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segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Descoberta "colossal" sobre Marcelo Rebelo de Sousa

Os sinais de que Marcelo Rebelo de Sousa quer o mínimo de presença de Passos Coelho na campanha das presidenciais não são de agora. Há muito que ficou claro que o candidato do centro-direita se prefere apresentar distante dos líderes dos partidos que o apoiam, o PSD e o CDS. Mas agora Marcelo tem mais um argumento: as eleições autárquicas intercalares em São João da Madeira cuja campanha coincide com a das presidenciais.
"Há um problema que é o seguinte. Há duas campanhas simultâneas, a presidencial e as autárquicas em São João da Madeira. Talvez seja sensato não misturar a campanha partidária e a não partidária”, justificava ontem Rebelo de Sousa, depois de mais uma entrevista em que deixou claro não ter muita vontade de aparecer na fotografia ao lado de Passos Coelho.
Estas eleições em São João da Madeira acontecem fora do calendário normal – as autárquicas serão em 2017 – porque a renúncia do presidente da Câmara, Ricardo Figueiredo, e de todos os candidatos da lista do PSD àquela autarquia obrigam a uma nova ida às urnas no concelho a meio do mandato.
Agora, Marcelo acha que estas eleições intercalares são motivo suficiente para o líder do PSD estar afastado da campanha das presidenciais de 24 de janeiro. A ideia do comentador é que a intervenção de Passos poderia “misturar” uma eleição partidária autárquica com as presidenciais que se querem suprapartidárias.
Marcelo sem tempo para falar com Passos
Ao Público, o candidato presidencial assegurou que a pouco mais de uma semana do início oficial da campanha ainda não decidiu se quer ter Passos e Portas por perto.
“Não. Não, não, não, não. Só depois de eu acabar de definir a volta é que verei se faz sentido contar com a presença de dirigentes partidários. A candidatura é independente e tem-se movido à margem da participação dos responsáveis dos partidos que vieram mais tarde a declarar-lhe o apoio”, sublinhou depois de lhe ser perguntado se já tinha definido o tipo de participação de Passos Coelho e Paulo Portas na sua campanha.
De resto, Marcelo Rebelo de Sousa diz que nem tem sido possível falar com o líder social-democrata por estes dias, mas que entendeu das palavras do próprio que Passos preferia também manter-se à margem: “Confesso que não tem sido possível [falar com Passos], tão ocupado tenho andado. Mas também penso que interpretei bem as palavras de Passos Coelho: quando disse que, por ele, não fazia questão de participar numa campanha que é independente, deve ter querido dizer que preferia manter-se distanciado da campanha presidencial”.
Os sinais de afastamento de Passos
Ao longo da pré-campanha Marcelo tem, de resto, preferido escolher temas que o colocam mais próximo das preocupações do centro-esquerda do que das dos partidos que o apoiam. Sinal disso foi a escolha da sua mandatária nacional. A jovem cientista Maria Pereira, a trabalhar em França, encaixa bem numa das bandeiras da esquerda contra o Governo Passos/Portas, que foi repetidas vezes acusado de cortar o financiamento das bolsas de investigação científica da FCT, levando muitos cientistas a ter de emigrar.
Também o caso da morte do jovem de 29 anos que não foi operado no São José por falta de neurologistas ao fim-de-semana foi trazido para a campanha pelo candidato, que fez até questão de visitar as urgências daquela unidade para chamar a atenção para um problema que a esquerda considera ser fruto dos cortes no Serviço Nacional de Saúde decretados pelo Governo de Passos Coelho.
Marcelo tem mesmo apostado em mostrar que não trará problemas ao Governo de Costa, ficando ao primeiro-ministro a prorrogativa de manter os limites da relação com o Presidente.
“A minha predisposição é esta: ajudar o mais possível o desempenho de funções pelo Governo. Se o primeiro-ministro entende que é útil, muito bem, se não entende que seja útil, muito mal”, afirmou ao Público este domingo.
Não é, porém, apenas Marcelo que tem mostrado distanciamento em relação a Passos e Portas. Também os líderes de PSD e CDS optaram por “recomendar” o antigo comentador televisivo aos militantes dos seus partidos, um verbo considerado pouco afirmativo para expressar o apoio ao candidato do centro-direita.

Fonte: SOL

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