DITADURA SÁDICA: O CASO ORLANDO SABINO
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Daqui a poucos dias, no próximo dia 1º de abril (e não em 31 de março, como os saudosos gostam de afirmar, constrangidos) completar-se-ão 51 anos do famigerado golpe empresarial-militar no Brasil. De modo geral, o episódio do golpe e alguns de seus desdobramentos mais evidentes são conhecidos de grande parte da população brasileira. Mas ainda há diversos fatos que, devido ao caráter secreto das ações e da falta de liberdade de imprensa de então, permanecem nas sombras, sendo muito vagarosamente divulgados ao conhecimento da opinião pública. Certamente é o caso do infeliz Orlando Sabino, e seu drama cruel vivido nos anos 70, em Minas.
Assassinatos em série no Triângulo Mineiro

O que de bom o livro traz mesmo é a história real de um dos crimes mais sádicos cometidos pela ditadura empresarial-militar brasileira. O caso de Orlando Sabino, conhecido no começo dos anos 70 como O Monstro do Triângulo Mineiro, por ser condenado como culpado pelos assassinatos em série que ocorreram na região no ano de 1972, passando quase 40 anos preso num manicômio de Barbacena por conta disso.
Na verdade, o pobre Orlando Sabino, negro, doente mental, analfabeto, sem parentes localizáveis, serviu perfeitamente de bode expiatório numa trama da polícia mineira junto com o Exército, que pretendia desviar a atenção da opinião pública da caça aos comunistas e ocupação militar que pretendiam promover na região, rota dos guerrilheiros do Araguaia.
Crimes além da capacidade do suposto criminoso
Logo que foi divulgada a prisão de Orlando em 1973 e as pessoas puderam saber os detalhes dos crimes e quem era de fato o Monstro de Capinópolis, ficou claro que aquele sujeito não poderia ser o autor de crimes tão cruéis e sofisticados, (apesar de, confuso, ter assumido a culpa em todos os depoimentos) em várias regiões do Triângulo Mineiro, alguns com espaço de minutos entre eles. Ainda mais porque a perícia de então, corajosamente, divulgou que os assassinatos foram cometidos com arma de calibre 44, exclusivo das Forças Armadas.
Certamente, Orlando Sabino foi usado impiedosamente pelos militares na busca de seus fins. Mais um típico exemplo de uma era onde o Estado de Direito inexistente permitia abusos inacreditáveis de uma instituição repressiva e cruel, que não se furtava a usar vidas humanas inocentes para seus intentos. Que as pessoas hoje possam ser capazes de conhecer tais episódios lamentáveis antes de pedir a volta dos militares ao poder.
diario-de-trabalho.blogspot.com.br
1 comentário:
Como esta haverá muitas mais histórias verdadeiras para contar lá e cá que ainda muita gente não sabe, também falta nos nossos jornais e até nos livros que se publicam todos os dias, quem escreva a realidade do nosso país, e de quem o (des)governa, esperemos que um dia se escreva e se saiba tudo, quando os jornalistas forem isentos e integros.
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