Municipal de Ferreira do Alentejo, no Museu da Música Portuguesa (Casa Verdades de Faria, no Monte Estoril) e ainda no Museu Nacional de Etnologia.
E visto que na tradição popular a música não dispensa a palavra, envolve-se ainda na pesquisa e salvaguarda da literatura oral, a par com a musical, país fora, a partir de 1965. Integra a equipa de investigadores da Faculdade de Letras de Lisboa, Instituto de Geografia, no projecto Linha de Acção de Recolha e Estudo da Literatura Popular. Dirige em 1975 o Plano de Trabalho e Cultura (recuperar a cultura popular portuguesa, com estudantes do Serviço Cívico e com a colaboração dos professores Jorge Gaspar, Machado Guerreiro e Manuel Viegas Guerreiro)
Ilustrando noutra perspectiva os méritos do seu trabalho, é realizado em 1997 o documentário Polifonias - Pace é Saluta, Michel Giacometti, de Pierre-Marie Goulet . Em 2004 é lançado o livro "Michel Giacometti - caminho para um museu", aquando de uma exposição organizada pela Câmara Municipal de Cascais. Em 2005 tem lugar na Córsega, no Festival Cantares de Mulheres e Instrumentos do Mundo, uma homenagem a Michel Giacometti, que conta com a participação de Amélia Muge, Gaiteiros de Lisboa e Mafalda Arnauth. Ilustrando ainda tal trabalho, é inaugurada a exposição "O Campo e o Canto" com fotografias de António Cunha.
O Sector Intelectual de Coimbra do Partido Comunista Português organiza um "Reencontro com Giacometti", num ciclo de comemorações, entre janeiro e outubro de 2009, cinquenta anos após a sua chegada a Portugal e oitenta depois do seu nascimento. Giacometti, «o andarilho», morre em Faro no dia 24 de Novembro de 1990. Está sepultado, por vontade sua, na terra seca da pequena aldeia de Peroguarda, no concelho de Ferreira do Alentejo.

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